Segundo estudo publicado recentemente pela Faculdade de Ciências Animais, da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, galinhas poedeiras criadas em sistemas convencionais de gaiolas vivem sob mais medo e estresse e têm respostas imunes reduzidas, quando comparadas àquelas criadas em sistemas com ambientes enriquecidos e livres de gaiolas.
De acordo com os pesquisadores, o medo excessivo gerado pelos sistemas de gaiolas convencionais pode levar à redução na produção de ovos, ao aumento do arranque de penas entre as galinhas e de danos mentais que podem anular ou reverter os ganhos geralmente atribuídos a sistemas intensivos de alojamento, como as gaiolas.
“Esse estudo reforça o que outros pesquisadores já haviam concluído, que sistemas de gaiolas sujeitam esses animais a uma vida de sofrimento, medo e dor. A ciência também comprova que as galinhas possuem elevadas capacidades cognitivas e emocionais. Então, a indústria dos ovos deve aprimorar seus padrões e abandonar as gaiolas” diz Lúcia Gomes, diretora de campanhas da organização internacional de proteção animal Sinergia Animal.
A vida das galinhas em gaiolas
Gaiolas em baterias são a forma mais comum de alojamento para galinhas poedeiras na produção global de ovos. Cerca de 90% das galinhas na indústria dos ovos vivem nesses sistemas. No Brasil, em 2018, 95% das 166 milhões de galinhas criadas para a produção de ovos estavam em gaiolas.
“Nessas minúsculas gaiolas, as galinhas passam suas vidas amontoadas, incapazes de executar a maioria de seus comportamentos naturais, como fazer ninhos ou abrir suas asas por completo. Essa vida toda de restrição de movimentos pode resultar em graves lesões como fraturas ósseas causadas por osteoporose” explica Gomes.
Um futuro livre de gaiolas
Por causa das controvérsias acerca das condições de bem-estar animal em sistemas convencionais de gaiolas em bateria, a prática já foi banida na União Europeia e em alguns estados dos Estados Unidos. Na América Latina, muitas empresas têm seguido a tendência livre de gaiolas pelo mundo e baniram ou estão em transição para banir o uso de gaiolas de suas redes de fornecimento.
“É crucial que haja também campanhas que conscientizem a população sobre os impactos dos diferentes sistemas de alimentação nas condições de vida dos animais. Por isso, estamos criando uma comunidade de voluntários dedicada a essa conscientização”, diz Gomes.
Foto: Divulgação Sinergia Animal / Alter Conteúdo