Com uma série de incertezas e instabilidades climáticas que atingem algumas regiões produtoras do milho segunda safra, o produtor deve redobrar a atenção para as pragas que podem afetar a produtividade do cultivo já no início do ciclo. Um exemplo é a larva alfinete (Diabrotica speciosa), considerada uma das principais pragas subterrâneas do cultivo, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Quando ocorre alta infestação, as perdas na lavoura pela larva podem variar de 10% a 13%. Ainda que as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a produção do milho safrinha ultrapassem as 82 mil toneladas, um volume cerca de 10% maior que o do ciclo passado, o dano causado pela larva pode representar prejuízos significativos, principalmente em um cenário como o atual, em que tempo seco, chuvas irregulares e o atraso da colheita da soja afetaram o desenvolvimento da semeadura, sobretudo na região centro-sul e Brasil Central.
O agrônomo de desenvolvimento de mercado especialista da Bayer, Paulo Garollo, reforça que o dano principal que impactará no grão está ligado ao ataque das larvas ao sistema radicular. “Toda a estrutura da planta vem da sua raiz e se ela é danificada, como acontece com o ataque da diabrótica, o produtor acaba perdendo produtividade, porque ela vai absorver menos nutrientes e recurso hídrico. Neste período inicial, a praga adulta oviposita nas raízes nodais que ficam escondidas sob o solo e após eclosão das larvas, que ocorre em 6 a 8 dias, perfuram, penetram e se alimentam destas raízes, tornando o cultivo debilitado e mais suscetível aos períodos de estiagem, como nesta safra”, explica Garollo.
Ainda segundo o especialista, o agricultor não percebe esse dano até o momento em que uma ventania provoca o acamamento do milho, ou seja, a planta tomba, já que não possui raiz para sustentação. Por isso, o controle dessa praga é mais difícil e só é possível identificar que houve ataque quando o cultivo já foi danificado.
“Solos mais escuros, ricos em matéria orgânica, são favoráveis para a incidência da diabrótica, principalmente após a colheita da soja. As larvas apresentam coloração esbranquiçada e cabeça de coloração marrom escura, por isso são chamadas de larva alfinete. O manejo eficiente da praga deve considerar outras estratégias associadas ao controle químico, como a adoção de tecnologias com proteína Bt específica contra esta incidência”, explica o especialista.