As doenças entéricas representam uma preocupação constante para a indústria avícola devido aos prejuízos econômicos em perda de produção, aumento de mortalidade, redução do bem-estar das aves e aumento do risco de contaminação para o consumo humano.
Segundo estudos do pesquisador holandês Wiebe Van Der Sluis, os prejuízos mundiais superam US$ 2 bilhões decorrentes de surtos de enterite necrótica em granjas de frangos de corte. “O agente causador da enterite necrótica é o Clostridium perfringens e suas toxinas. É uma bactéria Gram-positiva encontrada como habitante normal no trato intestinal das aves”, detalha Patrícia Tironi Rocha, mestre em sanidade animal pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e gerente técnica de avicultura da Phibro.
A manifestação da doença ocorre quando a microbiota intestinal dos animais é alterada. “Vários fatores podem interferir, como, por exemplo, o tipo de dieta com grãos mais abrasivos ou de baixa digestibilidade para as aves, imunossupressão por doenças virais, como Gumboro e anemia infecciosa, e micotoxicoses”, afirma. Além disso, a doença pode estar relacionada à presença de outras patologias, principalmente a coccidiose, outra inimiga conhecida dos avicultores.
A enterite necrótica acomete as aves por volta de quatro semanas de idade, podendo se apresentar de forma clínica aguda ou subclínica, dependendo da carga bacteriana no intestino do animal. “Na forma clínica, observamos principalmente aumento na mortalidade, quadros de diarreia e lesões de necrose na mucosa intestinal”, diz Patrícia.
Já na forma subclínica, que pode causar muitos prejuízos na produção de forma silenciosa, a bactéria causa dano crônico na mucosa intestinal, reduzindo a absorção e a digestão. “Consequentemente, causa diminuição no ganho de peso e piora na conversão alimentar, além de dificultar o processamento no abatedouro por baixo peso, desuniformidade e condenação por danos hepáticos”, destaca.
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