Anualmente, milhares de produtos falsificados são apreendidos no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), itens como medicamentos – inclusive para uso animal – produzidos com matérias-primas de baixa qualidade, sem bioequivalência ou mesmo com princípios ativos diversos dos anunciados ou em quantidades diferentes, podem causar sérios problemas de saúde nos animais e colocar em risco a segurança dos nossos alimentos.
Buscando conscientizar a sociedade sobre a gravidade dessa situação, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) lançou a campanha “Olhos Abertos”, que alerta sobre os perigos dos medicamentos veterinários piratas, seja para os animais de produção ou de companhia. O objetivo é alertar sobre os perigos desses produtos e dar dicas para evitar golpes, cada vez mais comuns em um mundo digitalizado. Tudo para que tutores e produtores tenham total confiança nos medicamentos oferecidos aos seus animais.
De acordo com Emílio Salani, vice-presidente executivo do Sindan, a compra de produtos veterinários piratas é uma ameaça à saúde animal porque eles não são verificados pelos órgãos responsáveis por garantir a qualidade, segurança e eficácia. “Isso faz com que na sua composição possam ser encontrados ingredientes tóxicos e ilegais. Os pets, por exemplo, cada vez mais são vistos como membros da família. Se você não daria um produto de caráter questionável para seu filho, por que daria ao seu animal?”, explica Emílio. Ele complementa que, para animais de produção, esses produtos podem impactar negativamente o bem-estar, causar perda de produtividade, além de comprometer a qualidade do produto final.
Mais do que o alerta, a campanha também traz um canal de denúncias para que os consumidores que desconfiarem de algum produto possam enviar os seus relatos de forma anônima ao Sindan, que por sua vez repassará as informações às autoridades competentes. O formulário para denúncias está disponível no site da Campanha: Olhos Abertos
Desde o início da iniciativa, o sindicato recebeu diversas informações por meio do canal de denúncias, que foram repassadas às empresas detentoras dos materiais. O Sindan ainda colaborou com a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina) para a elaboração de uma cartilha destinada aos órgãos fiscalizadores, para que eles possam aprimorar o combate aos produtos ilegais.
Outra preocupação da campanha é o contrabando, já que a falta de registro pode fazer com que os produtos tragam substâncias danosas aos animais. E, com o aumento de vendas de produtos veterinários online, motivado pela pandemia de Covid-19, a atenção se torna ainda mais necessária. “A solução para este problema está na conscientização. Precisamos interromper esse processo que tem um efeito dominó: prejudica o governo, a indústria e, principalmente, o consumidor, que é lesado ao efetuar uma compra e não obter o benefício daquele produto. Para isso, contamos com a ajuda dos órgãos governamentais”, afirma Salani.
No site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é possível acessar o sistema Sipeagro de registro e cadastro de estabelecimentos e produtos agropecuários. A página traz orientações sobre produtos, orientações legais, médicos veterinários cadastrados e outras infomações. Na plataforma, também é possível consultar o Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit), que permite a consulta dos produtos agroquímicos registrados no Brasil.
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