Por Diego Langwinski* – Uma fazenda leiteira depende muito da produção de leite para se garantir rentável e sustentável. O mesmo ciclo se repete ano após ano: lactação, prenhez, secagem, pré-parto, parto e nova fase de lactação. Mas, o que deve ser feito para essa engrenagem funcionar e fazer com que suas vacas decolem e “voem” na produtividade de leite alcançando melhores picos de lactação?
O grande segredo está na fase de pré-parto, um momento que ainda possui grandes desafios aos produtores e seus rebanhos e que inicia 21 dias antes do parto.
O primeiro momento desafiador que podemos mencionar é a separação dos animais para o lote de pré-parto. Sabemos que na maioria das fazendas existem momentos em que este lote pode ter poucos ou muitos animais. Estes desajustes criam algumas dificuldades de manejo a serem superadas, mas esta é uma questão que está muito mais relacionada com fatores externos e, ou, que fazem parte do planejamento da fazenda, que precisa organizar para que os animais tenham suas crias na época onde os animais são mais eficientes na transformação do alimento em leite.
Outro grande desafio é oferta de dietas balanceadas durante o período seco, sobretudo, nos últimos 21 dias que antecedem ao parto. Nesta fase, dependendo da forma como o produtor de leite realiza a nutrição e manejo de seus animais, poderá ter aumento na produção de 2 a 3 litros de leite durante o pico de lactação. Além disso, estudos recentes apontam que, as bezerras que nascem destas vacas, recebendo as condições adequadas poderão também ter um potencial produtivo, no futuro, de cerca de 2 a 3 litros de leite a mais.
A pesquisa em vacas leiteiras durante o período de pré-parto, busca entender como os animais são influenciados pelo balanço negativo de cálcio e energia, além da relação dos mesmos com o sistema imune dos animais. Um status adequado de cálcio é fundamental para que o animal exerça funções básicas como, por exemplo, ser capaz de se erguer sozinho ou realizar as contrações ruminais. Esses dois pilares (energia e cálcio), sustentados por uma nutrição eficiente e rica, são essenciais para o terceiro pilar da tríade: a imunidade, que por consequência é reforçada.
Estes fatores auxiliam para que os animais cheguem ao dia zero, o momento do parto, mais saudáveis e dispostos a buscar alimentos para produzir leite de forma positiva, alcançando o teto máximo de sua produtividade. Mas, para isso, os cuidados no dia zero também não podem ser esquecidos, junto a uma fase de pré-parto muito bem feita. O manejo do local, a higiene e o conforto térmico, também são fatores que devem ser levados em consideração ao longo de todo o processo. Uma vaca mais sadia é o passaporte para o produtor ter mais rentabilidade na sua propriedade. Desta forma, o cuidado precisa ser integrado e completo.
Uma dica importante é compreender que para cada fase da vida dos bovinos de leite existe uma recomendação nutricional específica. Deixar os animais sob pastejo ou compartilhar a mesma dieta de lactação não é uma prática recomendada. Por exemplo, a quantidade de ração no pré-parto é 2 a 3 vezes menor do que as vacas em lactação. No entanto, a exigência nutricional de vitamina E é de 2 a 4 vezes maior para as vacas em pré-parto. Momentos diferentes, novas necessidades requerem reforço nutricional e de manejo ímpar. Somente quando isso for equilibrado para cada momento, a sua vaca terá potencial para alcançar voos mais altos na lactação e produção. E está aí o plano de vôo básico para você acelerar e fazer as suas vacas decolarem.
(*) Diego Langwinski é Consultor Técnico Nacional – Bovinos de Leite da Cargill Nutrição Animal