Que o Brasil é uma referência na pecuária mundial não há dúvida. O país lidera as exportações de carne bovina e também possui o maior rebanho do planeta.
Dia a dia cresce a demanda por carne brasileira, porém, também é um mercado que convive diariamente com duas realidades bastante contraditórias.
Em um extremo estão os pecuaristas adeptos de alta tecnologia, como IATF (inseminação Artificial em Tempo Fixo), e, do outro, aqueles que sequer utilizam touros melhoradores na reprodução do rebanho.
Por este motivo, um estudo da Embrapa aponta que metade dos pecuaristas brasileiros deverão desaparecer nos próximos 20 anos e ainda assim dobraremos a produção de proteína vermelha.
Seja por IATF ou monta natural (realidade esmagadora das fazendas), escolher um bom boi Nelore, que é a principal raça no rebanho nacional e responsável por projetar o Brasil no cenário mundial de produção de carne bovina, é o caminho mais rápido para alavancar os resultados da propriedade.
Um bom touro precisa ser capaz de caminhar longas distâncias, cobrir as vacas todos anos, gerar bezerros com facilidade de parto, repassar maior peso à desmama aos machos e habilidade materna às fêmeas, além, claro, de maior peso adulto e qualidade de carcaça.
Há touros Nelore no mercado, sejam eles PO ou CEIP, capazes de imprimir carcaças com ótima qualidade frigorífica, aumentando o peso à desmama entre 30 e 60 kg ou gerando abates de 20@ antes dos 30 meses de idade.
Mas nem sempre os candidatos a reprodutores vão reunir todas as qualidades desejadas, por isso o pecuarista deve ficar atento ao touro Nelore a ser utilizado na estação de monta que se iniciou agora em outubro. Em especial, aqueles sem assistência técnica.
Não basta ter bons números nos sumários de touros dos Programas de Melhoramento Genético PO e CEIP ou ter padrão racial garantido pelo registro genealógico definitivo na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), o touro deve ser um pacote completo.
“Um touro precisa ser harmônico, equilibrado, comprido, arqueado, profundo, possuir bons aprumos e cascos fortes, bainha e umbigo bem posicionados, escroto de bom tamanho, forma e posicionamento, boca larga e narinas amplas, peito aberto, com costelas bem arqueadas, longas, espaçadas, garupa extensa e larga”, explica o zootecnista Roberto Vilhena Vieira.
E continua: “musculatura bem distribuída e concentrada na região dorso-lombar e garupa, onde se encontram os cortes mais valorizados e desejados pelos consumidores de carne bovina complementam esse pacote”.
Resumindo, o touro Nelore necessita ser funcional, produtivo, precoce e se vier acompanhado de ótimas Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs), além da expressão racial desejada, melhor ainda.
O pecuarista que não está familiarizado com a sigla tem de se informar, pois estes são indicadores das características genéticas transmitidas pelo animal. É importante procurar reprodutores com uma régua de DEPs equilibrada, assim melhora-se uma característica sem prejudicar outras importantes.
Por exemplo: não faz sentido produzir crias com peso à desmama acima da média, se vão gerar problemas de parto ou novilhos abatidos acima de 18@ sem o devido acabamento de carcaça.
Também é necessário aprofundar os conhecimentos em morfologia, porque touros com aprumos retos ou acurvilhados, umbigo “agarrado” ou apontando para o chão e falta de pigmentação, em outro exemplo, terão sérias dificuldades para caminhar, reproduzir ou enfrentar as intempéries numa pastagem extensiva.
Quem ainda não usa touro melhorador é candidato a deixar a atividade em breve e quem já utiliza, mas não diferencia um touro PO (Puro de Origem) de outro CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção) ou não sabe a melhor forma de explorar cada um deles está reduzindo sua margem de lucro ano a ano.
Se você deseja saber se erra ou acerta ao escolher um touro Nelore para reprodução, o zootecnista Roberto Vilhena preparou um check-list exclusivo que pode ser baixado clicando aqui. Caso se identifique em alguma das situações listadas, você terá de aprimorar o conhecimento.
Na foto 1, o touro apresenta um sério problema de aprumo, conhecido como “perna de frango”. Esse é um defeito genético com alta probabilidade de ser repassado à progênie.
O problema acontece quando o jarrete do animal apresenta angulação reta, o que o obriga a erguer a garupa para se equilibrar. Isso causa incômodos na coluna e sobrecarrega as quartelas, nas patas.
No longo prazo, o animal passa a sentir dor para caminhar, deixa de se alimentar adequadamente e reduz o número de coberturas a cada estação de monta, diminuindo sua vida útil no plantel.
Na foto 2 vê-se o resultado final de uma touro com desvio no umbigo, que, em pastagens extensivas, gera este tipo de lesão, acarretando no descarte involuntário do touro.
Com 33 anos de experiência como zootecnista e 20 como jurado efetivo da ABCZ, Roberto Vilhena criou um treinamento batizado de Touro Nelore 30K para ajudar pecuaristas na tarefa de escolher seu próximo reprodutor.
Dividido em 14 módulos, no curso online, Roberto explica de forma simples, conceitos de morfologia, DEP e manejo de touros tanto a quem ainda não usa touro Nelore na reprodução do rebanho quanto aqueles interessados apenas em reprodutores PO ou CEIP.
Fotos: Divulgação / Pecpress