O agricultor familiar João Batista Borges, assistido pela Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), revela como impulsionou a produtividade de sua propriedade ao adotar a atividade por meio do sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
Pecuarista leiteiro, João foi um dos primeiros agricultores familiares do País a introduzir o cultivo de florestas incorporado à criação de gado. O projeto teve início em 2018, em sua fazenda batizada de Dona Ana, em Quirinópolis, na Região Sul de Goiás. Ele já havia pesquisado sobre o assunto antes de a Emater e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Emater) entrarem em cena e transformarem a propriedade em um modelo para outros produtores da região.
Todo o processo foi acompanhado pelas instituições, desde o fornecimento de mudas até o manejo das árvores. No ILPF, são mantidos diferentes sistemas produtivos (agrícolas, pecuários e florestais) em uma mesma área, de maneira consorciada, em sucessão ou rotação, para que haja benefício mútuo para todas as atividades ali praticadas.
Com 44 hectares, a propriedade de João encontrou no eucalipto a personagem principal para o povoamento florestal do espaço. Além da produção de leite, a lavoura de soja completa o ciclo produtivo do sistema. “As vacas entram no pasto e encontram sombra e conforto, então houve melhoria na produção. Também vimos os passarinhos voltarem”, relata.
Associado ao ILPF, o pecuarista utiliza ainda o pastejo rotacionado, metodologia em que a área de pastagem é dividida em piquetes, que são submetidos a períodos alternados de pastejo e descanso. Hoje a fazenda produz cerca de 700 litros de leite por dia, alimento que se tornou a principal fonte de renda da família Batista.
Difusão
A Região Sul de Goiás vem se tornando referência em Integração Lavoura-Pecuária (ILP), graças ao acompanhamento da Emater junto aos produtores rurais. Atualmente, 88 propriedades assistidas pela Agência aderiram a tecnologia em sete municípios: Quirinópolis (62), Caçu (08), Gouvelândia (07), Paranaiguara (05), Itajá (03), Inaciolândia (02) e Cachoeira Alta (01).
O objetivo agora, segundo o engenheiro agrônomo Jesus Olacir Fernandes, é difundir o cultivo de florestas integrado às atividades já exercidas pelos agricultores familiares. “Uma área que inicialmente era destinada somente à pecuária de leite pode passar a produzir simultaneamente madeira e grãos. Isso viabiliza uma produção maior e mais diversificada, de maneira econômica e ambientalmente sustentável”, explica.
O especialista esclarece ainda que com planejamento a tecnologia de ILPF pode ser aplicada em qualquer propriedade, de grande, médio ou pequeno porte. É necessário também avaliar as condições edafoclimáticas do local, ou seja, fatores como temperatura, relevo, litologia, umidade do ar, radiação e tipo de solo. “É um sistema mais complexo. Falamos que quando você implanta ILPF, você muda de prateleira”, atenta.
Por isso, ainda conforme o profissional, é fundamental que alguém habilitado assista todas as etapas da implementação. A Emater pode colaborar oferecendo técnicos habilitados, responsáveis por orientar quanto à escolha de mudas, adubação adequada e controle de pragas; e auxiliando na aquisição de equipamentos de precisão, por meio da elaboração de projetos de financiamento rural.
Foto: Divulgação / Emater Goiás