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Agrishow: foi bem em 2012

A feira teve chuva e frio, mas superou as expectativas e atingiu R$ 2,15 bilhões. Em plena segunda-feira, dia 30 de abril, choveu bastante em Ribeirão Preto, a 317 quilômetros da capital do Estado do São Paulo (SP). Os dias subsequentes (até dia 4) seguiram-se moderadamente frios – nessa época, o município se caracteriza por muito calor e poeira, e por uma expressiva movimentação de pessoas vindas de diversas partes do País e do mundo. Este último aspecto é explicado pela realização da tradicional Feira Internacional da Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), que este ano estava na 19ª edição.

A mostra reúne o que há de alta tecnologia para o campo, seja em máquinas e implementos agrícolas, insumos, biotecnologia e equipamentos de suporte à atividade agropecuária, como demonstrações de campo e breves workshops sobre as novidades do setor. Com tantos atrativos, o evento trouxe a circulação de 152 mil visitantes durante todos os cinco dias de feira e chegou a movimentar cerca de R$ 2,15 bilhões. Em comparação à edição de 2011, o crescimento de público foi de 3,52% e o de negócios, 22,51%.

Setecentos e oitenta expositores estavam distribuídos nos segmentos de máquinas e implementos agrícolas, agricultura de precisão, armazenagem, ferramentas, pneus, irrigação, caminhões e transbordos, pecuária, máquinas para construção, aviação e agentes financeiros, o que estimulam e facilitam as vendas do evento. A Agrishow 2013 já tem data marcada, 29 de abril a 3 de maio.

Inovações

Entre os destaques deste ano, a visão do maquinário do futuro abriu espaço para se discutir quais os conceitos que o segmento terá de se adequar nos próximos 50 anos. Nesse sentido, a Valtra, pertencente ao Grupo AGCO, apresentou na feira o conceito Ants (formigas, em inglês). Pelo vídeo apresentado à imprensa, a ideia é de tratores mais flexíveis e que se adaptem aos implementos a serem utilizados. Os veículos se comunicariam entre si e poderiam ser comandados remotamente, além de se conectarem entre si, para formar uma máquina só.

“Trata-se apenas e uma exposição de conceitos que a marca poderá trabalhar daqui para frente”, diz Paulo Beraldi, diretor comercial da Valtra. “A operação remota de máquinas, por exemplo, é uma preocupação em função do déficit de mão de obra que o setor deverá ter futuramente. Além disso, a preconização sobre o bem-estar e a segurança do homem que comandará a máquina também são pontos a se destacar sobre essa tecnologia”.

Seguindo as tendências de Ants, a montadora anunciou o lançamento da Série S de tratores, que traz para realidade os conceitos de baixa emissão de poluentes e economia no uso de combustível. Os tratores S293 e S353, por exemplo, aliam motorização eletrônica e um sistema de gerenciamento inteligente, que busca o equilíbrio entre a potência e torque pode economizar até 16% no uso de combustível.

Outra máquina de futuro promissor (e bem mais próximo) traz uma nova concepção para a colheita de café. A New Holland é a empresa que trará essa novidade para os campos brasileiros. Trata-se da série de colhedoras polivalente Braud que efetua a colheita de uvas e olivas, e que deve receber adaptações para as lavouras de café. “O modelo VX7090 veio projetado especialmente para o trabalho de validação em operações de colheita do café durante a safra 2012”, afirma Luiz Miotto, especialista de produto da New Holland. “Além de ter capacidade de atuar colhendo, pode ser facilmente convertida para trabalhar na entressafra pulverizando e fazendo os tratos culturais das plantas”.

O sistema de colheita do equipamento é composto de bastões horizontais e uma esteira flexível que se encaixa à base da planta e permite um procedimento mais suave do produto. A máquina permite uma calibragem da intensidade da operação, o que proporciona uma tarefa seletiva ou total. Outro destaque da marca foi para as linhas de tratores de baixa potência TDF e TK, que têm como alvo o segmento de fruticultura.

Já a Case IH reforçou durante a Agrishow o lançamento do Programa Max Case IH, apresentado no Show Rural Coopavel deste ano. É um sistema de suporte avançado para atendimento de máquinas paradas no campo em função de problemas técnicos. Este prioriza as ocorrências e coloca em status de dedicação total todos os recursos da montadora na garantia de retorno ao trabalho no menor prazo possível.

“Quando o sistema é acionado”, explica Rafael Miotto, gerente de serviços da Case IH para a América Latina, “uma equipe dedicada analisa as informações, filtra e toma todas as ações necessárias, evitando qualquer perda de tempo no processo, desde a detecção da falha até a reparação. Todos os recursos existentes são aplicados”.

O programa é voltado para as colhedoras de cana A8000 e A8800, colheitadeiras de grãos Axial-Flow 8120 e 7120, colhedoras de algodão Cotton Express 620 e 420 e Module Express 635, as colhedoras de café Coffee Express 100 e 200, pulverizador Patriot 350 e tratores Steiger, Magnum e Puma, dentro do período de garantia.

Outro destaque da marca durante a feira foi o lançamento da linha de tratores Puma 195 e 210. A nova família de máquinas complementam o portfólio da empresa com tratores de potência nominal de 197 cavalos-vapor (cv) e 213 cv. O sistema de injeção eletrônica Commom Rail da série permite que as máquinas trabalhem em aplicações pesadas como plantio e preparo do solo com gradeamento e subsolagem sem perder rendimento e com garantia de baixo consumo de combustível.

Produtividade acelerada

Com a preocupação em se fazer mais em menos tempo possível, a John Deere apresenta os lançamentos da marca para dinamizar o trabalho agropecuário brasileiro através de produtos que preconizem a operação de tarefas em grandes áreas com o uso de poucos equipamentos. Um exemplo disso é o trator 9460R, com motor de 460 cv, que faz parte da série 9R. O modelo é do tipo articulado com chassis e eixos super-reforçados para trabalhar nas condições mais difíceis. A máquina possibilita um nível de produtividade que permite o uso de plantadeiras ou de implementos de preparo de maior porte, sem comprometer o desempenho.

Outro produto da John Deere nessa linha de raciocínio é a colheitadeira S680, que estreou na feira no oferecimento de alta performance na colheita com qualidade superior de grãos. Ela conta com um tanque graneleiro de 14 mil litros de capacidade e alta taxa de descarga, que alcança 135 litros/segundo, tanque de combustível de 1.250 litros e as vantagens da utilização da Plataforma Hydraflex Draper de 40 pés, como a flexibilidade da barra de corte e o rendimento operacional 10% superior ao sistema convencional de sem-fim.

Já para a marca Massey Ferguson, o destaque em alta eficiência se expressou em configurações de máquinas capazes de realizar diversas aplicações sem a necessidade de mudança de marchas, aliado a um piloto automático com precisão de 2,5 centímetros. O exemplo dessa tecnologia é a Série MF 8600 que é capaz de tracionar os maiores implementos do mercado em economia de combustível e melhor dirigibilidade em função da transmissão automática Dyna-VT.

“Com esta transmissão, o operador consegue obter o desempenho ideal em qualquer operação”, destaca Everton Pezzi, supervisor de marketing do produto tratores da Massey Ferguson. Segundo ele, o equipamento garante maior precisão no desenvolvimento da aplicação e também gera economia de combustível, uma vez que consegue a manutenção da velocidade e rotação do motor em um nível ideal à aplicação. “Mesmo o mais eficiente dos operadores não tem como manter o grau de precisão e perfomance que a transmissão Dyna-VT proporciona”, relata Pezzi.

Com atuação forte na área de plantio, a Jumil também enfatiza o maior desempenho na atividade com o lançamento da plantadora Exacta Terra. Os modelos JM 8080 PD Magnum e JM 8090 PD Exacta Terra Jumil buscam garantir eficiência na hora da semeadura com alcance de maior trabalho em menor tempo. Os implementos podem oferecer 29, 33 ou 39 linhas de plantio e estão equipados com cabeçalho telescópio e sistema de articulação que permite maior funcionalidade no processo de transporte. “É o implemento ideal para quem utiliza as tecnologias de agricultura de precisão, onde a fertilização é efetuada a lanço, em operação separada, ganhando com isto tempo e eficiência”, destaca o diretor presidente da empresa, Fabrício Morais.

Pecuária

Com os holofotes apontados para Ribeirão Preto, a atenção do segmento agropecuário se volta toda a este centro de referência em tecnologia no campo. Foi justamente pensando nisso que a Coimma tem se dedicado a apresentar novidades durante a mostra, com intuito de estar diante desse público que além de se interessar pela agricultura também tem pensamento fixo na atividade pecuária.

Entre os lançamentos destacam-se o Tronco Plus e a balança eletrônica KM3. O primeiro produto trata-se do top de linha da empresa na categoria. De acordo com José Otacílio da Silveira, diretor comercial da empresa, o equipamento recebeu algumas melhorias em relação ao tronco líder de venda da marca. “O produto passa a ter um novo sistema de guilhotinas de correr que permite uma melhor imobilização do animal, independentemente do tamanho da rês. Também vem com um sistema de trincos mais resistentes e que facilitam as operações”, descreve Silveira. Aliado a isso, o chassi do tronco já vem totalmente preparado para a balança eletrônica.

O lançamento da KM3 traz a atualização do dispositivo que também já é referência da Coimma. O produto recebeu um indicador de plástico injetado, considerado mais resistente, leve e ergonômico. Também possui um sensor de iluminação que permite melhor leitura e uma saída de dados para o computador que permite gerenciar as informações coletadas a partir de um aplicativo.

Saindo da área de tratos com os animais e seguindo para o manejo nutricional – uma máquina foi desenvolvida especificamente na colheita de forrageiras para a produção de silagem ao rebanho. É a Colhedora de Forragem Autopropelida (CFA) 2000 Ipacol. Com uma plataforma de colheita de dois metros de largura, a máquina é equipada com dois tambores de grande potência que processam a colheita de pastagens, sorgo e milho forrageiro. O grande diferencial está na facilidade de transporte do equipamento.

Potência

Finalmente, nem só de máquinas agrícolas se faz uma Agrishow. Outros tipos também ganham espaço e representam a preferência em motorização para muitos produtores rurais – trata-se do segmento de picapes médias por desenvolverem um papel importante tanto na locomoção pela fazenda como no transporte de cargas ou animais. Nesse aspecto, a Chevrolet levou à feira o recente lançamento da marca no segmento, a nova S10. O veículo é um projeto global totalmente desenvolvido no Centro Tecnológico da General Motors do Brasil, localizado em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo. Os visitantes puderam conferir os atributos da picape numa pista fora de estrada especialmente preparada para testar as funcionalidades.

Lançado em fevereiro, o veículo já apresentou destaque nas vendas em março no segmento de picapes médias. De janeiro a abril deste ano, a nova S10 obteve um registro de 10 mil unidades emplacadas, o que representa 29% de participação no segmento.

Na mesma linha, a Toyota trouxe à mostra o mais recente lançamento da montadora, a Hilux SR 4×4 cabine dupla com transmissão automática, que completa as versões intermediárias, anteriormente oferecidas somente com transmissão manual de cinco velocidades. Com a introdução da versão diesel SR 4×4 automática, a picape montadora japonesa está à disposição em nove configurações com motor a diesel, além de duas versões com motorização bicombustível.

Melhores da Terra passa a premiar Agricultura Familiar

Duas categorias passam a compor o Prêmio Melhores da Terra, desenvolvido pela Gerdau. A novidade foi emplacada durante a segunda edição da categoria Novidade Agrishow. Agora são selecionados os destaques de primeiro e segundo lugar em Agricultura de Escala e Agricultura Familiar. De acordo com o coordenador geral da Comissão Julgadora do Prêmio, Luiz Fernando Coelho de Souza, esta divisão veio facilitar a escolha dos campões em função da tamanha distinção de um equipamento para o outro. “Tínhamos uma dificuldade para avaliar os equipamentos em termos de avaliação de uma tecnologia a outra. Se por um lado foi levada em conta uma grande ideia para a obtenção de uma inovação de baixa escala, por outro, a aplicação dela ficaria limitada. Com essa distinção podemos valorizar as inovações que atendem melhor o pequeno agricultor”, explica Souza.

Os troféus de ouro e prata das Novidades Agrishow em Agricultura Familiar foram respectivamente para as empresas Implementos Agrícolas Marispan, de Batatais (SP), e Indústria Agromecânica Pinheiro Ltda, de Itapira (SP). Já em Agricultura de Escala, os primeiros e segundos lugares foram para Kepler Weber, de Panambi (RS) e Mepel Máquinas e Equipamentos Ltda., do município de Estação (RS).

Inovações Agricultura em Escala

O secador de grãos Khronos da Kepler contempla preceitos cada vez mais presentes na agricultura moderna, como a automatização de processos, eficiência energética e compromisso com o ambiente. O projeto apresenta um novo fluxo de grãos no interior do equipamento, com distribuição mais uniforme do calor, o que aumenta a eficiência do processo e resulta em menor consumo de lenha para a fornalha.

“Este projeto nasceu dentro de um conceito importante, no qual é preciso desenvolver aquilo que o mercado realmente necessita para agregação de valor ao produto”, ressalta Anastácio Fernandes Filho, diretor presidente da Kepler Weber. “E nós temos feito isso através de nosso pessoal de engenharia e desenvolvimento que tem estudado realmente o que é a demanda do mercado. Este produto, por exemplo, tem como foco a preservação da qualidade do grão além de ser um novo conceito no processo de secagem do grão”.

Já a Mepel recebeu mérito sobre o Distribuidor de Adubo Orgânico Líquido Especial. O equipamento viabiliza a racionalização do manejo da vinhaça (vinhoto), subproduto da fabricação do álcool e do açúcar. Entre os benefícios da aplicação da tecnologia estão a maior fertilização da cultura, melhoria na logística do transporte da vinhaça, preservação ambiental e aproveitamento da água residual da concentração do produto no processo.

Inovações Agricultura Familiar

A adubadeira Fertinox 1000E, da Marispan, está voltada a pequenas e médias propriedades cafeeiras. O equipamento potencializa a operação de fertilização através da agilidade de manobra e a precisão no momento de aplicação dos produtos. “Este prêmio confere ao nosso produto o reconhecimento de nosso trabalho para o desenvolvimento de uma atividade mais produtiva”, afirma Paulo Augusto do Nascimento Neto, diretor industrial da Marispan. “Concebido a cerca de um ano, esse projeto nasceu de uma necessidade da obtenção de uma máquina que fosse precisa, funcional e que garantisse a facilidade de manobra para o operador”.

Por fim, o Conjunto Familiar Campeira, da Pinheiro, constitui-se num equipamento multiuso o qual agrega as funções de uma ensiladeira e um triturador. O diferencial do produto, usado no ciclo de alimentação de animais, é o fato de os equipamentos serem montados em uma plataforma comum e acionados por um único motor, alternadamente e sempre que o produtor necessitasse.

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