Um levantamento elaborado pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) em parceria com as áreas de logística e transporte de suas associadas verificou as reais condições das principais rodovias do Arco Norte. Os dados mostram muitos pontos em condições precárias, tanto nas federais quanto nas estaduais.
O relatório, produzido a partir de inspeções mensais realizadas entre fevereiro e maio, contemplou eixos importantes para o escoamento de grãos: a BR-163, a BR-158 e o trecho da PA-287/TO-335 que liga o Pará até o pátio ferroviário de Palmeirante (TO).
Nas federais, foram identificados trajetos não asfaltados e inúmeros com asfalto esburacado, que degrada pneus, encarece a manutenção dos veículos e dificulta a trafegabilidade, aumentando o consumo de combustível e o tempo de viagem. Há, também, ausência de acostamento e terceira faixa em algumas partes que, somada à profundidade dos buracos, torna o trânsito perigoso, gerando riscos de acidentes que poderiam ser evitados com investimentos na pavimentação, sinalização e geometria das rodovias.
Na BR-158, por exemplo, em épocas de chuva são registrados atoleiros, como na localidade entre o entroncamento do “Luizinho” e Alto da Boa Vista. Ali, as enchentes já chegaram a mais de um metro. Trechos sem pavimentação, com muitos buracos e pedras pontiagudas, limitam as velocidades. É o que acontece entre Alô Brasil e Canabrava do Norte – o tempo médio de travessia é de sete horas para os veículos pesados e não permite velocidades acima de 20 km/h.
A BR-163 também apresenta inúmeros obstáculos. Alguns pontos com grande movimentação não possuem terceira faixa e acostamento, como entre Jangada e Posto Gil. Mesmo as pistas duplicadas já mostram sinais de necessidade de manutenção. São muitos buracos em curvas, no início dos morros e em locais de baixa visibilidade.
O economista-chefe da ABIOVE, Daniel Furlan Amaral, ressalta que o Arco Norte é fundamental para o escoamento da safra brasileira de forma a minimizar as distâncias até os portos e alerta: “Sem boas condições, o frete aumenta, a produtividade obtida até o embarque se perde, as empresas não conseguem se planejar e a competitividade é diluída. O resultado disso tudo é que o desenvolvimento regional fica aquém do potencial”.
Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), 73,0% das rodovias sob administração pública mostraram irregularidades, acarretando um acréscimo estimado de 35,2% nos custos operacionais. Ainda, 71,8% dessas estradas possuem o pavimento classificado como regular, ruim ou péssimo. Essas condições refletem diretamente no frete. Em média, quando um caminhão roda em uma via de qualidade regular, o valor aumenta em 41,0%. Em condições ruins 65,6%, e em péssimas condições o valor quase dobra, chegando a 91,5%.
Estimou-se, inclusive, um consumo desnecessário de 956 milhões de litros de diesel, em 2021, devido à má qualidade do pavimento. Dados da NTC&Logística informam que os custos de manutenção, seguros e pneus apresentaram variações de 6,54%, 22,06% e 17,06%, respectivamente, em relação a 2020.
O relatório mostra, portanto, a importância da alocação de recursos públicos para a manutenção das rodovias e a competitividade da economia brasileira, bem como para a redução do consumo de combustíveis e de indicadores de acidentes.
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