Uma pesquisa que mapeia os aspectos biológicos e econômicos do uso de herbicidas à base de 2,4-D na agricultura do Brasil indica que sua substituição por outros alternativos representaria um custo médio adicional na ordem de R$ 1,6 bilhão por ano à lavoura nacional. Esse valor equivale a 417,76% a mais do montante utilizado com o defensivo para o manejo e controle de plantas daninhas em culturas como soja, cana-de-açúcar, milho, trigo, arroz e café. O estudo foi realizado pelos engenheiros agrônomos e pesquisadores com ênfase nesse tema, Robinson Osipe e Jethro Barros Osipe.
O 2,4-D está registrado no Brasil para as culturas de soja, cana-de-açúcar, milho, trigo, arroz, café, aveia, sorgo e pastagens, além da modalidade de manejo em plantio direto e da erradicação de plantas de eucalipto. “O produto é usado em diversas culturas no País, mas se sobressai na de soja, que representa 65,4% da área cultivada”, diz Robinson Osipe. Ele explica, ainda, que nessa cultura o herbicida é aplicado na operação de manejo em plantio direto, ou seja, na dessecação de pré-semeadura, muitas vezes combinado a um herbicida de ação total.
O produto também é importante para a atividade animal, sobretudo para a área de criação de bovinos. Segundo os pesquisadores, o herbicida é um dos principais controladores de plantas daninhas em pastagens. “Estima-se que ele seja utilizado em cerca de 17,8 milhões de hectares de pastagens no País, considerando os produtos à base de 2,4-D formulados isoladamente e outros em que há combinação na formulação pronta”, afirma Robinson Osipe.
Para o pesquisador, uma das razões para o 2,4-D ser um dos herbicidas mais utilizados no Brasil deve-se à sua economicidade. O estudo analisou o custo médio por hectare em sete principais culturas com registro no País. A variação foi de R$ 10,79 – para cultura de arroz que ocupa uma área de 29,74% – a R$ 27,84 – para o café que abrange um espaço de 12,62%. Para a soja, que tem a maior expressividade territorial, 65,4%, o custo é de R$ 13,22 a cada 10 mil m2.
O levantamento comparou o custo do uso de 2,4-D com herbicidas alternativos disponíveis no mercado para culturas como soja, cana-de-açúcar, milho, trigo, arroz e café. Ao substituir o defensivo, o agricultor precisaria investir mais em todas as culturas analisadas. As porcentagens vão de 344,89%, o que equivale em torno de R$ 1 bilhão para a soja, até 452,54%, para o café, cujo custo a mais seria de aproximadamente R$ 18,7 milhões com a troca do defensivo.
A média do custo adicional entre as culturas verificadas para a agricultura no País seria de R$ 1,6 bilhão, o correspondente a 417,76% a mais do montante utilizado com o herbicida 2,4-D, para o manejo de plantas daninhas nessas culturas. “A retirada do 2,4-D do mercado agrícola brasileiro provocaria, de maneira direta, um significativo aumento médio anual no custo de controle de plantas daninhas”, observa Robinson Osipe.
O professor acrescenta, ainda, que outros fatores podem trazer impactos financeiros ao produtor. A formulação com base amina, única comercializada com o produto 2,4-D no País, não é volátil. Por isso, situações com a deriva em que o produto, quando aplicado, não acerta o alvo em culturas sensíveis, é consequência de aplicações feitas em condições climáticas desfavoráveis ou equipamentos em condições inadequadas de uso.
Ele diz que, atualmente, existe um esforço conjunto das iniciativas pública, como universidades, instituições de pesquisa e empresas de assistência técnica, e privada, a exemplo de empresas, cooperativas, revendas e consultorias, para treinar e educar o produtor sobre a importância da utilização correta de tecnologias que garantam a qualidade da aplicação dos herbicidas. “O uso adequado das tecnologias de aplicação e a precaução para evitar a deriva são essenciais para garantir a eficácia e a segurança ambiental na utilização destes produtos”, conclui.