A tecnologia tornou-se a maior aliada dos produtores na luta pelo aumento da produtividade. Hoje são máquinas adaptadas à produção em larga escala, uma característica fundamental para o agronegócio.
Porém, vale ressaltar que para adquirir essas “ferraris” do campo, dependendo do modelo, opcionais, potência e o Estado da compra, o produtor poderá pagar no mínimo entre 500 mil a 1 milhão.
No ano de 2010, as grandes montadoras voltaram para uma das maiores vitrines de tecnologia, a Agrishow. E elas trouxeram uma geração de equipamentos e implementos agrícolas. Além das novidades, há ainda a expectativa de crescimento em torno de 20% nas vendas em comparação a 2008, último ano da participação delas na maior feira agrícola do País.
Tradicionalmente, as montadoras nacionais e estrangeiras de veículos e máquinas para o campo reservam seus principais lançamentos para a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia em Ação), sendo uma das maiores feiras do agronegócio, realizada em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Nessa 17ª edição, que aconteceu entre os dias 26 a 30 de abril, novidades não faltaram e o que deixou muitos produtores boquiabertos. Uma das grandes vedetes deste ano foi a colheitadeira de duplo rotor CR9060. Equipada com dois rotores – um sistema exclusivo e do qual a marca New Holland é pioneira – que realizam um tratamento mais suave do grão em uma área de debulha e separação maior, a máquina contribui para alcançar a qualidade máxima, além de reduzir ao mínimo a perda de grãos por quebra. Com o duplo rotor, a fabricante afirma que a máquina divide o processamento do grão em duas partes, tornando o trabalho de limpeza ainda mais eficiente. Uma vez que ao dividir o produto em dois rotores, o sistema gera uma camada de debulha mais fina, o que facilita de debulhar, retirando assim mais rapidamente o grão da massa trilhada. Além deste diferencial, há uma velocidade superior do rotor que permite uma dinâmica de colheita ainda mais ágil pelo processamento. O modelo também oferece uma cabine maior, com ar condicionado, com suspensão pneumática, além de proporcionar um grande conforto para o operador durante as longas jornadas de trabalho.
A máquina já está disponível na Europa e nos Estados Unidos e chega finalmente para os produtores brasileiros. “O Brasil terá a mesma oferta de tecnologia, por uma razão muito simples, nós acreditamos que a agricultura brasileira demanda o que há de melhor no mundo”, frisa o gerente de marketing da New Holland, Eduardo Nunes.
Guardadas as devidas proporções, a exibição da CR9060 causou frisson durante a feira. O modelo foi apresentado aos produtores durante dinâmicas, que aconteceram no campo. Lá, todos puderam ver a colheitadeira trabalhando a todo vapor. A aposta da fabricante além das tradicionais máquinas de sistema convencional, e que junto ao “novo brinquedinho”, as expectativas de vendas se superem, com um crescimento em torno de 15%, para esse ano.
Tecnologia de plantio
Sem dúvida, a tecnologia tornou-se a maior aliada dos produtores na luta pelo aumento da produtividade. Hoje são máquinas adaptadas à produção em larga escala, uma característica fundamental para o agronegócio. Outro destaque da Agrishow, as plantadeiras DB, com 45 linhas de plantio, e a 2130 DualFlexPro representaram as mudanças radicais na operação de plantio. A primeira é capaz de plantar até 180 hectares em uma jornada, com alta qualidade de trabalho. A autonomia de 3.500 litros de semente em tanques, torna a máquina capaz de plantar soja, com apenas três abastecimentos de menos de 10 minutos por dia. A segunda pode plantar 30 linhas com 45 centímetros de espaçamento e tem capacidade de dois mil litros de sementes e seis toneladas de fertilizante. Os modelos são assinados por uma das mais tradicionais montadoras americana, a John Deere, que em dezembro de 2007 inaugurou sua terceira fábrica no País.
Ao longo de 10 anos foram investidos cerca de US$ 2 bilhões, resultados de investimentos feitos no Brasil e que colocou muitas inovações em todas as linhas de produtos da fabricante, entre tratores, colheitadeiras e plantadeiras. E para diversos produtores, desde pequeno aos grandes “empresários do campo”. “Com relação aos desenvolvimentos, a John Deere é uma empresa que não para, indiferente da crise ou não. Tanto que lançamos 50 produtos aqui”, reforça o diretor de vendas para a América Latina da John Deere, Paulo Hermann. “Com tantas novidades, a expectativa de vendas é equivalente ao ano de 2008, ‘o ano de ouro’ para nós, fabricantes”, acentua.
Máquinas para construção e lavoura
O cenário favorável estimula os fabricantes a realizar novos investimentos para ampliar suas linhas de produção. Um exemplo disso é a Case Construction Equipment, que trouxe para a Agrishow os benefícios dos equipamentos de construção para o agronegócio com agilidade e economia. A marca aproveitou o momento para mostrar as máquinas mais utilizadas no setor agrícola, como a retroescavadeira 580 M; as skids (pequenas máquinas) Case 410 e 430; a motoniveladora 865; as pás carregadeiras 621D, 721E versão canavieira e 821E e as escavadeiras hidráulicas CX130B e CX160B. Ao lado da sua marca irmã, a Case Agrícola, lançou tecnologia que passa pelo monitoramento à distância, com GPS e computador de bordo, que ajusta as condições da máquina, até sistema de wireless. O sucesso da tecnologia era um triunfo na conquista de novos compradores. “Em 2008, nós fechamento 40 ou 50 equipamentos esse ano estamos imaginando quase o dobro disto, em torno de 70 máquinas” diz o diretor comercial para a América Latina da Case Construction, Roque Reis. Os novos modelos foram exibidos durante uma das maiores feiras em Munique, na Alemanha. “Lá, estava se comemorando a venda de 70 equipamentos durante a semana. Então, você imaginar a maior feira do mundo, a maior feira de construção do mundo da Europa, em comparação a uma feira regional, o resultado é fantástico. Estamos otimistas e para o resto do ano esperamos ser um dos melhores”, conta.
E como não poderia ficar de fora, assim como a família, a Case IH desfilou os dois modelos da sua linha, as colheitadeiras Axial-Flow 2688 e 2799, que vieram para substituem as anteriores. As máquinas apresentadas representam o que há de mais moderno em desenvolvimento no sistema axial de colheita. Elas ganharam mais capacidade hidráulica e um reservatório de grãos maior, aumentando a eficiência e melhorando a logística de campo. Mas, quando o assunto era solução para o mercado canavieiro, a fabricante mostrou o eixo estendido de três metros para a linha de tratores Maxxum 165 e 180. O kit de extensão do eixo é fácil de instalar e possibilita que o agricultor tenha uma máquina versátil, capaz de realizar os mais diversos trabalhos, além de eliminar o problema de compactação da soqueira da cana no momento da colheita.
Período de boas safras
A realização do evento ocorre anualmente entre os meses de abril e maio, período que os produtores iniciam sua programação para a próxima safra, o que inclui os investimentos na compra de máquinas agrícolas para renovar ou ampliar a frota de suas propriedades. Com isso, a feira funciona como um termômetro dos “humores” do campo. E foi com o sinal de entusiasmo que a AGCO, uma das maiores fabricantes mundiais de equipamentos para a agricultura, comemorou na Agrishow o aumento de 61% nas vendas de tratores no Brasil no primeiro trimestre de 2010, em comparação ao mesmo período do ano passado. Sucesso absoluto para as marcas de empresa: Massey Ferguson, Valtra e Challenger. Segundo a fabricante, as duas primeiras representam hoje 57% do mercado brasileiro de tratores e 20% do mercado de colheitadeiras. A elevação desses números foi graças ao sucesso de programas governamentais de linhas de crédito para o pequeno agricultor na aquisição de máquinas, implementos e insumos agrícolas. “Vários fatores foram positivos, nesse segundo semestre, como o Programa Mais Alimentos, do governo federal e, no Estado de São Paulo, o Pró-Trator. Além disso, podemos contar com o Programa de Sustentação do Investimento [PSI], do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que oferece condições como redução dos juros em 4,5% ao ano até junho de 2010 e 5,5% até dezembro de 2010”, explica o diretor comercial da Massey Ferguson, Carlito Eckert. “Esperamos que os programas continuem sendo o sucesso, que foram desde o início. A nossa empresa é bastante tradicional neste segmento da agricultura familiar. Porém, o mercado aguarda a aproximação dos grandes agricultores, que agora têm acesso a essa linha de crédito do PSI”, atesta o gerente de marketing da Massey Ferguson, Paulino Jeckel.
A fábrica chegou otimista à Agrishow. A Massey Ferguson, líder no mercado brasileiro de tratores há quase 50 anos, ampliou a sua participação na feira e com direito a um espaço de seis hectares para a realização de test drive das máquinas. Entre as novidades estão: a nova série de tratores, a MF 4200, a Série MF 7000 Dyna-6, Série MF 7100 e plataforma de Milho Série 3000 (Cyclone). Outras novidades que desembarcou no interior paulista foi a colheitadeira axial MF 9690 ATR, lançamento que combina tecnologia de ponta com simplicidade de operação. As novas séries já vêm equipadas de tomada de potência independente, tanque de combustível plástico com maior capacidade, capô basculante, freio de acionamento hidráulico, plataforma de operação plana e câmbio lateral em todos os modelos.
Outra que comemorou 50 anos na feira e com grande estilo, batendo recordes de vendas foi a Valtra. A aposta da empresa para no ano de 2010 é a safra recorde e o retorno de novos investimentos no agronegócio. Com isso, ela entra no mercado com tudo. Entre os destaques em Ribeirão Preto da marca estão os novos modelos da Série A: a linha leve de tratores lançada em 2009 para atender à forte demanda por modelos abaixo de 100 cavalos-vapor (cv). Preparada para o cenário positivo no setor, a Valtra oferece ao mercado também os primeiros modelos de tratores a trazerem transmissão PowerShift robotizada, a Série BT HiSix, em quatro versões: BT150 (150 cv), BT170 (170 cv), BT190 (190 cv) e BT210 (210 cv). A novidade na transmissão HiSix com PowerShift permite 24 velocidades à frente e 24 velocidades para ré, possibilitando fazer programações para cada tipo de operação.
Porém, vale ressaltar que para adquirir essas “ferraris” do campo, dependendo do modelo, opcionais, potência e o Estado da compra, o produtor poderá pagar no mínimo entre 500 mil a 1 milhão. E teve gente que desembolsou o valor, tanto que as grandes fabricantes marcaram presença e promoveram uma movimentação no mercado com margem de 20% de crescimento em negócios fechados, em comparação a 2008 (ano da última participação das grandes fabricantes na feira). Em uma estimativa preliminar, os bancos presentes na feira anunciaram um montante de propostas de negócios da ordem de R$ 840 milhões, atingindo às expectativas de organizadores e expositores. “A Agrishow 2010 se caracterizou pela qualificação do público visitante, bastante focado em fazer negócios e que encontrou uma estrutura com mais conforto, agilidade e praticidade no novo formato da feira. Mesmo com um dia a menos de feira, visitaram a Agrishow 141 mil pessoas”, afirma o gerente geral da feira, José Danghesi.
Pequenos cenários
Green Horse Tratores trouxe para a Agrishow 2010, toda linha nacional dos tratores, entre eles, o GH 204. Trator de pequeno porte, com 20 HP de potência, com tração nas quatro rodas, que proporciona uma desenvoltura excelente para trabalho em propriedades de até 40 ha. Trabalha com uma transmissão de 12 marchas a frente e quatro a ré, sendo o trator, de sua potência, que apresenta a maior combinação de velocidades possíveis, proporcionando melhor qualidade aos trabalhos exercidos e maior conforto ao operador.
A Agrale S.A. expôs na Agrishow 2010, sua linha completa de modelos, com destaque para o recém-lançado 5065.4 Compact, desenvolvido para o trabalho em culturas que exigem equipamentos de menores dimensões. A empresa apresentou também seus modelos leves e médios destinados ao programa, além de motores estacionários, roçadeiras e geradores Lintec.