Consideradas um problema mais recente nas plantações, as cigarrinhas podem gerar impactos significativos para a cultura do milho. Além do dano direto provocado, o potencial de transmissão de patógenos é visto como agravante da presença do inseto no campo, podendo gerar perda de até 80% na produtividade. O tema foi abordado pelo pesquisador e coordenador do laboratório de manejo integrado de pragas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jerson Guedes, no episódio “Pragas sugadoras do milho” da playlist “Guardiões da Produtividade”, disponibilizado no canal da UPL no Spotify.
“A cigarrinha produz o dano direto, que é a alimentação nos tecidos e nos vasos da planta e, portanto, extrai a seiva e reduz a produção de massa verde e, logo, de produção de milho”, explica o pesquisador. “O dano indireto, que é muitas vezes mais importante do que o próprio dano direto, é a capacidade do inseto de transmitir patógenos – geralmente bactérias e vírus que causam os enfezamentos do milho. Esses enfezamentos são causados por espiroplasmas e fitoplasmas que podem gerar perdas muito importantes na produtividade”, destaca Guedes.
O percentual de impacto depende da maneira como a praga atinge a plantação. Nos casos em que os danos são associados – direto e indireto –, os prejuízos podem chegar a números ainda mais altos, com registros de até 80% da lavoura. Fatores como época da infestação e capacidade de transmissão são preponderantes para se obter um cenário com níveis elevados de propagação da praga. Ainda segundo Guedes, o produtor pode intervir neste contexto com a utilização de cultivares mais resistentes, tratamento de sementes e pulverizações de inseticidas eficazes.
“Devemos estudar o histórico da área e considerar especialmente as plantas voluntárias que sobram e que acabam hospedando, fora de época, a cigarrinha e os patógenos”, sugere o pesquisador. Para ele, outra medida essencial é “semear o mais cedo possível e tentar não escalonar essas semeaduras no caso de segunda safra, para que se evite alternativas de sobrevivência do inseto”.
“Há muitos avanços recentes nos aspectos genéticos ou fitotécnicos com relação à nutrição, química e biológica, e isso conduz a uma elevação muito grande da produtividade nacional. Por outro lado, isso dá ao produtor uma responsabilidade de proteger ainda mais o milho. As médias nacionais alcançam em torno de 5,3 toneladas por hectare, mas os produtores mais qualificados produzem em torno de 9 t/ha. Esse cenário de altas produtividades exige níveis elevados de proteção ao investimento, reduzindo as perdas”, salienta Guedes.
Foto: Sistema CNA Senar