Brasil totaliza 8,2 milhões de hectares equipados para irrigação, sendo 64,5% (5,3 milhões de hectares) com água de mananciais e 35,5% (2,9 milhões de ha) fertirrigados com água de reúso segundo o Atlas Irrigação, lançado na última sexta-feira, 26 de fevereiro. Essa área é equivalente a 8,2 milhões de campos de futebol.
A estratégia de mapeamento, coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e desenvolvida com vários parceiros institucionais, foi organizada por tipologias de cultura e métodos de irrigação (arroz; cana-de-açúcar; café; culturas anuais em pivôs centrais e demais culturas e sistemas). Essa base técnica única também conta com estimativa de uso da água pela agricultura irrigada, que foi superior a 941 mil litros por segundo em 2019, o que corresponde a 29,7 trilhões de litros ao ano.
O Atlas Irrigação aponta, ainda, que o Brasil deverá expandir sua área irrigada em mais 4,2 milhões de hectares até 2040, o que representa um aumento de 79% em comparação à área atualmente irrigada com água de mananciais.
Sobre o potencial de expansão da irrigação no Brasil, o Atlas também indica que até 22% da área agropecuária atual do Brasil poderia ser irrigada, o que corresponde a cerca de 55 milhões de hectares. Ou seja, embora tenhamos grande potencial, por conta de limitações na oferta de água, incluindo a presença de outros usos já instalados, não é possível irrigar mais áreas com segurança hídrica e produtiva. Por isso, o planejamento e a gestão setorial de recursos hídricos são fundamentais para que o crescimento da irrigação seja realizado de forma sustentável.
A segunda edição do Atlas Irrigação apresenta os dados mais abrangentes e atualizados sobre o setor, que é o que mais utiliza água no Brasil e no mundo e é responsável por parte relevante da produção de alimentos. Segundo a publicação da ANA, o setor privado ocupa 96,2% da área irrigada, enquanto projetos públicos abrangem os 3,8% restantes.
Outro ponto trazido com exclusividade pelo Atlas Irrigação é o detalhamento dos 28 Polos Nacionais de Agricultura Irrigada, que concentram 50% da área irrigada e 60% da demanda hídrica atual para o setor. Os polos são áreas especiais de gestão dos recursos hídricos para a agricultura irrigada, espalhados pelas cinco regiões do País, e são divididos em três grandes grupos: arroz irrigado, pivôs centrais e outras tipologias.
A agricultura irrigada é uma atividade dinâmica e que tem crescido constantemente nas últimas décadas, mesmo em períodos instáveis e negativos da economia brasileira. Entre 2012 e 2019, houve intensificação da atividade com um maior aporte de crédito e investimentos privados. Com isso, o crescimento foi da ordem de 4% ao ano no Brasil nesse período, quando foram incorporados cerca de 216 mil hectares irrigados ao ano. Além disso, em 2019 o valor da produção irrigada superou a marca de R$ 55 bilhões.
A produção irrigada tem uma produtividade de 2 a 3 vezes maior do que áreas de sequeiro (não irrigadas). Outras vantagens são: melhoria da qualidade dos produtos, redução de custos unitários, atenuação dos impactos da variabilidade climática, otimização de insumos e equipamentos, aumento na oferta e na regularidade de alimentos, assim como a modernização dos sistemas de produção.
Além de sua importância econômica, a irrigação contribui decisivamente para a segurança alimentar e nutricional da população brasileira. Alimentos típicos da dieta nacional – arroz, feijão, legumes, frutas e verduras – são produzidos em grande medida por meio da irrigação. No caso do arroz e da horticultura, mais de 90% da produção utiliza o método.