De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, há risco de geada nos próximos dias, nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Em São Paulo e no Paraná, o risco é de geada moderada e forte, que poderá atingir lavouras de milho segunda safra em enchimento de grãos e de trigo em floração. O Inmet ainda aponta que também há registro de novos eventos de geada no Mato Grosso do Sul, podendo afetar as lavouras de milho 2ª safra em enchimento de grãos e de trigo em floração, mas de forma pontual. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, as lavouras de trigo estão em estádios menos suscetíveis aos danos causados por geadas.
Avaliação das culturas
Em relação ao milho segunda safra, a Conab avalia que deve haver redução da produção em função da restrição hídrica e da geada nas lavouras em estádios de floração e enchimento de grãos no Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
Para o trigo, a expectativa também é de que haja diminuição devido à restrição hídrica em Goiás e da geada nas lavouras em estádios mais avançados em Mato Grosso do Sul, São Paulo e oeste do Paraná. Nos demais estados, as condições são favoráveis.
A produção do café está sendo avaliada e espera-se redução em função da restrição hídrica. Não há, no entanto, expectativa de impacto significativo da geada na safra corrente, que está com mais de 60% da área colhida sob condições favoráveis.
No caso da cana-de-açúcar, houve queima das folhas de parte dos canaviais do centro-sul do país, acentuando as perdas já causadas pelo estresse hídrico. As unidades de produção sucroalcooleiras estão adiantando as operações de colheita para estimular a rebrota dos canaviais e minimizar as perdas da produção.
Atenção em São Paulo
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) está alertando os produtores, emitindo orientações e comunicados com informações para proteger cada tipo de cultura das adversidades climáticas. Para manter o nível da eficiência e qualidade agropecuária, o Departamento Técnico da Faesp reuniu e consolidou informações qualificadas de centros acadêmicos e tecnológicos, para orientar as atividades no campo de modo a reduzir os prejuízos com a chegada dessa frente fria. Confira as dicas:
Pulverização prévia – pulverização prévia com calda de açúcar ou melaço de cana para fortalecer a planta. Também pode ser associado algum aminoácido para auxiliar a recuperação da planta afetada.
Irrigação contínua – propriedades rurais que fazem uso de irrigação e que estão localizadas nas áreas afetadas pela frente fria devem irrigar bem o solo, por aspersão ou inundação.
Fogueiras controladas – fogueiras em pontos estratégicos no entorno da produção associadas à circulação de ar forçada ajudam a espalhar calor. É necessário desbastar o terreno ao redor da propriedade para impedir a propagação e evitar o acúmulo de ar frio.
Limpeza do terreno – para culturas perenes, como o café, a manutenção do terreno completamente limpo, nas meias encostas, pode ajudar como defesa preventiva.
Atenção aos ambientes controlados – ambientes protegidos também estão sujeitos aos efeitos das frentes frias. As plantas desses locais também devem ser irrigadas. É importante observar se o calor interno não está sendo dissipado.
Proteja a planta – métodos de proteção física podem ser eficientes. Entre eles, recomenda-se: cobrir as plantas e mudar com jornal, sacos de papel ou plástico.
No Estado de São Paulo, a queda maior das temperaturas previstas para os próximos dias, fez com que o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) gerasse alerta de atenção redobrada para as seguintes áreas: Costa Verde, Campinas, Bauru, Araraquara, Piracicaba, Itapetininga, Ribeirão Preto, Araçatuba, São José do Rio Preto, Sorocaba, Bragança Paulista, Vale do Paraíba, Litoral Norte, Litoral Sul, Baixada Santista, Vale do Ribeira, Região Metropolitana de São Paulo, Presidente Prudente, Marília, Assis e Serra da Mantiqueira.
Café preocupa
A Emater de Minas Gerais realizou um levantamento emergencial dos danos sofridos pelas lavouras de café, causados pela geada da última semana. Dos municípios que participaram da pesquisa, 77,8% ficam no Sul de Minas e 21% estão localizados no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
De acordo com o relatório, estima-se que a geada afetou, aproximadamente, 156,3 mil hectares, o que corresponde a 17,2% da área ocupada com cafeicultura na região abrangida pelo levantamento. Os técnicos da Emater em todos os municípios afetados pelas baixas temperaturas estão orientando e auxiliando os produtores rurais para lidar com os impactos negativos das geadas, sobretudo para produtores cuja atividade possui financiamento bancário, acompanhado de seguros em caso de intempéries climáticas. O levantamento realizado pela Emater-MG mostra que cerca de 9,5 mil produtores tiveram áreas de cafeicultura atingidas pela geada. E aproximadamente a metade desses cafeicultores precisará recorrer a crédito ou seguro rural para fazer frente aos danos constatados.
O diretor-presidente da Emater de Minas Gerais, Otávio Maia, informou que a empresa está unida aos demais órgãos e entidades vinculadas à agricultura, nos esforços em busca de suporte a todos os produtores rurais. A Emater-MG está realizando um levantamento mais aprofundado do impacto das geadas nas lavouras, principalmente de café. Na última terça-feira, dia 27 de julho, foram iniciadas também pesquisas sobre os prejuízos em outras culturas, como hortaliças e frutas.
De acordo com Otávio Maia, serão promovidas ações conjuntas para auxiliar os produtores a superar essa situação difícil provocada pela onda de frio no Estado: “Já estamos disponíveis para fornecer os laudos necessários, tanto para os prefeitos decretarem estado de calamidade, e também para os agricultores terem o respaldo na liberação de seguro rural e financiamento para a recuperação das lavouras. Além disso, os técnicos estão fornecendo todas as orientações, numa força-tarefa, para que os produtores possam retomar suas atividades, em especial na cafeicultura, que responde pela maior parte do Produto Interno Bruto da agropecuária no Estado de Minas”, afirmou Maia.
Semana passada, o presidente da Emater-MG esteve em Alfenas, reunido com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e a secretária estadual de Agricultura, Ana Maria Valentini, além de representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e outras entidades e parlamentares ligados ao setor agropecuário. O grupo viu de perto os danos nas lavouras atingidas pelas geadas e discutiu ações emergenciais para auxiliar os produtores a superar a situação vivenciada.
Para efeitos de solicitação de seguro e crédito rural específicos contra os efeitos das geadas, a principal orientação, no momento, é que os produtores realizem levantamento das áreas atingidas em suas propriedades, incluindo registros fotográficos, que serão úteis na elaboração dos laudos de perdas de produção.
Novas geadas
Os produtores rurais de Minas devem se preparar para uma nova onda de baixas temperaturas e formação de geadas. A informação é do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (SIMGE), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM). De acordo com o alerta, a onda de frio intenso afetará com mais intensidade as mesorregiões do Sul de Minas, Triângulo Mineiro, centro/sul das regiões Central e Metropolitana, Oeste, Campo das Vertentes e Zona da Mata.
A previsão é que 541 municípios mineiros registrem de 10ºC até temperaturas negativas, com formação de geadas moderadas a fortes. Os modelos meteorológicos de previsão de tempo apontam para a ocorrência de temperaturas negativas de forma generalizada no Sul de Minas e Campo das Vertentes nas madrugadas dos dias 30 e 31 julho, o que deverá provocar geada de média a forte intensidade nessas mesorregiões.
“Geada também deverá ser observada em áreas do Triângulo Mineiro, sul da região Noroeste e Central, entre os dias 29 e 31 de julho. O dia 29 encontra-se como o mais seco dentro do período proposto deste aviso, aumentando a amplitude térmica e fazendo com que a madrugada posterior seja a mais fria, com mínimas devendo marcar abaixo dos 7°C na mesorregião Metropolitana, inclusive na capital Belo Horizonte e Região Metropolitana”, informa o alerta meteorológico do SIMGE.