A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) deu mais um passo para a consolidação de novas cultivares de café na Zona da Mata Mineira. No último dia 17 de maio, a empresa realizou uma visita técnica em São Miguel do Anta para apresentar os primeiros resultados de plantios da cultivar MGS Paraíso 2 no município. O trabalho foi desenvolvido em conjunto com extensionistas da Emater-MG.
A plantação das mudas de MGS Paraíso 2 foi realizada em um espaço de 1,2 hectare no sítio Ventania, no início de 2020. Menos de três anos após os plantios, a lavoura já havia apresentado excelentes indícios de adaptabilidade da cultivar e foi possível colher os primeiros frutos de café. O caso de sucesso do sítio Ventania foi apresentado para pesquisadores, extensionistas, viveiristas e secretários municipais presentes na visita técnica.
De acordo com o proprietário do sítio, Leonardo Brumano, o cultivo foi realizado em sistema irrigado. Para ele, o desenvolvimento das plantas superou as expectativas, em termos de vigor e produtividade, sobretudo porque o solo da região era considerado fraco para plantio de café. A fim de resolver o problema do solo, o produtor fez correções com calcário, adubo e esterco de galinha.
“Sempre soube da qualidade da cultivar MGS Paraíso 2. Como legítimo mineiro que sou, eu não queria abrir mão de plantar uma cultivar desenvolvida por pesquisadores do nosso estado, principalmente porque já conhecia os dados de produtividade e de qualidade de bebida da Paraíso 2. O solo da minha propriedade é muito ácido, mas com algumas correções básicas e pontuais foi possível colher frutos vigorosos em um tempo considerado recorde”, afirma Leonardo.
Nova cultivar de café na Zona da Mata
Segundo o pesquisador da EPAMIG, Fábio Tancredi, a cultivar MGS Paraíso 2 ainda é pouco conhecida na Zona da Mata mineira. O pesquisador, contudo, acredita na expansão dos plantios, sobretudo devido às características da cultivar.
“As características que chamam a atenção dos produtores são a alta produção, os frutos graúdos, a resistência à ferrugem e a excelente qualidade de bebida. Seguindo o exemplo das outras regiões de Minas, em breve a cultivar MGS Paraíso 2 também será um sucesso na Zona da Mata”, pondera o pesquisador.
Quando questionado sobre ser administrador de uma propriedade que pode se tornar uma vitrine para a cafeicultura moderna na Zona da Mata Mineira, o produtor Leonardo Brumano não hesita em dizer que é preciso, agora, divulgar o trabalho para seus colegas da região.
“No ano que vem, perto da próxima colheita, meu desejo é chamar o máximo de produtores da região para apresentar os benefícios de cultivares de café mais modernas, como a MGS Paraíso 2. Afinal, implantei minha lavoura com as mesmas tecnologias empregadas em plantios de cultivares mais antigas e menos resistentes a pragas a doenças. Quando sou perguntado se novas cultivares de café são mais exigentes, eu digo que não, isso de acordo com minha própria experiência no campo”, finaliza.
Após a primeira colheita, o objetivo de Leonardo é expandir os plantios de MGS Paraíso 2 em espaços de sua propriedade atualmente ocupados com pasto.
MGS Paraíso 2
Uma das variedades mais premiadas em concursos de cafés especiais, a cultivar MGS Paraíso 2 é resistente à ferrugem, apresenta frutos amarelos, maturação intermediária e elevada capacidade produtiva. Também é uma excelente variedade de café para as condições do Cerrado, tanto para o cultivo irrigado quanto sequeiro. Além disso, apresenta boa resposta à colheita mecanizada e à poda.
Segundo o pesquisador da EPAMIG, Diego Vilela, o que está motivando os produtores a investirem no cultivo de novas cultivares, como a MGS Paraíso 2, é o próprio desempenho no campo. “Como características agronômicas favoráveis ao cafeicultor, podemos dizer que a MGS Paraíso 2 apresenta como destaques, alta produtividade, alto rendimento, excelente qualidade de bebida com aptidão para cafés especiais, resistência à ferrugem e maturação média”, aponta o pesquisador.
Foto: Divulgação / Epamig