Com o ingresso de US$ 570,6 mil em novembro, a receita cambial com as exportações brasileiras de café avançou para US$ 5,4 bilhões no acumulado de 2021, apresentando evolução de 5,9% na comparação com os ingressos obtidos em igual período de 2020. No mesmo intervalo, o volume embarcado recuou 10%, fechando os 11 primeiros meses deste ano em 36,3 milhões de sacas de 60 kg. Os dados fazem parte do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Segundo o presidente da entidade, Nicolas Rueda, o desempenho positivo da receita reflete um cenário de câmbio forte e os elevados preços internacionais do produto. “Temos vivenciado momentos de volatilidades muito altas no mercado, com as cotações se aproximando de níveis históricos em reais. O preço médio das exportações em 2021, de US$ 148,81 por saca, é o maior desde 2017. Aliado a isso, o dólar permanece fortalecido frente ao real, o que favorece o crescimento da entrada de recursos ao Brasil com as remessas cafeeiras”, explica.
Em relação à queda no volume das exportações, Rueda anota que resulta do impacto da continuidade dos gargalos logísticos no comércio marítimo global e da menor safra colhida pelo Brasil em 2021. “Diante da colheita mais baixa este ano, seguimos convivendo com disputa por contêineres, espaço nos navios, sucessivos cancelamentos de bookings, rolagens de cargas e fretes extremamente altos. Esse cenário preocupa, uma vez que expertos do segmento indicam que se arrastará a 2022, devido ao grande volume dos produtos agrícolas acumulados nos portos do Brasil, o que impactará o desempenho de nossos embarques”, projeta.
De acordo com ele, adicional aos problemas logísticos que “integram o quadro do novo normal”, é importante lembrar que a cadeia produtiva vem fazendo sua transição à safra 2021/22, que é de ciclo baixo e bem inferior à safra recorde passada. “Por tanto, o potencial mesurado através dos volumes de exportação deverá continuar registrando uma tendência negativa, fenômeno completamente normal e esperado em função dos menores volumes de produção”, argumenta.
O presidente do Cecafé pondera, entretanto, que, mesmo diante das dificuldades recentes, é válido destacar a resiliência e a inovação dos exportadores brasileiros de café. “Com a anuência dos importadores em destino, esses profissionais desafiaram a logística clássica baseada no contêiner e buscaram alternativas, como, por exemplo, a modalidade ‘break bulk’. Tudo com o intento de vencer os gargalos derivados da falta de contentores e frequências marítimas”, completa.
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