Rural 275 / junho 2021 – Os pecuaristas que já vinham apostando em animais melhoradores antes mesmo do aumento considerável das exportações para a China continuam “colhendo os frutos” dos investimentos em genética. Nessa conta, entra não só o atual valor pago pela arroba, mas, também, a redução de custos de produção alcançada com o abate precoce da boiada. Na Fazenda Diamante, localizada em Rio Branco/AC, o uso de touros puros da raça Brahman em cruzamento com a vacada Nelore permitiu o encurtamento do ciclo de produção em seis meses. “Se levarmos em conta apenas o custo com aluguel de área de pastagem para acomodar o gado, temos uma economia de R$150,00 por cabeça. Isso sem falar na redução de gastos com mão de obra, nutrição etc.”, assegura o pecuarista Pedro Teixeira, que há 15 anos investe na genética Brahman, sendo grande produtor de touros no Norte do Brasil. O rebanho é avaliado pelo Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas (PMGZ). Já a avaliação de carcaça é conduzida pela Aval Serviços Tecnológicos.
Com o intuito de obter dados que confirmam a eficiência da raça na produção de carne, a propriedade realizou, no final de abril, um abate de 20 novilhas Brahman PO, que não conseguiram emprenhar na última estação de monta. Os animais tinham 32 meses de idade e peso médio de 465 kg e foram abatidos na unidade da JBS Friboi, de Rio Branco. O rendimento de carcaça foi de 51,5% e peso das carcaças foi de 240 kg, sem jejum. “São animais criados e terminados a pasto, somente com a oferta de suplementação de sal mineral aditivado, que podem atender o mercado de carne acima da commodity, como o da carne maturada, por exemplo. O nicho de carnes gourmet tem até preferido fêmeas nos abates”, esclarece.
No gancho, as novilhas confirmaram grande qualidade de carcaça, garantindo uma maior bonificação ao pecuarista já que atenderam as exigências para exportação. Dezesseis novilhas foram classificadas na categoria Farol Verde, do programa Farol de Qualidade do frigorífico Friboi, destinado às carcaças dentro do padrão desejável (para os parâmetros sexo, maturidade, peso e acabamento de gordura), e quatro no Farol Amarelo (padrão tolerável). “Os dados do abate só comprovaram o que já vínhamos verificando com os animais cruzados Brahman/Nelore, no que diz respeito ao acabamento e qualidade de carcaça, garantindo maior retorno econômico para o pecuarista”, confirma Teixeira.
Entre os produtos cruzados, a fazenda tem conseguido uma idade de abate menor. Os machos inteiros são abatidos aos 30 meses, com 20 arrobas. Já as fêmeas são abatidas, em média, aos 26 meses, com peso entre 16 e 18 arrobas. Em um sistema de semiconfinamento, a propriedade mantém os animais em pasto de braquiária MG5, abatendo anualmente 1500 cabeças.
Os investimentos em genética ainda melhoraram os resultados da propriedade com a fase de cria. “Conseguimos aumentar em 20 kg o peso dos bezerros na desmama, isso no rebanho comercial. As fêmeas chegam nessa fase com 220 kg, em média, e os machos com 230 kg. Esses ganhos vêm ocorrendo desde que passamos a usar a genética Brahman nos cruzamentos, pois é uma raça que imprime muito peso aos produtos, além de rusticidade e docilidade”, diz Teixeira. A produção de touros da propriedade atende tanto a demanda interna da fazenda Diamante quanto de pecuaristas do Norte e Centro-Oeste do país. Segundo ele, nos últimos anos, os produtores estão investindo mais em genética, visando ofertar bovinos dentro do padrão exigido pelo mercado, que prioriza animais mais jovens e melhor acabados. “O mercado de touros Brahman está muito aquecido na região. Praticamente todos os 120 reprodutores que produzimos por ano são vendidos até os dois anos. Em nossos leilões, os principais compradores são das mais variadas localidades, tais como os estados do Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre”, assegura Teixeira.