Por Paulo Roberto P. Reis Junio* – O câmbio favorável e a demanda das commodities por países que se desequilibraram com a Covid-19 têm impulsionado o agronegócio nacional, que respondeu por 26,6% do Produto Interno Bruto do nosso país no ano passado, a maior alta desde 2004. Aquele que era tratado como um setor primário, hoje tem uma realidade muito diferente, estando lado a lado do interesse econômico que antes focava na indústria e nos serviços. O resultado é a ascensão do segmento e o interesse cada vez maior de investidores, inclusive os estrangeiros.
Reconhecido como um setor crucial para o crescimento econômico brasileiro, o agronegócio ganhou destaque principalmente por ter ampliado o valor agregado do seu produto, uma mudança graças à evolução no uso da tecnologia em campo. Mas, para prosperar e ganhar cada vez mais espaço mundial, é preciso manter a produtividade e, neste aspecto, a previsibilidade ganha holofotes justamente por suprimir perdas na colheita e amenizar prejuízos. O prognóstico da natureza é elementar, já que não podemos controlá-la.
É aí que entra o Agronegócio Inteligente. Trata-se de uma agricultura de precisão que se baseia em inovação e tecnologia de ponta para encontrar a eficiência do solo a partir de um sistema avançado voltado para a administração da terra, potencializando-a da forma mais eficaz possível – um elemento fundamental que permite maior retorno econômico.
O uso de recursos de análise digital de informações do solo via satélite, por exemplo, mantém o histórico do solo por cinco anos, permitindo previsões extremamente assertivas em um período de até 14 dias, o que minimiza possíveis riscos na análise de sua deterioração. Trata-se de um levantamento tão apurado que envolve tanto as análises hídricas, como também as pluviométricas e as fitopatológicas, que é o estudo das doenças em vegetais.
Todo esse estudo do comportamento do terreno e das variáveis naturais com o uso da tecnologia resulta na redução do tempo de plantio versus colheita, favorecendo o retorno financeiro da operação. Por isso, podemos afirmar que o uso da tecnologia chegou no campo para somar e otimizar seus processos, principalmente poupando surpresas inoportunas ou custos desnecessários em meio à produção.
Isso sem contar que uma atividade agrícola controlada se torna mais sustentável, outro fator que tem chamado a atenção dos investidores, que vêm avaliando cada vez mais as práticas que estão alinhadas ao ESG (Environmental, Social and Governance), tema muito presente nas empresas neste momento.
Não há dúvidas que o uso de dados para a análise preditiva no campo melhora o processo de decisões futuras, que são fundamentais para a curva ascendente do negócio, resultando num caminho seguro para o fortalecimento do setor. É hora de ampliar a inovação e a escala mundial!
(*)Paulo Roberto P. Reis Junior é gerente comercial de Agrobusiness da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e consultoria especializada em Transformação Digital.