No ramo agropecuário, elas correspondem a 22,24% do total de cooperativas existentes no País, de acordo com os dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Neste segmento, especificamente, estão 1.548 cooperativas e 943.054 associados. O sistema emprega diretamente 146.011 trabalhadores e chega a exportar US$ 4,417 bilhões (dado de 2010).
Entre os anos de 2000 e 2009, o número total cresceu 23%, passando de 5.903 para 7.261, enquanto o número de cooperados saltou de 4,6 para 8,2 milhões. Neste caso, consideram-se os 13 setores da economia em que participa o cooperativismo brasileiro.
Como forma de reconhecimento do papel desses diversos grupos para o desenvolvimento socioeconômico, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2012 como o “Ano Internacional das Cooperativas”. Entre os objetivos da entidade ao longo do período estão o aumento sobre a conscientização pública sobre as cooperativas e suas contribuições para o desenvolvimento socioeconômico e para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio; o incentivo de formação e o crescimento do cooperativismo, através do apoio governamental e estabelecimento de leis específicas que possam garantir a sustentabilidade do sistema de cooperação.
Um exemplo de sucesso no ramo do agronegócio do País está numa das cooperativas que inclusive já se tornou referência nacional e abre o calendário de feiras agropecuárias brasileiras. É a Coopavel Cooperativa Agroindustrial, sediada em Cascavel (PR). Durante o Show Rural 2012, realizado de 6 a 12 de fevereiro deste ano, a Revista Rural pôde fazer uma visita ao parque industrial da empresa e ver de perto todo o suporte técnico presente nas unidades de ração e abatedouro de frangos. Por essas unidades, já deu para perceber a atenção dada ao beneficiamento da produção dos 3.314 associados afiliados ao empreendimento.
Fundada em 15 de dezembro de 1970, a cooperativa se expandiu até chegar ao número de 24 filiais em 17 municípios das regiões oeste e sudoeste do Estado do Paraná. No ano passado, o grupo chegou à marca recorde de faturamento de R$ 1,2 bilhão, que representa um crescimento de 30,64% sobre o ano de 2010. Em termos de investimentos, ela mais que dobrou de um ano para o outro. Saiu de um aporte de R$ 22,6 milhões em 2010 para R$ 52,8 milhões em 2011 – crescimento de 133,63%.
Foco nos objetivos
Ao todo são 11 indústrias que fazem parte da estrutura econômica da empresa, nas áreas de produção de fertilizantes, sementes, rações para aves e suínos, carnes e derivados, laticínios, além de armazenagem e beneficiamento de grãos. Toda essa gama de atividades mostra o que a união de pequenos e médios produtores pode chegar a fazer. Para o diretor presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, foi da união de forças que a organização se transformou no que é hoje. “Nós aproveitamos do ponto forte da agricultura do oeste do Paraná que é a facilidade em se produzir alimentos. Aliado a isso, aproveitamos o ponto forte do agricultor que é a mão de obra. Foi então com a união desses dois pontos fortes que pudemos organizar numa cadeia produtiva. Esse é o cooperativismo”.
Através da cooperativa, pequenos e médios produtores podem chegar mais facilmente às demandas de mercado, com a oferta de produtos já beneficiados e industrializados. Nesse sentido, até a atividade do produtor se transforma para melhor. “Através de uma organização dos negócios são criadas as oportunidades para o pequeno agricultor”, diz Grolli. “Milho e soja não vai sustentar uma propriedade de 20 a 30 hectares, mas nela, além do estabelecimento desses cultivos, podem ser agregadas outras atividades como a criação de frangos, suínos e a pecuária leiteira, por exemplo. Isso ajudará a custear a manutenção do estabelecimento rural”.
É basicamente na geração de oportunidades que a Coopavel tem trabalhado para criar uma maior interação entre o cooperado dela e o mercado, levando para este um produto de qualidade e que atenda às necessidades do público consumidor tanto daqui como fora do País.
Espírito de equipe
Para Grolli, o fato de a organização ser uma cooperativa não quer dizer que esta não tenha de ser competitiva no mercado. A eficiência exigida é a mesma requerida nos grandes empreendimentos do agronegócio. Nesse sentido a Coopavel possui programas de treinamento e o desenvolvimento de cursos por universidade do próprio grupo.
No sentido de valorizar esse patrimônio humano tanto por parte dos trabalhadores a serviço da própria cooperativa quanto dos cooperados, a ideia pauta-se no trato mais coerente e eficaz para que a cooperativa não perca o caráter de unidade. “A organização de pessoas não é uma tarefa muito fácil”, avalia Grolli, “porque quando se faz isso há objetivos comuns, mas também há os interesses que acabam surgindo em cada integrante do grupo. Nesse caso é preciso administrar com cautela para resolver os entraves que possam surgir com o tempo, pelo próprio crescimento da cooperativa e o aparecimento de novas demandas”.
O representante da Coopavel faz uma analogia do comando da organização com o de uma equipe de futebol. Nela, por exemplo, não é só porque serão contratados 11 bons jogadores que você terá uma equipe campeã. O primordial é buscar o entrosamento entre esses 11 atletas e fazê-los perseguir um único objetivo – o gol. “Isso serve para ilustrar como a cooperativa administra a equipe com a qual atua. Temos de fazer então que essa equipe tenha sintonia”, frisa.
Incentivo ao triticultor
A sintonia mais recente que a Coopavel prepara-se para incentivar está ligada à triticultura paranaense – atividade que não tem dado muito ânimo aos produtores da região. De acordo com Grolli, em julho deste ano deve ser inaugurado o moinho da Coopavel para o beneficiamento do cereal produzido pelos cooperados. A capacidade é de 120 mil toneladas por ano, ou algo em torno de dois milhões de sacas de trigo moído.
“Este investimento será o ponto de compra do produto do cooperado”, afirma o diretor presidente da Coopavel. “Se o agricultor que produz trigo está com dificuldade de comercialização porque os moinhos nacionais tem dado preferência ao trigo importado, nós temos de tirar esse atravessador, fazendo então o nosso próprio moinho para vendermos a nossa farinha, genuinamente brasileira, e apresentar isso ao mercado com qualidade”.
Atuação da Coopavel
• Frigorífico de suínos, uma unidade. Abate 1.000 suínos por dia;
• Frigorífico de bovinos, uma unidade. Abate 200 bovinos por dia;
• Frigoríficos de aves, duas unidades. Abate de 200 mil frangos por dia;
• Indústria de laticínios, uma unidade. Processamento de 60 mil litros de leite ao dia;
• Indústria de ração bovina, uma unidade. Processamento de 15 mil toneladas de ração ao ano;
• Indústria de ração de aves e suínos, duas unidades. Processamento de 300 mil toneladas de ração ao ano;
• Indústria de esmagamento de soja, uma unidade. Processamento de 260 mil toneladas de soja ao ano;
• Indústria de fertilizantes, uma unidade. Processamento de 200 mil toneladas ao ano;
• Indústria de Embutidos de Carne, uma unidade. Processamento de sete mil toneladas ao ano;
• Moinho de trigo, uma unidade. Capacidade para processar 400 toneladas ao dia.
A Coopavel ainda tem uma estrutura de apoio e controle para o processamento e logística dos produtos industriais e in natura:
• Universidade Corporativa. Capacidade de atendimento 20 mil pessoas ao ano;
• Unidade de beneficiamento de sementes. Produção de 250 mil sacas por ano;
• Matrizeiro. Produção de 46 milhões de ovos ao ano;
• Incubatório. Produção de 59 milhões de pintainhos ao ano;
• Unidade de produção de leitão. Capacidade de 70 mil cabeças por ano (outra unidade está em construção com capacidade de 300 mil leitões por ano);
• Unidade de distribuição de calcário. Capacidade de 60 mil toneladas por ano;
• Laboratório de controle de qualidade;
• Frota de caminhões, com 240 veículos próprios.