Com o mercado em um momento de valorização do preço do bezerro, e com tendência de retenção cada vez maior das fêmeas, é a vez do dono da fazenda contar com planejamento estratégico, como ferramenta de gestão, para diluir o ágio da reposição, visando obter lucro na venda do gado para o abate, seja no próximo ano ou em 2023.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a participação de fêmeas nos abates está em queda, desde o primeiro trimestre de 2020, quando elas representavam 43% dos animais abatidos. No mesmo período deste ano, o percentual foi de 37%. O recuo nos abates de fêmeas é um dos fatores que contribuem para a sustentação da arroba.
Neste cenário, a perspectiva é que a retenção de matrizes continue até o final de 2021. Já para 2022, esse panorama vai depender da realidade econômica do Brasil, da conjuntura das exportações e da própria demanda do mercado interno. “No entanto, o cenário de retenção de matrizes deve permanecer”, afirma o zootecnista e supervisor técnico da Connan, Bruno Marson.
Com essas perspectivas, o pecuarista tem agora a difícil decisão de traçar a estratégia para o seu rebanho, visando reaver o valor investido e garantir o lucro no momento da terminação, quando o animal precisa estar bem para trazer a rentabilidade esperada no negócio.
“Hoje, o pecuarista está em um ponto do ciclo em que adquiriu o bezerro de alto valor, com preço de arroba de R$450,00 a R$ 500,00. No entanto, o preço da arroba do boi gordo está em torno de R$ 310,00. Desta forma, é preciso que o empresário do campo adote estratégias para diluir o custo da arroba de compra, para que, na média ponderada, tenha lucro com o abate do animal”, explica Marson.
Apostar em planejamento estratégico
Na avaliação do zootecnista, existem algumas estratégias que o pecuarista pode adotar para produzir uma arroba que tenha um custo de produção interessante, que dilua o investimento da compra e proporcione lucro.
O primeiro ponto é comprar animais de bom potencial genético para ganho de peso. Após esta compra, é preciso adotar um protocolo sanitário que permita a esse animal expressar todo o seu potencial. “Mais do que adquirir um bovino com ótimo potencial genético, é preciso seguir as normas sanitárias para que ele não adoeça, porque se ele ficar doente, o ganho de peso fica comprometido”, comenta Marson.
Outro aspecto fundamental, especialmente neste momento de seca extrema, é estabelecer um programa de manejo de pastagens que priorize o desenvolvimento desse animal, sem restrição alimentar. “Preparar a estrutura do pasto, nesse final de seca, para que tenha um bom resultado nas águas é fundamental”, recomenda Marson.
Por último, o pecuarista precisa utilizar um protocolo nutricional de forma estratégica e sustentável, que possibilite o máximo ganho de peso dos animais no período das águas e, se possível, adotar o manejo de condicionamento de transição. “Se o produtor não fizer isso no período das águas, quando temos mais facilidades e vantagens para engordar os animais, ele perderá uma janela de oportunidade para ganhos futuros”, avalia.
“A gestão e o planejamento é o ponto chave para que a fazenda tenha lucro. Saber exatamente o custo da arroba por animal é a forma mais segura de entender a saúde financeira da propriedade e traçar as estratégias para as próximas etapas do ciclo da pecuária. Sem isso, o pecuarista terá, sem dúvidas, mais dificuldade para entender a movimentação financeira do seu negócio e o lucro que aquele investimento no rebanho trouxe para propriedade”, finaliza Marson.
Foto: Divulgação Connan