A capacitação das equipes que atuam nas granjas, diante de um mercado cada vez mais exigente, traz benefícios a toda a cadeia de suínos. Estratégias de gestão com essa finalidade iniciaram os debates do 14º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), nesta terça-feira, dia 16 de agosto. Promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), o evento, que vai até o dia 18, acontece em formato híbrido, presencialmente no Parque de Exposições Tancredo Neves, em Chapecó (SC), e com transmissão online ao vivo. O presidente do Nucleovet, Lucas Piroca, abriu a programação, dando boas-vindas a todos os participantes.
Na primeira palestra, “Capacitar as equipes de granjas, esse é o caminho para o sucesso?”, o CEO da Agriness, Everton Gubert, reforçou a importância de criar processos que incentivem o cuidado e o desenvolvimento dos profissionais que atuam nas granjas. “Capacitar equipes é um caminho, mas é somente um pedaço do processo de sucesso de uma granja. Muito mais do que capacitar, nós temos que cuidar das pessoas. É muito importante que a empresa consiga proporcionar uma estrutura que ofereça uma projeção de crescimento de carreira às pessoas.”
Gubert, que é autor do livro e da metodologia de aceleração de produtividade chamado Pensamento+1 e liderança do ecossistema de inovação no Brasil, apresentou um esquema simplificado para incentivar cada granja, independente do tamanho, a colocar em prática uma jornada do talento. Desde a entrada do profissional, no recrutamento, passando pelo treinamento e acompanhamento de desempenho até o desligamento, cada etapa deve ser gerida estrategicamente.
Para o especialista, as granjas que desenvolvem pessoas são as melhores granjas e o papel do líder é essencial. “Liderança é a coisa mais importante que uma empresa tem, porque ela é responsável por mostrar aos profissionais o melhor de cada um. Pessoas e liderança são os elementos que precisamos para atingir uma gestão de excelência. A pressão por qualidade na produção só aumenta e entender de pessoas é imprescindível. Se você não tem uma empresa com um processo de gestão claro e o profissional não vê uma perspectiva de crescimento, ela não vai permanecer ali e será cada vez mais desafiador trabalhar com produção animal”, finalizou.
O segundo palestrante do bloco, o engenheiro agrônomo Naldo Dalmaso, abordou ferramentas que veterinários, zootecnistas e demais profissionais do setor podem usar no treinamento de adultos. Com vasta experiência em formação de equipes de campo para extensão rural e gestão de processos, o consultor afirmou que é indispensável ter ferramentas em três áreas do saber: liderança, método e conhecimento técnico.
Naldo abordou os métodos que possuem maior fixação no ensino da andragogia e as variáveis que fazem toda a diferença nesse processo, como a questão geracional. “Nós trabalhamos com diferentes gerações nas propriedades e temos que aprender com isso, pois o contexto histórico de cada geração influencia no seu comportamento e tomada de decisão. Eu tenho que entender que não estou falando de apenas um adulto, mas de diferentes gerações na minha equipe.”
De acordo com o consultor, os adultos devem ter o desejo de aprender, o que pode ser estimulado, mas nunca imposto. “O aprendizado do agricultor adulto deve estar relacionado a situações reais. Ele aprende melhor em um clima participativo e informal e suas vivências precisam ser consideradas.”
Ao compartilhar suas experiências na extensão rural, Naldo enfatizou que o desafio dos veterinários e zootecnistas é alterar a informação que está presente na mente do produtor, mudando o enfoque dessa informação e mostrando o efeito econômico das mudanças que precisam ser adotadas na granja. “Os produtores querem saber o custo-benefício das tecnologias, eles consideram os riscos e seus objetivos estão sempre ligados a pontos como sobrevivência e lucro. É preciso entender o adulto, sua lógica, fazer o diagnóstico das pessoas e o que influencia nas suas tomadas de decisão”, encerrou Naldo.
Foto: Divulgação / MB Comunicação