A prova de ganho de peso (PGP) IDC da Associação dos Criadores do Sul de Mato Grosso (Criasul) terminou no mês de novembro com a participação de 49 animais, de 12 criadores, que nesta edição são exclusivamente da raça Nelore e ficaram confinados na Fazenda Prata II, em Rondonópolis.
Conforme o presidente da associação, Guilherme Augusto Leal Basaglia, a prova teve início no mês de junho, quando os animais deram entrada para o confinamento. Passaram por um período de 56 dias de nivelamento até a pesagem inicial, no dia 28 de julho. Após 112 dias, foi realizada a última pesagem no dia 17 de novembro.
“Apesar de todas as dificuldades neste período de pandemia, mantivemos o calendário porque a PGP é importante para a evolução da pecuária de corte no estado. O objetivo da prova é identificar animais superiores geneticamente e fornecer dados comparativos úteis para o direcionamento da seleção dos participantes”.
Os animais da prova tiveram uma dieta à base de silagem de milho e concentrado, totalizando 2,5% de matéria seca por peso vivo. Conforme Márcio Antônio Buosi, vice-presidente da Criasul, a meta era ganhar no máximo 1,2 mil gramas/dia, para que expressassem o valor genético. Além do ganho de peso, são feitas avaliações de escores visuais, circunferência escrotal e ultrassonografia de carcaça.
“Essas outras características de importância zootécnica evitam a seleção de animais com bom desempenho de peso, mas que podem apresentar problemas funcionais, como infertilidade ou subfertilidade, ou ainda um biótipo não ideal para o sistema produtivo da propriedade à qual se destina”, acrescenta o vice-presidente.
Para as aferições, a Criasul conta com técnicos Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), que acompanharam todas as pesagens e fizeram avaliação visual pelo método epmuras, a Pecus ultrassonografia e o Grupo de Melhoramento Animal de Mato Grosso (GMAT) da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), que realiza a análise dos dados e classificação final.
“É possível obter ganho de peso maior em confinamento, mas uma superalimentação com alta concentração de energia e proteína mascara o potencial genético, por isso a proposta da prova é oferecer alimentação balanceada e as mesmas condições de desenvolvimento aos animais, com idade entre 7 a 10 meses, ou seja, eles eram bezerros na faixa etária ideal para comparação de desempenho”, explica Buosi.
A prova contou com apoio da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), ABCZ, UFR e Pecus. Ao longo das cinco edições anteriores, sete touros foram destinados a centrais de coleta de sêmen. “Isso demonstra que estamos no caminho certo e que o investimento em melhoramento genético do rebanho é importante e traz retorno”, acrescenta Basaglia.
Uma das novidades para o próximo ano pode ser a avaliação genômica dos animais, que, segundo Basaglia, é o futuro da pecuária. “A associação está busca parcerias ou convênio com outras instituições para instalar na prova o sistema de avaliação de consumo alimentar, que registra eletronicamente horários, quantidade e frequência em que o gado se alimentou e ingeriu mais água. Essa tecnologia já é usada em outras provas no Brasil, porém tem um custo alto”.
Pesquisa científica
Na avaliação do professor da UFR, Rodrigo Junqueira, membro da coordenação técnica, a prova de desempenho do projeto IDC Criasul tem sido relevante para projetar os animais mato-grossenses em outras avaliações nacionais, na coleta de sêmen em centrais de inseminação, e de animais filhos de touros que foram destaque nas edições anteriores da prova que estão se destacando em edições mais recentes.
A parceria com a associação teve início há 6 anos, com participação do professor Mário Luiz Santana Jr., e dos criadores da região. “Em razão do contexto econômico pelo qual o país e o mundo passaram este ano, tivemos um menor número de animais inscritos, no entanto, ressaltamos a surpreendente qualidade dos animais, o que já reflete a qualidade dos trabalhos de seleção genética dos criadores participantes”.