A gestão do uso da água será prioridade máxima e primordial na agenda dos produtores rurais para os próximos anos. A administração do recurso é tema recorrente, mas a atenção precisará ser reforçada para o enfrentamento da crise hídrica que começa a afetar as previsões.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), problemas climáticos poderão afetar a taxa anual do Produto Interno Bruto (PIB), o que traz um alerta para o cuidado com o manejo da água, devido à possibilidade de seca.
Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, divulgado em agosto, a estimativa da safra foi reduzida pelo quarto mês consecutivo em 2021, porém, em comparação com 2020 se mantém 0,8% superior.
Entre as soluções disponíveis para aprimorar a gestão hídrica e de energia está a digitalização do sistema de distribuição. Através de tecnologias inteligentes é possível monitorar a qualidade e quantidade de água e a detecção de vazamentos de água em redes de distribuição. O método já é utilizado em países como Reino Unido e EUA onde as perdas na rede de distribuição de água potável são em torno de 20%. Sendo que um estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado em maio deste ano, apontou que a perda na rede de distribuição brasileira foi de 38,4%.
A gestão e rastreabilidade de pulverização aérea é outro exemplo de tecnologia que contribui para a preservação dos recursos hídricos, pois através dos mapas, das faixas de aplicação e dos talhões alvo definidos no pré-voo, é possível ter uma pulverização assertiva impedindo que lençóis freáticos, rios e lagos sejam atingidos, protegendo os recursos hídricos.
Outro fator que torna a prática uma solução ambientalmente responsável e sustentável frente à crise hídrica é a quantidade de água utilizada no processo de pulverização. “O sistema é mais preciso, torna a aplicação mais efetiva e, consequentemente, contribui para a economia de água. É mais uma forma de preservar o recurso, ainda mais neste momento em que cada gota importa”, explica Leonardo Luvezuti, engenheiro agrônomo da Perfect Flight.
O especialista ressalta ainda a importância da conscientização e mentalidade sustentável para o desenvolvimento de soluções. “Precisamos reconhecer a água como um recurso natural finito que deve estar aliado às soluções tecnológicas para assegurar o máximo de eficiência no uso. Isso vem agregado a um trabalho de gestão, administrando demandas e disponibilidade, o conhecimento técnico para o manejo nos diferentes fins, sempre com cuidados em relação à sustentabilidade ambiental, social e econômica”, comenta.
Uma tecnologia muito utilizada em Israel, o processo de osmose reversa para dessalinização de água, também poderia ser avaliada para o fornecimento no Brasil. Mais uma alternativa para a crise é aumentar a irrigação por gotejamento para reduzir o consumo dos recursos hídricos, e garantir a água e os nutrientes necessários para o cultivo. Além disso, é importante pensar em investir na recuperação de mananciais.
“A união de esforços por parte dos produtores, das empresas, da sociedade e governos, por alternativas para que possamos superar as adversidades da crise hídrica é muito importante para o desenvolvimento econômico e sustentável do país”, finaliza Luvezuti.
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