Minas Gerais poderá ganhar, em breve, mais uma região com o reconhecimento de produtora do Queijo Minas Artesanal. Um trabalho de caracterização da área denominada Entre Serras da Piedade ao Caraça está em fase avançada e abrange os municípios de Catas Altas, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Rio Piracicaba, Bom Jesus do Amparo e Caeté, região Central do estado. O levantamento está sendo feito há cerca de um ano pela Emater-MG.
A caracterização de uma região produtora de Queijo Minas Artesanal é o primeiro passo para o reconhecimento oficial. Atualmente, Minas Gerais conta com oito regiões já reconhecidas como produtoras deste tipo de queijo: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serras da Ibitipoca, Serro e Triângulo Mineiro.
O reconhecimento de uma região produtora é respaldado por estudos do processo de fabricação. Entre as características analisadas de cada região também estão a história, economia, cultura, clima e outros itens.
“Na região de Entre Serras da Piedade ao Caraça, já foi aplicado um questionário para levantamento de dados e conhecimento da realidade dos produtores. Atualmente, está sendo feita a caracterização do meio físico”, explica a coordenadora estadual de Queijo Minas Artesanal da Emater-MG, Maria Edinice Rodrigues.
Somente os queijos produzidos nas regiões caracterizadas são autorizados a usarem a nomenclatura na embalagem. Por exemplo, só pode explorar no rótulo o nome Queijo da Canastra, Queijo do Serro ou Queijo de Araxá quem está dentro dessas microrregiões.
Segundo a coordenadora regional de Bem-Estar Social da Emater Sheilla Forza, a produção mensal de Queijo Minas Artesanal de Entre Serras da Piedade ao Caraça está estimada em 1,4 mil queijos. Ela ressalta vários benefícios que a caracterização poderá trazer para os produtores. “Agregação de valor ao produto, melhoria da qualidade dos queijos na região, diversidade gastronômica, segurança alimentar, aumento da renda familiar e ocupação da mão de obra, entre outros”, afirma.
O trabalho de caracterização da região de Entre Serras da Piedade ao Caraça é uma parceria da Emater-MG com prefeituras municipais, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Senac, Santuário do Caraça e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).
Oficina com produtores
Uma das etapas do trabalho de caracterização da região de Entre Serras da Piedade ao Caraça será uma oficina para os produtores promovida pela Emater-MG, no dia 28 de setembro, em Barão de Cocais. A expectativa é a participação de 16 produtores de Queijo Minas Artesanal. “Nesta oficina, vamos definir as características sensoriais do queijo da região, como a textura, consistência, tamanho, peso, sabor e odor”, explica Maria Edinice.
O nome da região produtora é pelo fato de abranger municípios localizados entre a Serra da Piedade e a Serra do Caraça. Após a conclusão dos estudos de caracterização, o relatório segue para análise da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Caso aprovado, o reconhecimento é oficializado com a publicação de uma portaria no Diário Oficial do Estado.
Características do Queijo Minas Artesanal
O Queijo Minas Artesanal é uma iguaria herdada dos colonizadores portugueses e foi reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Ele precisa ser feito a partir do leite integral de vaca fresco e cru, retirado e beneficiado na propriedade de origem. O queijo deve apresentar consistência firme, cor e sabor próprios, massa uniforme, isenta de corantes e conservantes.
Na fabricação, além do sal e do coalho, é utilizado o pingo: um fermento natural extraído do soro da produção de queijo do dia anterior. A estimativa é de que o Queijo Minas Artesanal seja produzido por 9 mil pequenos produtores do estado.
Foto: Divulgação Emater-MG