A Maçã Fuji da região de São Joaquim, em Santa Catarina, conquistou o selo de Indicação Geográfica (IG), na espécie Denominação de Origem (DO), nesta terça-feira (3), pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A qualidade da Maçã Fuji produzida na região é reconhecida devido às características exclusivas e essencialmente ligadas ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos, e o processo de produção desenvolvido há mais de cinco décadas.
Esse reconhecimento é resultado de uma parceria entre o Sebrae/SC, a Associação de Maçã e Pêra de Santa Catarina (AMAP), a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), Secretaria Estadual de Agricultura da Pesca e do Desenvolvimento Rural e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A Maçã Fuji foi introduzida na região de São Joaquim na década de 1970 a partir de uma política pública de estímulo à produção de frutas de clima temperado. Trazida do Japão e cultivada nas colônias japonesas implantadas na região na mesma época, a maçã Fuji tornou-se um produto econômico de importância central para a economia local. O reconhecimento da qualidade da Maçã Fuji da Região de São Joaquim tornou este nome reconhecido nacionalmente, a ponto de garantir ao município o título de Capital Brasileira da Maçã.
O produto apresenta alto grau de adaptabilidade às condições da Região de São Joaquim, resultando em características diferenciadas na qualidade dos frutos quando comparada às demais regiões produtoras. Atualmente, a região possui não apenas o maior número de produtores, mas também a maior produtividade do Brasil, produzindo 66% do total de produção nacional desse cultivar.
A altitude de 1.100m determinada para a produção da fruta permite uma ocorrência de pelo menos 700 horas de temperaturas abaixo de 7,2°C no inverno, proporcionando uma boa indução natural da brotação e do florescimento, necessário para o desenvolvimento fisiológico do cultivar. O clima tipicamente mais frio da região de São Joaquim resulta em ciclo vegetativo mais longo com floração antecipada e colheita mais tardia, favorecendo um processo de maturação mais prolongado, que possibilita a colheita de frutos com maior tamanho e peso. As temperaturas mais baixas nas semanas que antecedem a colheita também favorecem a ocorrência do chamado pingo de mel, distúrbio fisiológico que deixa o fruto mais doce.
A ocorrência de noites frias no período de quatro a seis semanas que antecede a colheita corresponde à ocorrência de uma amplitude térmica suficiente para a síntese de antocianina, favorecendo a pigmentação com uma coloração vermelha mais intensa da casca, característica das frutas da região, que são mais crocantes e suculentas que as produzidas em outras localidades.
O selo do INPI reconhece a Maçã Fuji produzida em área delimitada da Região de São Joaquim, que possui um total de 4.928 km² e cerca de 176.854 toneladas produzidas, engloba os municípios de São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Urupema, Urubici e Painel. São 6.719 hectares, aproximadamente 2.104 unidades produtoras, 90% das quais são pequenas propriedades; duas são associações, seis são cooperativas e 12 são empresas.
O produtor orgânico de maçã, pera e caqui da Fazenda Ecológica Terra do Sol, Velocino Salvador Bolzani Neto, valoriza a conquista e a união de entidades em busca do selo de Indicação Geográfica. “É uma conquista que há muito tempo o setor sonhava, com todos esses parceiros o trabalho fluiu. O selo abre um horizonte de oportunidade para as agroindústrias e produtores, com a comercialização da Maçã Fuji na região, teremos mais geração de renda, emprego e oportunidades. Também teremos a oportunidade de valorizar o nosso território, principalmente nesse momento de pandemia, onde o brasileiro se volta mais para o turismo interno. Com certeza essa conquista vai contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e turístico da região de São Joaquim, com destaque do nosso produto e para que as pessoas conheçam o que temos de importante”, afirma Velocino, que também é sócio da AMAP e sócio da Econeve, cooperativa ecológica de agricultores de São Joaquim.