Por Gabriela Terra* – A irrigação na cultura do café já é consolidada em muitas regiões cafeeiras, concentrando principalmente, no caso do café arábica, no triângulo mineiro e alto Paranaíba. Aproximadamente 450 mil hectares de café são irrigados, somando arábica e conilon, correspondendo a 20% de toda a cafeicultura nacional. A área irrigada é responsável por 40% de toda produção nacional de café.
Entretanto, para se ter sucesso com a irrigação é necessário que o projeto seja bem dimensionado. Realizando um estudo prévio da cultura que será implantada, levando em consideração a demanda hídrica, o tipo de solo, conhecendo a capacidade de retenção e disponibilidade para as plantas, referências da região tendo em vista a topografia, dados climáticos de precipitação e evapotranspiração, para assim definirmos a lâmina, espaçamentos, modelo do emissor e outras informações técnicas para o projeto.
Além do dimensionamento adequado, o manejo da irrigação e fertirrigação também desempenha um papel importante para que o sistema atinja os seus objetivos de elevar a produtividade e qualidade dentro de uma propriedade. Mas afinal, qual melhor momento para se pensar em um projeto de irrigação para a lavoura de café, seria para plantas recém-plantadas ou plantas adultas?
Em circunstâncias normais, a média de produtividade de sequeiro está por volta de 25 a 30 sacas, enquanto em áreas irrigadas de 50 a 60 sacas. Quando pensamos na primeira colheita, algumas lavouras de sequeiros conseguem atingir 15 sacas por hectare, enquanto áreas irrigadas logo na primeira colheita chegam a produzir 40 a 50 sacas por hectare.
Na ocasião em que a irrigação é implantada juntamente com o plantio das mudas o risco de perdas por déficit hídrico é menor e a umidade do solo estará mais favorável para a aclimatação das mudas no campo, além disso a taxa de replantio em áreas irrigadas é de 2 a 5%, enquanto em áreas de sequeiro a taxa pode chegar até 20% dependendo das condições climáticas. Em adição a isso a irrigação propicia uma produtividade elevada desde a primeira colheita.
Portanto, o planejamento em áreas que serão realizados o plantio sem irrigação deve ser muito maior, pois o pegamento das mudas é absolutamente dependente das chuvas.
Entretanto, a implantação em lavouras já formadas também é recomendada, pois com o fornecimento de água, principalmente nas fases mais críticas da cultura, aumenta a eficiência no processo de fotossíntese, consequentemente aumentando a produtividade. Nesse caso o uso da irrigação pode auxiliar na indução de floradas mais homogêneas, resultando em grãos mais graúdos e maturação uniforme.
Dentre outras vantagens da implantação de irrigação em lavouras adultas estão: a redução dos efeitos da bienalidade, possibilidade de realização de um balanço nutricional de acordo com a fase fenológica com a técnica da fertirrigação e aumento da produtividade, com médias superiores a 60 sacas.
Entendemos que a irrigação tem seus benefícios e resultados positivos tanto para lavouras já formadas, como também para lavouras recém-plantadas. Por essa razão, o sucesso da irrigação está inteiramente ligado ao dimensionamento adequado do projeto de irrigação e o manejo e manutenção nos anos posteriores.
(*) Gabriela Terra é especialista agronômica da Netafim
Foto: Divulgação Netafim / Alfapress Comunicações