O cultivo consorciado é uma boa estratégia para sistemas agrícolas sustentáveis. A prática ocorre com plantios de duas ou mais espécies em uma mesma área em, pelo menos, uma parte do ciclo produtivo. Ao contrário do monocultivo, o cultivo consorciado permite que uma planta complemente a outra e, juntas, otimizem os recursos disponíveis no solo.
De acordo com a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Marinalva Woods, em consórcios é possível fazer cultivos em faixas intercaladas, nas bordas (laterais) ou conforme a criatividade do produtor. Marinalva destaca que a prática possibilita mais eficiência no uso da mão de obra em capinas, adubações, aplicações de insumos e outros tratos culturais.
“Partindo do princípio que o consórcio é uma associação, espera-se benefício das espécies cultivadas na mesma área. Assim, para o planejamento e implantação de um cultivo consorciado, é importante observar os ciclos de cultivo das culturas e espaçamentos. Também, a arquitetura das plantas cultivadas é um ponto importante na consorciação, pois quanto maior a diferença na arquitetura das plantas envolvidas, melhor será o aproveitamento de água, luz e nutrientes”, explica Marinalva.
Ao fazer a opção por plantios consorciados é preciso levar em consideração que haverá interação entre as culturas implantadas. Por isso, ao escolher as espécies que irão compor o consórcio, é importante pensar na exploração do solo e nos benefícios mútuos entre as culturas. A pesquisadora da EPAMIG, Marialva Moreira, alerta para o fato de que o consórcio entre algumas plantas pode causar prejuízos.
“O sucesso da consorciação de olerícolas está, principalmente, na redução da competição obtida pela associação de culturas de ciclos produtivos diferentes. Desse modo, para se cultivar em consórcio é necessário conhecer as espécies que serão cultivadas, sobretudo com relação a aspectos como ciclo de cultivo, espaçamento, arquitetura da planta e possíveis pragas e doenças. Deve-se observar, também, a afinidade entre as culturas, ou seja, quais espécies se desenvolvem melhor quando associadas”, enfatiza Marialva.
Cultivar o quê?
O cultivo consorciado contribui para a estabilidade da atividade rural, assegura colheitas escalonadas, aumenta a rentabilidade por unidade de área cultivada, proporciona mais biodiversidade e favorece o equilíbrio ecológico. Mas, em meio a tantos benefícios, fica a pergunta: cultivar o quê?
A técnica é positiva para a consorciação entre hortaliças folhosas (alface, couve, mostarda) e hortaliças raízes (cenoura, beterraba, rabanete). Os consórcios também são possíveis entre plantas condimentares e aromáticas (salsa, coentro, hortelã, manjericão) e hortaliças PANC (azedinha, peixinho, taioba) ou flores comestíveis (capuchinha, calêndula e outras).