As vendas de tilápia brasileira ao exterior registraram um recorde histórico nos doze meses encerrados em dezembro de 2021. Foram embarcadas a clientes estrangeiros 4.285 toneladas, equivalentes a US$ 14 milhões. Em 2020 haviam sido exportadas 1.537 toneladas, um aumento de 179%.
Pela primeira vez desde o início da série avaliada pela plataforma (1997), os exportadores de tilápia embarcaram 954 toneladas apenas em dezembro, um desempenho inédito. Os filés de tilápia já se tornaram o principal item de exportação na categoria filé, com receitas de US$ 7,623 milhões, equivalentes a 1.275 toneladas. O desempenho proporcionou um crescimento de 44% em volume.
No âmbito da cesta completa de produtos de pescado enviados ao exterior, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações. Os norte-americanos compraram ao todo 24 mil toneladas de pescado brasileiro, volume pelo qual pagaram US$ 217 milhões – 57% a mais do que gastaram em 2020.
Já a China, nosso segundo cliente global, comprou 5,5 mil toneladas, 4% mais em relação ao ano passado. Por esse volume, gastou US$ 41,1 milhões, um aumento de 67,8% ante o ano anterior. A alta se deve ao incremento das exportações de lagostas, produto com valor agregado mais alto que a média dos demais produtos.
Entre os que importaram mais de US$ 1 milhão no ano, a Venezuela foi o país que mais aumentou compras em 2021: as 651 toneladas representaram alta de 416,6% no volume exportado, basicamente conservas provenientes de uma grande multinacional situada no Ceará. A República Dominicana vem na sequência do ranking com 329,2% de aumento das divisas por conta da aquisição de pargos. O Canadá e o Japão também se destacaram com crescimentos de três dígitos: 170,5%% e 157,1%, respectivamente.
As lagostas lideraram as exportações brasileiras de pescado até dezembro, com um total de 2.921 toneladas vendidas a US$ 117 milhões – alta de 55% no faturamento -, muito embora tenha registrado 9,4% de aumento no volume.
As caudas de lagosta que seguem para os EUA tiveram um aumento no preço médio de 56,8%, saltando de US$ 35.315/tonelada para US$ 55.390/tonelada. Apesar de os Estados Unidos e a China corresponderem a 85% de tudo o que foi exportado nesta categoria, o maior crescimento proporcional ocorreu no Canadá, que não havia comprado nada em 2020 e pulou para 11,9 toneladas de lagostas.
Déficit menor
Um dos destaques do ebook é o aumento contínuo das exportações ao longo dos últimos 10 anos, de 36 mil toneladas para 50 mil. Os embarques reduziram o desequilíbrio da balança comercial brasileira de pescado. Nos últimos três anos, o déficit tem ficado abaixo de US$ 1 bilhão. A diferença entre importações e exportações em 2021 foi de US$ 820 milhões. No pico do déficit comercial, em 2014, era de US$ 1,34 bilhão.
Já as importações oscilaram durante a década em volumes entre 300 mil toneladas e 400 mil toneladas. No ano passado, os fornecedores estrangeiros enviaram 316 mil toneladas ao Brasil, o que denota uma lenta redução em curso. O ápice histórico das compras externas aconteceu em 2013, quando o Brasil adquiriu 418 mil toneladas.
O Chile e os 10 principais países fornecedores em volume representam 95% das importações, somando 299,6 toneladas. De cada 3 kg de pescado importado, 1 kg foi de salmão chileno – este produto apurou um aumento nada simbólico de 59% no valor pago no período, fechando 2021 a US$ 6.599/tonelada.
A Argentina, que já despachou 92 mil toneladas ao Brasil no início da série histórica, apurou em 2021 desempenho três vezes menor com uma pauta concentrada na merluza. O produto integra a categoria de filés brancos congelados, muito popular no varejo brasileiro, mas que vem perdendo espaço para a tilápia nacional.
Entre os asiáticos, o Vietnã embarcou 28,5 mil toneladas de filé de pangasius para o Brasil em 2021, contra 22,4 mil toneladas em 2020 – ascensão de 27%. Depois de atingir um pico de 93,4 mil toneladas em 2013, os embarques da China iniciaram uma trajetória descendente a um ritmo de -10,3% ao ano e chegaram no ano passado a 16,3 mil toneladas.
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