O agricultor familiar Dorivaldo da Rocha tem sido um exemplo de como alavancar a produtividade ao diversificar as atividades implantadas em um pequeno espaço de terra. O Sítio Sonho Feliz, em Iporá, município na Região Oeste de Goiás, adquirido após a elaboração de um projeto de crédito fundiário feito pelo Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), conta atualmente com mais de dez produtos agropecuários, garantindo o sustento da família de Dorivaldo, formada por ele, a esposa e um filho.
Acompanhado por profissionais da Emater há cerca de 12 anos, o produtor conquistou sua propriedade a partir do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), que possibilita aos trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra comprar e estruturar um imóvel no campo através de financiamento. “A Emater é importante nesse processo de acesso ao crédito porque orienta os produtores quanto às exigências, taxas, condições e documentações necessárias. Em lugares que não tem sindicato ou que o sindicato não se interessa em executar esse serviço, a Emater pode organizar um grupo de produtores e fazer essa intermediação” explica a coordenadora regional da Agência, Daniella Garcia.
Além do PNCF, a entidade foi responsável pela elaboração de um projeto dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o que viabilizou a diversificação de culturas e atividades praticadas nos, aproximadamente, 10 hectares de terra da família Rocha. De acordo com Dorivaldo, após ser contemplado pelo financiamento, foi possível instalar sistema de irrigação, plantar 70 mil mudas de abacaxi e dar início ao cultivo de mandioca.
Sem medo de inovar, o agricultor já experimentou trabalhar com uma série de produtos diferentes e vem se adaptando conforme o conhecimento adquirido em cada área. No início de suas atividades, o Sítio Sonho Feliz contava com lavoura de arroz e bovinocultura leiteira. Hoje, são cultivados açafrão, pimenta-do-reino, guariroba e frutas como abacaxi e maracujá, comercializadas in natura e processadas em polpas. Existe também uma área de dois hectares dedicada à heveicultura, cultivo de seringueira para extração de látex, destinado à produção de borracha.
A parte voltada para a pecuária também é caracterizada pela diversidade. São 80 cabeças de galinhas poedeiras, 30 cabeças de galinhas caipiras e 60 cabeças de ovinos. Além disso, o produtor instalou uma área para criação de rãs, que já se encontra em estágio avançado. Ele dispõe de 1.200 cabeças do anfíbio em ponto de abate, o equivalente a 700 quilos, 600 cabeças de rãs matrizes e reprodutores, 40 mil cabeças em fase inicial e 150 mil girinos. Os produtos obtidos a partir da ranicultura incluem a carne, comercializada fresca, congelada ou processada; o fígado, utilizado na produção de patês; a pele, para revestimento e confecção de objetos; e ainda o corpo gorduroso, ingrediente para cosméticos.
Todo o trabalho é conduzido apenas pela família Rocha. Para o engenheiro agrônomo da Emater e responsável por assessorar o sítio, Fausto Pacheco Braz, é possível e vantajoso que produtores de pequeno porte administrem atividades variadas em sua terra. “Assim, o agricultor não fica preso somente a um produto quando enfrentar problemas com a baixa nos preços do mercado”, esclarece. Segundo o profissional, uma qualidade crucial é o interesse de Dorivaldo por novas técnicas, abertura para segmentos menos convencionais da agropecuária e procura por assistência técnica e capacitações.
O produtor relata que a Emater tem sido fundamental para a ampliação de seu negócio, oferecendo atendimentos que envolvem tanto a parte jurídica quanto a lida diária no campo. “A Emater é completa, porque quando preciso de orientação procuro o técnico para fazer projetos de custeio. Em tudo o que eu preciso, a Emater me dá assistência. Na plantação de seringueira, abacaxi, melancia, tudo. Também fiz um curso de enxertia pela Agência. Para nós é uma mão na roda”, finaliza Dorivaldo.