Elevação da renda de pequenos produtores rurais dedicados à agricultura familiar. Aumento da produção de alimentos e venda para novos mercados. Redução do uso de agrotóxicos. Esses são alguns dos resultados obtidos ao longo dos últimos cinco anos pelo programa Matas Sociais – Planejando Propriedades Sustentáveis. Os dados fazem parte de um levantamento socioeconômico e ambiental recém-concluído, a partir de pesquisa com um grupo de 60 participantes do programa.
O Matas Sociais é realizado desde 2015, nos municípios de Telêmaco Borba, Ortigueira, Imbaú e Reserva, no Paraná. A iniciativa, que já atendeu mais de 500 propriedades, incentiva a agricultura familiar e auxilia pequenos produtores rurais em todas as etapas de produção, desde a adequação ambiental à comercialização de produtos nos mercados locais, passando pela diversificação da propriedade e incentivo ao associativismo/cooperativismo. Além disso, oferece ações de capacitação envolvendo manejo agrícola, pecuária, produção orgânica e educação ambiental, entre outras.
“A pesquisa comparando os dados atuais com os colhidos no começo do programa, em 2015, mostram o sucesso dos objetivos do Matas Sociais: que os agricultores dos municípios de nossa região, cuja população ainda vive em sua maioria na área rural, possam desempenhar uma atividade econômica relevante, permanecendo no campo. E, para os moradores dos municípios, como consequência, temos a certeza de uma maior qualidade em sua alimentação, consumindo produtos locais”, afirma Uilson Paiva, gerente de Responsabilidade Social e Relações com a Comunidade.
Mais de 70% dos participantes do levantamento reconheceram que tiveram aumento de renda após a participação no Matas Sociais. Destes, 45% notaram incremento entre 20% e 60% no faturamento de suas propriedades. Em relação à comercialização dos produtos, metade dos entrevistados afirma ter conseguido ampliar sua rede, de vizinhos e feiras locais para cooperativas, restaurantes e grandes empresas de alimentos. O bom desempenho nas vendas é um estímulo para o aumento da produção, registrado em 57% das propriedades consultadas.
João Carlos dos Santos Benício, da comunidade Índio Galdino, em Ortigueira, é um dos agricultores beneficiados. “Minha principal renda era a venda de bezerro duas vezes ao ano. Agora, com o leite, tenho renda todos os meses”, conta ele, que também produz banana para venda destinada ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e ainda lucra com a comercialização de suínos e bovinos de corte.
Outra importante frente de atuação do programa está relacionada às questões ambientais. Mais de 80% dos produtores consideram que o Matas Sociais trouxe benefício ou mudança para a propriedade nesse aspecto. Um dos pontos que mais se destaca é a diminuição da utilização de agrotóxicos: 66% dos agricultores afirmam ter reduzido o uso desse recurso, devido à orientação dos consultores, busca por alternativas menos agressivas, diversificação da produção e até a perspectiva de acessar o mercado de orgânicos.
Atualmente, a produção dos agricultores do Matas Sociais está na merenda das escolas, na alimentação de trabalhadores de fábricas e em mercados da região. Desde julho de 2019, o programa, realizado em parceria com a Apremavi (Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Prefeituras Municipais, foi ampliado para mais cinco municípios: Sapopema, Curiúva, São Jerônimo da Serra, Tibagi e Cândido de Abreu. A expectativa é que pelo menos mais 100 propriedades sejam atendidas na região.