O projeto Carbono Araguaia, uma parceria da Liga do Araguaia com a DOW Brasil, é uma iniciativa pioneira de monitoramento da redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na pecuária, resultante da adoção e disseminação de práticas de manejo e intensificação sustentável por integrantes da Liga do Araguaia.
Uma iniciativa dos próprios pecuaristas, contou com a adesão de 24 fazendas situadas no Vale do Araguaia, no Mato Grosso, responsáveis por uma área de 79.905 hectares de pastagens. A Dow foi parceira da Liga do Araguaia nesta iniciativa de 2016 a 2020. Seus resultados foram apresentados em um Dia de Campo virtual realizado em 26 de março para os integrantes do movimento.
Iniciado em 2016, o projeto foi concluído em março de 2021 e apresenta resultados positivos, demonstrando que a pecuária que se pratica no Brasil pode ser uma importante ferramenta para mitigar as emissões de GEE provenientes da atividade, quando adotadas práticas de intensificação sustentável e integração.
Dentre tais práticas, destacam-se a “reforma e restauração de pastagens “e a “integração lavoura pecuária,” técnicas em uso crescente pelas 24 fazendas da Liga do Araguaia participantes do projeto e com resultados comprovados no Cerrado. O projeto Carbono Araguaia comprova que a pecuária tem capacidade de remoção de GEE pelas pastagens, quando observadas as práticas sustentáveis testadas no projeto pelas fazendas participantes.
O projeto Carbono Araguaia é uma evidência de que o Brasil tem um modelo tropical de pecuária a pasto que incorpora o benefício da mitigação de GEE por meio da adoção de práticas sustentáveis testadas pela iniciativa e que podem ser replicadas para reduzir os impactos ambientais por meio da recuperação de pastagens degradadas, como também garantir maior lucratividade com a intensificação feita de forma sustentável.
Números auditados
Ao longo do período de cinco anos o projeto Carbono Araguaia mitigou o equivalente a 113.928 ton CO2 equivalente, a partir de metodologia adotada e reconhecida internacionalmente, em processo final de verificação/validação através de auditorias internacionais terceiras independentes.
Além do benefício de mitigação de carbono, o projeto contribuiu também para o desenvolvimento sustentável daquela região do Vale do Araguaia Matogrossense, já que as fazendas participantes mostram grande progresso em alguns indicadores como 43 mil ha de pastos recuperados; aumento do rebanho de 73.127 cab. no ano base para 107.048 cab. em 2019/20; aumento na lotação de 0,89 cab/ha no ano base para 1,4 cab/ha em 2019/20 (+ 64%); e redução da idade de abate de 28 meses para 22 a 24 meses.
Durante o processo, visando buscar a validação e futura certificação nacional da redução de emissões de GEE obtida nas fazendas participantes da Liga do Araguaia, também foi firmado “Acordo de Cooperação” com a Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS. Denominado Projeto BC Araguaia (Baixo Carbono Araguaia), tem como objetivo examinar a viabilidade técnica de considerar os sistemas de “intensificação” e “integração lavoura-pecuária” praticados nessas fazendas como sistemas pecuários para mitigação de GEE, buscando o futuro enquadramento dessas práticas no protocolo CBC, Carne Baixo Carbono, desenvolvido pela Embrapa.
A partir de abril de 2021, o projeto seguirá de forma independente, com o objetivo de formatar um modelo de comercialização dos créditos de carbono a serem obtidos a partir do encerramento da parceria com a Dow.
Todos os resultados foram apresentados no 110 Dia de Campo da Liga do Araguaia, realizado em formato digital no último dia 26 de março. O evento contou com Matias Campodônico, diretor da América Latina de Comunicação e Sustentabilidade da Dow; Roberto Strumpft diretor da Pangea Capital, Manuel Macedo pesquisador da Embrapa Gado de Corte, além de Caio Penido um dos fundadores da Liga do Araguaia.