A época seca do ano se destaca pela baixa disponibilidade e qualidade de forragem, sendo, neste período, a falta de proteína (nitrogênio) a principal questão na piora do desempenho animal. Desta forma, é necessário entender como a suplementação animal pode ser uma ferramenta para alcançar um melhor desempenho em vacas no regime de pastagem.
Quando se fala de matrizes do rebanho, em termos nutricionais, as prioridades da vaca são suprir as exigências de mantença, crescimento (quando tratamos de novilhas) e, por fim, reprodução. Assim, se a nutrição estiver inadequada, a atividade reprodutiva será afetada e a última a retornar à normalidade, representando prejuízo para os produtores.
Letícia de Souza, responsável técnica da Minerthal, explica que, para conseguir fazer com que a vaca emprenhe, tenha o parto do bezerro sadio e o desmame com peso ideal, é preciso que ela esteja em condições corporais adequadas, sendo necessário redobrar a atenção para a nutrição da matriz.
“O período em que estamos do ano (agosto/setembro) coincide com dois fatos importantes para a nutrição das vacas, sendo eles época seca do ano e terço final da gestação”, frisa.
Caso não ocorra um manejo diferenciado nestes meses, as matrizes terão parto em escore corporal baixo e apresentarão dificuldade de emprenhar novamente durante a estação de monta. Os bezerros desmamados, por sua vez, perderão peso e entrarão na fase de engorda, precisando recuperar a massa perdida no lugar de estarem prontos para ganhos adequados à sua categoria e época do ano.
Com isso, as implicações serão a piora nos índices reprodutivos das matrizes, como maior intervalo entre partos e menor taxa de prenhez, acarretando a ineficiência do sistema. Além disso, diminuindo a aceleração no desenvolvimento dos bezerros haverá maior idade ao abate, menor produção de arrobas por hectare ao ano, uso ineficiente da área de pastagem, menor giro do capital e, por consequência, menor lucro.
Comprovação científica da suplementação
Em um experimento realizado na Universidade de São Paulo (USP), houve a comprovação dos resultados positivos da suplementação na categoria de “Cria em Primíparas”. O estudo observou a utilização do suplemento mineral aditivado na época das águas e do suplemento mineral proteico aditivado em bloco na época seca do ano, com incremento de 6,8 pontos percentuais na taxa de prenhez, frente ao suplemento mineral linha branca nas águas e suplemento mineral com ureia na seca.
Neste mesmo experimento, foi evidenciado que suplementar a mãe gera incremento no peso de desmama dos bezerros, pelo resultado de 8,3 kg a mais nos bezerros em que as mães foram suplementadas.
“A estratégia de suplementação precisa ser traçada de acordo com o perfil da propriedade, animais, pastagem e objetivo de desempenho. Mas é necessário entender que não pode faltar comida para as vacas, uma vez que a suplementação completa os nutrientes que estão faltando no pasto e não a falta de pasto”, alerta Letícia.
A técnica explica que existem diferenças estratégicas entre as categorias novilha, primípara e multípara dentro da cria. “As novilhas estão em fase de crescimento e são altamente responsivas ao suplemento mineral proteico. Já para as primíparas, a quem se destinam os melhores pastos, recomenda-se suplementação proteica ou proteico-energética para suprir a exigência de minerais, proteína e energia. Às multíparas, pode-se oferecer um suplemento mineral, com ureia ou com ureia e aditivo”, conclui.
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