Os efeitos climáticos nas regiões produtoras brasileiras têm provocado movimentos de alta nos preços de frutas e hortaliças no país. Uma das mais atingidas foi a cenoura, que registrou os maiores patamares dos últimos anos. Os dados são do 3º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que traz a cotação dos produtos nas Centrais de Abastecimento (Ceasas). De acordo com o boletim, as chuvas frequentes na principal região produtora e abastecedora nacional de cenoura, em São Gotardo/MG, provocaram perdas nas lavouras e baixa produtividade, e mantêm a tendência de alta no mercado atacadista neste mês de março.
A cebola e a batata também não ficaram muito atrás. Com origem concentrada na Região Sul, principalmente em Santa Catarina, a cebola segue com cotações elevadas. Além disso, a oferta em fevereiro foi menor em comparação com o mês de janeiro. Para compensar, já se observa um aumento nas importações. A batata, que ficou mais cara em todas as Ceasas analisadas, mostrou percentuais significativos especialmente em Recife/PE (76,98%) e Curitiba/PR (40,93%). A menor disponibilidade do produto de Minas Gerais e Paraná, grandes abastecedores do mercado, tem exercido pressão sobre os preços, embora haja indícios de certo arrefecimento em março.
No caso do tomate, o movimento de alta iniciado nos últimos meses de 2021 continua ascendente. Em fevereiro, somente três mercados tiveram quedas nos valores de venda: Fortaleza/CE (15,48%), Recife/PE (10,88%) e Belo Horizonte/MG (3,59%). No entanto, no início deste mês a tendência do produto mais caro se manteve nas Centrais de Abastecimento.
Frutas
Maçã, mamão e melancia, que se encontram em um momento de baixa oferta nacional, também ficaram mais onerosos para compra nos mercados atacadistas em fevereiro. Para a maçã foi registrada pequenas elevações na maior parte das Ceasas, especialmente as variedades fuji e gala, com leve aquecimento da demanda. Segundo associação de produtores, há possibilidade de quebra de safra para a próxima temporada. O mamão foi menos comercializado, mas ainda com preços altos na maioria das Ceasas. “A demanda esteve estagnada e os custos dos produtores foram elevados. Além disso, as exportações caíram”, explica o gerente substituto de Estudos do Mercado Hortigranjeiro da Conab, Arthur Vasconcelos. “Já a melancia, as regiões baianas e paulistas começaram a elevar levemente a oferta da fruta, mas ocorreu diminuição da produção gaúcha e a demanda interna ainda está restrita. As exportações permaneceram em bons patamares”.
Outras frutas analisadas, como banana e laranja, não tiveram um comportamento uniforme nas cotações. No caso da banana, a variedade nanica esteve mais em conta e funcionou como freio aos aumentos da variedade prata, em período de entressafra. “A laranja teve redução da oferta no atacado, mas ainda sem repasse aos consumidores, em grande parte por causa da demanda no varejo se comportar de forma restrita”, afirma o superintendente de Estudos Agroalimentares e da Sociobiodiversidade da Conab, Marisson Marinho. “Nesse momento de preços altos, ressaltamos a importância das ferramentas que a Conab disponibiliza para auxiliar agentes e consumidores, como o aplicativo Prohort, que traz os valores diários dos produtos hortigranjeiros nas Ceasas das capitais e do interior do país, além do próprio Boletim e o Portal da Companhia, que permite a busca sobre oferta e origens dos hortifrutis, o volume de comercialização nas Ceasas, entre outros”.
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