Por Valter Casarin* – Os adubos são caminho seguro para aumentar a produção das culturas e, assim, colocar mais alimento à mesa. Contudo, há certo preconceito fundado em suspeitas equivocadas sobre eles, principalmente quanto aos efeitos para o meio ambiente.
Podemos afirmar que o fertilizante não possui moléculas tóxicas em sua composição. É uma substância mineral ou orgânica fornecedora de um ou mais nutrientes às plantas. Por sua vez, os nutrientes são essenciais para a vida de qualquer vegetal. Aliás, distintos dos nutrientes contidos em adubos são essenciais a nós.
Assim, nutrindo as plantas, nutrimos as pessoas. Vale lembrar que a maioria dos solos brasileiros é caracterizada por alta acidez e baixos teores de nutrientes. O fertilizante, juntamente com calcário e gesso agrícola, ajuda a resolver essa carência nutricional. É essencial para o produtor rural equilibrar nutricionalmente o solo, criando ambiente favorável para que as plantas possam se desenvolver saudáveis.
Erosão
Embora a precipitação forneça umidade para o crescimento das plantas e o bem-estar humano, é também, sem dúvida, uma das principais causas da degradação do solo, ameaçando seriamente o equilíbrio do planeta.
O solo é uma fina camada de matéria mineral e orgânica que permite a retenção e a circulação da água e do ar na superfície da Terra. Essa fina camada, que varia em espessura de alguns centímetros a alguns metros, sustenta praticamente toda a vida no planeta. O solo é um importante recurso não renovável que, quando sujeito a forte erosão, se perde ao longo de milênios.
A causa da erosão pode ser a água, o vento ou o próprio trabalho do solo. A erosão provoca o deslocamento da camada superficial do solo para outro lugar, onde se acumula com o tempo. A camada perdida com a erosão é a mais fértil, viva e rica em matéria orgânica. A erosão do solo reduz a produtividade da terra e contribui, principalmente, o assoreamento de rios, o que é responsável pelas enchentes.
O risco de erosão aumenta se o solo não for suficientemente protegido por cobertura vegetal e/ou pela camada de resíduos de colheita da cultura anterior (palha). Resíduos e vegetação protegem o solo do impacto das gotas de chuva e respingos de água. Eles também tendem a reduzir a velocidade do fluxo de água e promover a infiltração da água no solo.
As plantas somente poderão recobrir o solo com rapidez e eficiência quanto maior for a sua velocidade de desenvolvimento. Isso é possível quando a planta encontra no solo as condições adequadas, principalmente a disponibilidade de nutrientes. Em função dos solos tropicais apresentarem baixa fertilidade, ou seja, baixa disponibilidade de nutrientes, é o fertilizante quem contribuirá para o fornecimento de nutrientes fundamentais para o crescimento das plantas.
Da mesma forma, quanto maior o desenvolvimento da planta, maior será a quantidade de resíduos vegetais que ficará sobre o solo. O uso de fertilizante favorece a maior produção de massa vegetal, o que irá criar uma maior massa de resíduo, protegendo o solo com maior eficiência contra o impacto das gotas de chuva e, consequentemente, do processo erosivo do solo.
É evidente a importância do fertilizante no recobrimento vegetal do solo e a maior produção de palha. Esses dois fatores contribuem para reduzir o processo erosivo do solo e conservar as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo. Essa preservação ajuda o solo a manter seu potencial produtivo, mas acima de tudo contribui para reduzir o assoreamento de rios e lagos e a conservação da água.
Fertilizante no controle do efeito estufa
O efeito estufa é um processo natural que ocorre na atmosfera e que tem como principal função manter a temperatura do planeta amena e sem grandes variações. O problema é o lançamento cada vez maior de gás carbônico (CO2), que é liberado na queima de combustíveis fósseis, tais como os derivados de petróleo.
As plantas têm a capacidade de fixar o CO2 atmosférico durante o processo da fotossíntese. É exatamente o carbono do CO2, que as plantas fixam durante a fotossíntese, que compõem o nosso corpo. Lembrando que 18,5% do nosso peso corporal é composto por carbono.
A agricultura é um caminho perfeito para reduzir parte do CO2 da atmosfera e armazena-lo no solo. O processo de remoção do CO2 da atmosfera e guarda-lo no solo é conhecido como sequestro de carbono. Uma das formas mais eficazes é através do sistema de plantio direto. Esse sistema usa a rotação de cultura como base do manejo das culturas, a qual permite maior produção de matéria orgânica, material rico em carbono.
Solos de baixa disponibilidade de nutrientes limitam a produção das culturas, prejudicam o bom funcionamento da fotossíntese, produzindo pouco alimento e resíduo vegetal. Em outras palavras, afetam o sequestro de carbono. Uma planta bem alimentada, com disponibilidade de nutrientes, irá ter maior desenvolvimento, maior captação de CO2 da atmosfera.
Sendo assim, é através do estabelecimento adequado da fertilidade do solo, fornecendo os nutrientes que estão faltando no solo que os vegetais produzirão adequadamente. Esta é a função que o fertilizante apresenta para proporcionar ganhos produtivos e, indiretamente, diminuir o efeito negativo das altas concentrações de CO2 na atmosfera.
Fertilizante e a redução do desmatamento
A demanda por alimento no mundo tem crescido a cada ano, isso se deve principalmente pelo crescimento da população mundial. Ao mesmo tempo, as áreas agrícolas disponíveis no planeta têm reduzido. As áreas mais aptas para a agricultura, aquelas com maior fertilidade, já estão praticamente esgotadas, mas vale lembrar que essas áreas têm sido usadas por longos anos, o que já consumiu parte considerável de sua fertilidade.
Para aumentar a produção de alimentos há dois caminhos possíveis: abertura de novas áreas agrícolas ou aumento do rendimento das culturas nas áreas existentes. A primeira opção vai contra a sustentabilidade do planeta, pois haverá a necessidade de derrubar florestas. Assim, a segunda opção é a mais viável.
Para aumentar a produtividade das culturas é necessário pensar que os solos agrícolas já se encontram com baixa disponibilidade de muitos nutrientes, isso é decorrente de vários processos como a exportação de nutrientes pela colheita, erosão, entre outros.
É através do uso de fertilizante que poderemos repor os nutrientes ao solo e, assim, permitir a nutrição adequada para conquistar o aumento de produtividade. Tirar mais alimento de uma mesma área é o que o fertilizante tem feito nas últimas décadas. Entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou.
Um fator fundamental que contribuiu para o ganho de produtividade na agricultura brasileira foi a correção e adubação de solos. O consumo de fertilizantes passou de dois milhões de toneladas, em 1975, para 15 milhões de toneladas, em 2016. Se o Brasil estivesse produzindo, atualmente, a mesma produtividade de 1975 haveria necessidade de abrir, ou desmatar, uma área aproximada de 150 milhões de hectares.
Podemos concluir que o uso de fertilizante é responsável pela maior produtividade das culturas, gerando a produção de alimentos, mas também contribuindo para a preservação de florestas, em consequência para a preservação da fauna e da flora dos diversos biomas.
As informações divulgadas pela Nutrientes para a Vida (NPV) são baseadas em dados científicos. A NPV tem como missão melhorar a percepção da população urbana em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes. A NPV possui visão, missão e valores análogos aos da coirmã americana, a Nutrients For Life. Sua principal missão é destacar e informar a população a respeito da relevância dos fertilizantes para o aumento da qualidade e segurança da produção alimentar, colaborando com melhores quantidades de nutrientes nos alimentos e, consequentemente, com uma melhor nutrição e saúde humana.
(*) Valter Casarin é engenheiro agrônomo e coordenador científico da Nutrientes para a Vida
O que as industrias de produtos derivados da soja, tem a falar sobre a declaração de Macron(França) Segue:
O presidente da França, Emmanuel Macron, fez novas críticas ao desmatamento da Amazônia e citou especificamente a soja brasileira, relacionando-a ao problema ambiental. “Continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia. Somos consistentes com as nossas ambições ecológicas, lutamos para produzir soja na Europa!”, escreveu o dirigente em sua conta pessoal no Twitter, sem, entretanto, apresentar qualquer dado que justificasse suas declarações.
A declaração é dada no momento em que a União Europeia e o Mercosul negociam um acordo comercial. Algum país, como a França principalmente, vem alegando que o fracasso brasileiro na proteção ambiental é um entrave para avançar no tema.
A publicação de Macron é acompanhada de um vídeo, no qual ele comenta a questão. Nesse vídeo, o presidente francês fala em “não depender mais” da soja brasileira, e produzi-la no próprio continente