Por Gustavo Loiola* – Ao tratar de cooperativismo, nos referimos a um sistema pautado por valores e princípios, que unem pessoas em torno de um objetivo em comum. Essa forma de organização colabora para o fortalecimento da cooperação entre os seus membros e, consequentemente, gera um melhor desempenho financeiro, inclusão social e o respeito pela sociedade e meio ambiente.
Vemos, então, uma clara conexão entre o cooperativismo e a sustentabilidade. Cuidar do planeta e pensar no futuro são temas essenciais nesse novo contexto em que estamos vivendo. As cooperativas conseguem demonstrar claramente a capacidade de gerir um modelo econômico prospera e, ainda sim, respeita o nosso planeta como um todo. Em um momento em que discutimos ESG (Meio Ambiente, Sociedade e Governança, na tradução livre) com tanta veemência e urgência, as cooperativas há muito tempo dão aula nessa temática.
Por ter princípios tão enraizados, qualquer tipo de cooperativa tem a capacidade de contribuir para a sustentabilidade de maneira direta ou indireta. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável como panorama, possibilitam que organizações de pequeno, médio e grande porte, e de todos os ramos consigam potencializar os seus impactos.
A Unimed por exemplo, cooperativa do ramo de saúde e presente em 83% do território nacional, estrutura a sua estratégia de sustentabilidade em três principais dimensões, equilibrando saúde ambiental, saúde social e saúde econômica. São pensadas políticas que atuam desde o estímulo ao consumo consciente e a economia local, até alavancar o engajamento comunitário e as ações de cunho social e cultural.
No ramo de crédito, o Sicredi desenvolve uma estratégia integrada para entregar impacto aos seus mais de 5 milhões de associados. A organização definiu alguns norteadores que se traduzem em indicadores, estratégias e ações práticas. Relacionamento e cooperativismo, soluções responsáveis e desenvolvimento local fazem parte desses princípios, e é interessante destacar iniciativas de desenvolvimento local e inclusão financeira.
Já no agronegócio, as cooperativas também desenvolvem iniciativas de sustentabilidade, especialmente na dimensão ambiental. Os potenciais problemas gerados pelas mudanças climáticas, tornam esse olhar essencial. A Agraria é um exemplo interessante de como integrar o tripé da sustentabilidade na estratégia do negócio. Além de trazer como prioridade o cuidado com o meio ambiente, como a mudança de matriz energética e diferentes fontes de combustível, a cooperativa tem o Programa Agrária de Gestão Rural, que estimula melhores práticas no campo e a disseminação de conhecimento.
O principal desafio de implementar a sustentabilidade nas empresas é trazer o tema para dentro da cultura e relacionar ao propósito organizacional. O cooperativismo nesse caso, já avança, por ter em seus princípios uma conexão direta com o tema, como mencionado anteriormente. O momento agora exige um aumento do conhecimento sobre o que é a sustentabilidade e exercitar o olhar para oportunidades. Observar de que forma o tripé econômico, ambiental e social podem caminhar juntos e se traduzir em ações e iniciativas que gerem valor e ampliem a vantagem competitiva das cooperativas perante ao mercado e a sociedade agora é mais que essencial, é obrigatório para aqueles que desejam continuar no rumo econômico, sem trazer danos ao meio ambiente.
(*)Gustavo Loiola é Mestre em Governança e Sustentabilidade e coordenador de Sustentabilidade e Relações Internacionais no ISAE Escola de Negócios. É também Presidente para América Latina do PRME, iniciativa educacional das Nações Unidas (ONU)