Por Heloiza Nascimento* – Na produção de suínos, a porca ocupa um papel central na disseminação ou no controle de doenças que acometem os animais. Isto porque trata-se de uma categoria que passa longo período no ciclo produtivo. Estas fêmeas muitas vezes, apresentam-se como animais assintomáticos, atuando como disseminadores de agentes invasores. Um bom exemplo disso é o que ocorre com o vírus da Influenza, transmitido para a prole por meio de secreções e aerossóis. Caso semelhante ocorre também com o Mycoplasma hyopneumoniae, causador da pneumonia enzootica (PE), em que as leitoas de primeiro parto oferecem mais risco à contaminação dos leitões. Sendo uma doença de curso lento, ainda que contaminados nos primeiros dias de vida, os leitões apresentarão sinais clínicos e lesões pulmonares nas fases de recria e terminação.
Por este motivo, a imunização das porcas tem um papel bastante importante. Primeiro, para protegê-la contra doenças que possam afetar sua própria saúde e segundo, para proteger a leitegada por meio da imunidade passiva, que é a transferência de anticorpos para os leitões pelo colostro. Com a vacinação, é possível também reduzir a excreção de alguns agentes infecciosos e, consequentemente proteger a prole.
Outro cuidado fundamental é o fornecimento da quantidade adequada de colostro aos leitões. Fato que tem se apresentado bastante desafiador devido ao crescente aumento do número de leitões vivos.
Ao se falar em falhas reprodutivas, erroneamente pensamos primeiramente nas causas sanitárias, e esquecemos dos prejuízos causados pelas deficiências em ambiência, manejo reprodutivo incorreto, doenças inespecíficas do trato urinário, SMMA (síndrome da mastite, metrite e agalaxia) e micotoxicoses, por exemplo. Tão importante quanto se preocupar com os possíveis problemas citados, é fundamental que os produtores tenham à mão uma boa vacina reprodutiva, que proteja contra o Parvovírus, a Erisipela e os principais sorovares de Leptospiras.
As bactérias Leptospiras mais comuns são Canicola, Pomona e Icterohaemorrhagiae. Colonizam múltiplos órgãos, incluindo os reprodutivos e provocam lesões que levam ao abortamento, natimortalidade e ao nascimento de neonatos debilitados.
Outro agente que requer atenção é o parvovirus suínos (PPV). Além de ser endêmico nas produções de suínos ao redor do mundo, pode ser eliminado em secreções e excreções da porca e contaminar o ambiente. Neste caso, leitoas é o grupo animal que pode ser mais afetado. Os problemas causados pelo parvovirus estão relacionados ao aumento de mumificados, aumento da taxa de retorno ao cio, leitegada de porte pequeno e, raramente, abortamento.
A erisipela, por sua vez, afeta animais em crescimento e adultos. Nas porcas, em casos agudos da doença, além das lesões clássicas de pele em forma de diamante, pode causar abortamento, aumento do número de mumificados e também infertilidade em machos. Nos casos crônicos causa lesões articulares e endocardite.
Proteger as fêmeas é fator fundamental para atingir índices reprodutivos satisfatórios e aumentar a produtividade do plantel. Para isso, um programa de vacinação do plantel reprodutivo deve receber atenção especial.
(*) Heloiza Nascimento é médica-veterinária formada pela UFV, com MBA em Marketing pela FGV. É mestranda em ciência animal pela UFMG. Atualmente, faz parte da equipe de assistentes técnicos de suínos da Zoetis.