Um dos projetos de maior sucesso apoiado pela Fundação Jari, de coleta de castanhas-do-pará, acaba de receber investimentos de R$ 220 mil para construção de um ponto de apoio (barracão) para os extrativistas da região do Rio Paru, que auxiliará na expansão do negócio. O aporte financeiro chega em boa hora para sequência de ações de fortalecimento da organização e bem-estar social das comunidades que vivem da extração do produto na região do Vale do Jari, localizada entre o Amapá e o Pará. A nova construção, que contará com cozinha, banheiros, depósito e rampa de acesso, tem previsão de início das obras ainda este ano.
Desenvolvido pela Fundação Jarí e pela Biofílica, em parceria com outras instituições regionais, o projeto tem como objetivo prestar apoio estrutural aos extrativistas de castanha, visando o fortalecimento do trabalho e a geração de renda às famílias, além da conservação da floresta. Todo o trabalho tem como premissa incentivar o desenvolvimento regional sustentável, por meio das boas práticas de produção e de comercialização no contexto das cadeias produtivas. Assim, e como promoção das boas práticas nesse contexto, ocorre de maneira regular a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural.
Via de duas mãos
A coleta de castanhas-do-pará vem, ao longo dos anos, apresentando resultados substanciais, como o aumento da renda familiar, em até oito vezes, comparado com a realidade existente antes do início do projeto, em 2008. Como consequência, houve melhoria das condições de segurança alimentar das famílias, graças à redução das perdas e ao aumento da produtividade. Hoje, a qualidade do produto é imbatível em função da diversificação da produção por meio da introdução de outras atividades produtivas agroextrativistas complementares.
Sob o ponto de vista técnico, a democratização da informação sobre os mecanismos de acesso às políticas públicas de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural), de Crédito Rural, e de Comércio Justo e Solidário engrossaram a garantia de direitos na floresta. E com o ingresso do programa REDD+, um instrumento de integração de diversas políticas públicas relacionadas à proteção da vegetação nativa e de toda a biodiversidade que ela constitui e comporta, os ganhos têm sido ainda mais representativos.
Criado para formalizar o esforço brasileiro na prevenção e controle do desmatamento e da degradação florestal, na promoção da recuperação florestal e no fomento ao desenvolvimento sustentável, o programa REDD+ foi abraçado pela Fundação Jari. Em ação desde janeiro de 2011 no Amapá e julho de 2014 no Pará, vem auxiliando sobremaneira todos os projetos em andamento na região.
Para Jorge Rafael Almeida, coordenador da Fundação Jari, o investimento pontual reforça todo o trabalho de ponta que vem sendo realizado: “Esta é certamente mais uma etapa de um grande projeto e precisa ser bastante comemorada. Os resultados alcançados são muito significativos ao passo que refletem mudanças de hábitos arraigadas, como a quebra da dependência dos extrativistas à cultura tradicional do aviamento e do subemprego. Na medida em que vamos avançando, conseguimos que as famílias valorizem a “floresta em pé”, mantendo os estoques florestais. Hoje, elas são aliadas da sociedade na defesa da floresta contra o desmatamento ilegal e demais práticas predatórias. Uma via de duas mãos que concede como contrapartida empoderamento e aquisição da independência econômica, tornando o mercado local mais competitivo e justo, forçando a migração das relações comerciais para o campo da legalidade, da ética e da cidadania”, finaliza Almeida.
Foto: Divulgação / Fundação Jari