Cotonicultores da região noroeste de Minas Gerais começam a receber, na semana vindoura, as primeiras capacitações e treinamentos para incorporação das tecnologias, produtos e processos gerados pela pesquisa para manejo em lavouras de algodão agroecológico. As atividades serão concentradas nos municípios de Riachinho e Arinos, beneficiando, inicialmente, agricultores de Bonfinópolis, Dom Bosco, Natalândia, Santa Fé de Minas e Uruana de Minas.
Segundo Felipe Macedo Guimarães, analista do Setor de Implementação da Programação de Transferência de Tecnologias da Embrapa Algodão (Campina Grande – PB), a ideia inicial é que os cotonicultores mineiros experimentem a cultivar 416 de algodão branco, desenvolvida pela estatal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), identificada por suas características agronômicas que poderão melhor se adaptar àquela região.
A iniciativa conta com a parceria com o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), que desde 2019 vem fomentando o resgate do cultivo dessa fibrosa em bases ecológicas no noroeste mineiro. “O projeto terá duração inicial de dois anos e nosso trabalho será realizado tendo como base a implantação de Unidades de Aprendizagem e Pesquisa Participativa, as chamadas UAP’s, para viabilizar soluções tecnológicas para o desenvolvimento da cadeia do algodão agroecológico no Cerrado do Noroeste de Minas”, detalha Macedo.
Basicamente, a equipe técnica da Embrapa pretende preparar 40 agentes multiplicadores por meio das UAP’s, difundindo conhecimento prático sobre o sistema de cultivo do algodão em consórcios agroalimentares. “Outra meta é determinar o desempenho agronômico de cultivares e de alguns genótipos de algodão convencional nas condições de solo e de clima do Noroeste de Minas Gerais e ainda, a posteriori, analisar a qualidade de fibra do algodão produzida no sistema agroecológico implantado nesse território”, acrescenta o especialista.
Consórcios agroalimentares
Pesquisadores e analistas da Embrapa Algodão vão também proceder a validação do aplicativo Sobcontrole junto aos produtores de algodão agroecológico, para o monitoramento constante de pragas e de doenças que acometam o cultivo. Outras tecnologias a serem oferecidas ali serão a colheitadeira de uma linha e a máquina deslintadora de sementes por flambagem.
O projeto prevê a capacitação remota e presencial de técnicos e de agricultores e agricultoras familiares através de práticas e experimentações com metodologias participativas para desenvolvimento de sistema de cultivo do algodão em consórcios agroalimentares.
“Com o suporte do ISPN nós teremos excelentes condições de oferecer um processo de atualização tecnológica para os plantadores de algodão do noroeste mineiro. A metodologia que vamos disponibilizar já se mostrou eficiente em diversas localidades do Nordeste do Brasil. O cultivo consorciado do algodão com cultivos agroalimentares pode oferecer uma alternativa significativa de renda e de sustentabilidade para essas famílias camponesas e o algodão orgânico tem um potencial de mercado que está apenas começando aqui no Brasil”, afirma Marenilson Batista, pesquisador que coordena o projeto na Embrapa.
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