Há alguns anos, busca-se atingir a cana de três dígitos, uma vez que a produtividade está muito aquém do potencial produtivo da cultura (340 t/ha); e para que essa atividade permaneça economicamente viável, produzir mais cana na mesma área é o caminho mais inteligente.
Com a intensificação da mecanização, apesar dos ganhos em rendimentos operacionais, houve grandes impactos negativos, uma vez que os solos se compactaram ao longo dos anos, ocasionando redução nos sistemas radiculares das plantas, baixo desfrute dos nutrientes via fertilização química e desequilíbrio na vida do solo.
Muito se tem feito para minimizar os problemas, principalmente nas partes física e química, porém somente nos últimos três anos, a biologia do solo ganhou expressão, e a comunidade científica ganhou espaço e atenção no setor da cana.
Os microrganismos presentes no solo possuem funções vitais para a manutenção da fertilidade e para o crescimento de plantas saudáveis. São diversas as funções exercidas pela microbiota, como: degradação do material orgânico, mineralização e solubilização de nutrientes para as plantas, estruturação do solo, retenção de água, proteção e crescimento das plantas, enraizamento.
Um grama de solo possui mais de dez mil espécies diferentes de microrganismos, cerca de um bilhão de bactérias, um milhão de actinomicetos e 100 mil fungos, além de quantidades significativas de protozoários e algas. Vale frisar que, os microrganismos atuam em diversos processos, e quando em equilíbrio, tornam-se uma forte defesa contra doenças e outras fontes de estresse para as plantas; além de disponibilizar grandes quantidades de nutrientes vitais, elevando os patamares de produtividade.
Além disso, os microrganismos têm papel fundamental para aumentar a fertilidade do solo. Isso se dá por meio da conversão (fixação) do nitrogênio atmosférico em compostos nitrogenados – que são utilizados pelas plantas na síntese de proteína. Nesse processo, as substâncias orgânicas são convertidas em compostos inorgânicos, tornando-os úteis para os vegetais.
As substâncias húmicas (ácidos orgânicos) atuam diretamente na biologia do solo, tratando-se de uma fonte energética (carbono orgânico) para os microrganismos. Quanto maior for o teor de carbono orgânico de um material, maior será a fonte nutricional para a atividade microbiológica e maiores serão os benefícios.