Política

Candidatos: os presidenciáves

Qual o candidato a presidência da república mais comprometido com o agro? E qual tem propostas que realmente vão ajudar no fortalecimento e desenvolvimento desse setor, responsável por boa parte do aumento da importância da economia brasileira no cenário mundial? Numa eleição menos polarizada, em comparação com as últimas realizadas, a identificação de qual candidato vai trazer mais benefícios para o campo talvez esteja um pouco mais difícil. Para ajudar nesse trabalho, a Revista Rural mostra as opiniões dos três principais candidatos ao posto mais importante do país sobre cinco grandes questões ligadas ao sucesso do agronegócio brasileiro.

Num momento de recuperação da economia mundial e com um quadro bastante promissor ao crescimento do Brasil, a escolha de quem vai comandar a nação nos próximos quatro anos fica ainda mais importante. Assim, vale conhecer um pouco mais sobre os principais protagonistas dessa eleição: Dilma Roussef, do PT, José Serra, do PSDB, e Marina Silva, do PV.

Dilma Rousseff

Garantia de renda para o agricultor/ Invasão de propriedades – Dilma Rousseff destacou as políticas positivas do governo atual em favor ao agronegócio nacional. “O setor engloba três agendas estratégicas para o Brasil e para o mundo: segurança energética, segurança alimentar e segurança no meio ambiente. Podemos avançar mais? Podemos sim e vamos avançar. O campo vive hoje uma situação completamente diferente. Essa alteração foi fruto de investimentos significativos do governo Lula (…)”, ressaltou Dilma.

Com relação às invasões, a candidata petista disse que atualmente o meio rural reflete uma diversidade grande. “Não se vê só grandes proprietários de um lado e agricultor sem-terra do outro. Vemos hoje o agronegócio dinâmico, bem posicionado na produção de commodities e uma agricultura familiar moderna e produtiva (…) essa diversidade será extremamente importante no meu governo”, pontuou.

Infraestrutura e Logística – A candidata concordou que a infraestrutura é um dos principais gargalos do agronegócio brasileiro e por isso foram estabelecidos o PAC I e PAC II. “A logística continuará sendo uma das prioridades do PAC II”. De acordo com a candidata, entre 2007 e abril de 2010 foram investidos R$ 460 bilhões em rodovias, ferrovias, embarcações, estaleiros, aeroportos, portos e hidrovias. “(…) Portanto, a solução para muitos problemas de logística passam muitas vezes pelo que foi feito e o que será realizado pelo PAC II. A todos eles, darei prosseguimento caso eu seja eleita”, informou.

Comércio Exterior – Dilma afirmou que o Brasil possui um grande potencial de produção, boas tecnologias disponíveis e diversificação de produtos para exportação. “Vamos melhorar a competitiva brasileira. Estamos finalizando a criação de uma agência especializada em Comércio Exterior”, explicou. “No entanto, é importante lembrar que a preservação do meio ambiente é um dos compromissos fundamentais para a agricultura sustentável e moderna, precisamos demonstrar aos outros que os nossos produtos são diferentes”, justificou.

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação – Ela destacou a importância da Embrapa para o posicionamento do País como importante “player” no desenvolvimento tecnológico na área agrícola. “Pretendemos manter o apoio a Embrapa e, também, aos centros de pesquisa estaduais, universidades e iniciativa privada. Os investimentos até agora foram de quase R$ 1 bilhão de reais e teremos mais investimentos no meu governo”.

Defesa Agropecuária – Segundo Rousseff, como o governo atual, o seu objetivo como candidata é facilitar a integração entre a demanda e a oferta de tecnologias em áreas estratégicas. Ela revelou que trabalhará para a modernização de redes públicas de laboratórios. “Precisamos gerar tecnologias e novas metodologias de controle de medidas sanitárias e fitossanitárias”, afirmou.

Institucionalidade do Poder Público – Para a petista, integrar os ministérios não é a solução porque o agronegócio possui ações específicas e transversais. “O desafio é integrar as diferentes atividades cotidianas mesmo que não estejam em uma mesma pasta (…). Um país mais forte se faz com a união de todos. O agronegócio é um setor fundamental para conquistarmos duas grandes metas nos próximos anos: erradicar a miséria e transformar o Brasil, na quinta maior economia do mundo ”, advertiu a candidata.

José Serra

Garantia de renda para o agricultor / Invasão de propriedades – O candidato tucano ao falar sobre renda do agricultor focou especialmente o câmbio. De acordo com ele, o agricultor tem exportado mais e recebido menos, devido à supervalorização do real e isso tem sido um grande problema para a agricultura. Serra destacou, ainda, a falta de um “seguro efetivo” para a agricultura e de uma política “mais efetiva” de crédito rural. “Não temos operando no Brasil um sistema de crédito para a agricultura (…). Nós vamos equacionar estas três questões que são fundamentais para o setor, a verdadeira galinha dos ovos de ouro do agronegócio brasileiro”.

Serra destacou no seu discurso que uma das inseguranças do campo vem da ação política do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que segundo ele não é um movimento em prol a Reforma Agrária, mas se tornou um movimento político. “Sou contra que se use a reforma agrária como política e que se use dinheiro público para financiar este movimento. As invasões no Brasil têm menos a ver com a reforma agrária e muito mais a ver com um movimento político”, pontuou.

Infraestrutura e Logística – Serra enfatizou as más condições das estradas federais brasileiras. “Elas estão em péssimas condições no Brasil. Sete em cada dez são consideradas ruins, imagine descarregar a produção agrícola”, acentuou. O alto custo logístico para escoar os produtos agrícolas também foi mencionado pelo candidato. José Serra citou exemplos de produtores baianos que exportam sua produção pelo Porto de Santos (SP) ou Suapé, em Pernambuco, por falta de infraestrutura, o que acaba encarecendo os custos. Além disso, ele ressaltou que um caminho importante seria a competente parceria entre público e privado para melhorar as condições de infraestrutura no País.

Comércio Exterior – Para o candidato, antes de pensar em exportações é preciso resolver o gargalo da infraestrutura porque o produtor é prejudicado por conta desse problema. “É necessário ter política de comércio exterior (…). O preço dos produtos do setor vem crescendo 5% abaixo a inflação e apresentando um superávit de US$ 40 a 50 bilhões. Se não fosse o agronegócio, o Brasil estaria quebrado”, afirmou.

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação – Na visão de Serra, as parcerias com as empresas privadas deveriam ser multiplicadas no Brasil para a produção de uma agricultura verde que não afete o meio ambiente. “Precisamos turbinar a pesquisa, desenvolvimento, parcerias e inovação para que tenhamos mais exemplos positivos na área. O Brasil foi o primeiro país a se desenvolver muito graças às pesquisas”, garantiu.

Defesa Agropecuária – De acordo com ele, muitas das sanções dirigidas ao País não são justificadas. “Precisamos proteger nosso agronegócio cuidando de nossas fronteiras e, até, ajudando a fazer o combate contra doenças nos países vizinhos para minimizar o risco de transmissão”, disse. O candidato também defendeu a criação de defensivos genéricos e de produtos transgênicos “verde e amarelo”, ou seja, adaptados para a realidade e agricultura brasileira.

Institucionalidade do Poder Público – Para o tucano, existem duas questões fundamentais que o governo precisa reconhecer para trabalhá-las em conjunto. São elas: as diferentes formas de exploração agrícola e as distintas maneiras de produzir agricultura. “Se bem entendidas e trabalhadas, haverá aumento de eficiência e renda para o produtor”, disse.

Marina Silva

Garantia de renda para o agricultor / Invasão de propriedades – Para Marina Silva, é preciso criar novas bases e estratégias para o desenvolvimento do agronegócio e resolver problemas ligados à infraestrutura, ao crédito e financiamento. “Nós temos todas as condições para alcançar um novo ciclo de prosperidade no campo, com inclusão social, uso cuidadoso das nossas riquezas e não tenho dúvida que esse novo caminho nos consolidará novas lideranças e nos colocará numa posição de vantagem imbatível no campo. Vamos criar condições para que sejam estabelecidas novas gerações de políticas públicas de incentivo ao setor, como financiamento, crédito e infraestrutura adequadas para o desenvolvimento (…). Eu sou a solução para o agronegócio no século 21. Quero trabalhar com todos os segmentos da sociedade para que possamos ter política a favor do setor”, afirmou.

Quanto à questão das ocupações no campo, a candidata destacou que qualquer que seja o movimento em defesa de direitos, e no caso deste movimento pela democratização e o acesso às terras, deve ser feito sempre no estado democrático de direito. “O legítimo direito de manifestação de qualquer que seja o segmento não nos dá os direitos de extrapolarmos as leis. Não é errado defender os interesses, o erro acontece quando alguém acha que pode sobrepor os seus interesses (…)”

Infraestrutura e Logística – A proposta da candidata para essa questão é que seja necessária a elaboração de um plano para infraestrutura com diretrizes que orientem todas as ações relacionadas ao setor. “O PAC, apesar de sua importância, é uma junção de obras, é um sistema de gerenciamento de obras, que já é muito bom. Na época anterior ao governo do presidente Lula não havia sequer um gerenciamento (…). O que precisamos é ter programas para antecipar os problemas e alcançarmos o grande desenvolvimento para o setor”, disse. “Não podemos perder essa guerra para nós mesmos, para isso necessitamos criar mecanismos e diminuir os desperdícios”, completou.

Comércio Exterior – De acordo com Marina, é necessário desconstruir o argumento daqueles que querem incluir barreiras para impedir a entrada dos produtos brasileiros em outros países. “Precisamos criar uma nova narrativa, passando no teste de economia sustentável e com isso ganharemos respeito internacional. Quando eu era ministra do Meio Ambiente fiz questão de fazer um esforço para reduzir o desmatamento da Amazônia, pois sabia que se o desmatamento continuasse aumentando, isso prejudicaria os nossos interesses econômicos (…)”, informou.

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação – Ela afirmou que o País precisa ter produtos de alto valor agregado e por isso é necessário ter investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. “O Brasil já tem um exemplo, que é capaz de produzir conhecimento e tecnologia. Nós fomos o país com capacidade de desenvolver uma variedade de soja produtiva para o cerrado. Só nos poderíamos ter criado essa tecnologia”, mencionou.

Defesa Agropecuária – Segundo Marina, o tema depende dos esforços governamentais e do setor. “O aporte e apoio são de responsabilidade do governo federal, estadual e municipal, já o desenvolvimento de produtos de qualidade depende do setor”, afirmou. “Defesa Agropecuária está ligada a dois importantes assuntos: saúde e abertura de novos mercados”, acrescentou. Ela falou também da necessidade de investir em infraestrutura e pesquisas para aumentar a produtividade do agronegócio.

Institucionalidade do Poder Público – A candidata do PV afirmou que o foco não impede um trabalho integrado. “Precisamos criar mecanismos de integração, mantendo a especificidade de cada setor. Até porque se todos ficarem diluídos em todos os segmentos não tenho certeza que isso agilizará todos os processos”, justificou Marina.

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