Por Helmuth Hofstatter* – O Brasil possui a maior área pecuária do mundo, e fica em primeiro lugar na exportação de carne suína e bovina. Além da grande quantidade produzida, a carne brasileira é conhecida pela sua qualidade, é um dos poucos países que conseguem vender esse alimento para União Europeia, que é conhecida por ser exigente na compra da carne.
Mesmo o Brasil possuindo mais gados do que qualquer país no mundo, na última semana, o consumidor sentiu o aumento no preço da carne, e muitos açougues deixaram de comprar em grande quantidade e estão mudando suas estratégias de compra, mesmo estando na época de festas, onde a demanda de carne aumenta consideravelmente no país.
O aumento da exportação
O que provocou o aumento dos preços de compra do consumidor brasileiro foi o aumento das exportações de carne em 2019, que foram impulsionadas graças a um surto de peste suína africana (PSA) na Ásia, onde mais de 6 milhões de animais foram abatidos. E para abastecer os hábitos alimentares da população chinesa, o gigante asiático precisou buscar proteína animal no exterior, e o Brasil foi o país que a China firmou essa parceria.
Desde então, a China se tornou o maior consumidor de todas as carnes brasileiras, e estima-se que o país pode demorar de cinco a sete anos para recompor sua produção de carne.
Com o aumento da demanda externa, a oferta interna no Brasil foi drasticamente reduzida e o preço da carne suína e bovina aumentou em todo o país. A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, afirma que o preço não voltará ao que era antes, e que o risco de desabastecimento é nulo.
O governo também afirmou que não vai interferir nos preços dos produtos, não pretende tabelar o preço da carne, e muito menos implementar barreiras na exportação de carne, pois está voltado a um livre mercado e não ao protecionismo.
Além de aumentar os preços internos, a exportação desse alimento ainda influenciou a balança comercial, enquanto as exportações de carne aumentam, a exportação de soja é reduzida.
A soja e a carne
O Brasil, é considerado um dos maiores exportadores de soja, enquanto a China é o maior importador, porém após a peste suína africana na Ásia, não houve mais necessidade de importar a mesma quantidade de soja brasileira, pois a soja era utilizada como ração para muitos suínos que foram abatidos após a doença.
Mesmo assim, os produtores ainda acreditam que a China vai retomar a importação de soja e enxergam essa situação como algo pontual e passageiro. Muitos especialistas, também afirmam que o Brasil deve continuar exportando, porém com o pé no chão.
Esse acontecimento é um exemplo de como o comércio exterior pode afetar toda a cadeia de um país, mudando fatores como economia, política e hábitos de consumo.
(*) Helmuth Hofstatter é empreendedor apaixonado por tecnologia e inovação, possui mais de 12 anos de experiência no segmento de logística internacional, fundador da LogComex, startup de big data, inteligência e automação para logística internacional. É especialista em gestão de produtos e nas mais diversas soluções voltadas ao universo do comércio exterior.