Segundo estimativas da Confederação, o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio deve apresentar um crescimento de 9%, enquanto o VBP deve ter alta de 17,4%. Em 2021, as estimativas são de que ele irá crescer 3% (R$ 1,8 trilhão) e o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) 4,2%, superando RF$ 903 bilhões.
Na avaliação do presidente da entidade, os preços dos alimentos não terão o mesmo cenário de alta em 2021 devido à previsão de maior equilíbrio entre oferta e demanda. Martins também afirmou que acredita em um aumento de produção nos próximos anos. “O produtor investiu na próxima safra porque está acreditando na produção e no que vai plantar”.
A entidade acredita que uma recuperação consistente da economia dependerá da superação de desafios internos como a aprovação das reformas administrativa e tributária. A CNA defende uma reforma tributária que simplifique e traga segurança jurídica, mas que não aumente a carga tributária dos produtores rurais.
A Confederação continuará atuando para evitar a elevação dos custos de produção da atividade agropecuária, com o objetivo de manter a competitividade do Brasil no comércio internacional e impedir uma alta dos preços dos alimentos para a população em função de uma carga tributária maior sobre os alimentos.
Neste contexto, a CNA acredita que a melhora dos indicadores econômicos brasileiros passa pela preservação dos instrumentos de financiamento da atividade produtiva e de políticas públicas que garantam a isenção tributária dos produtos da cesta básica.
Do lado da oferta, a Confederação destaca que um dos fatores que podem ditar o ritmo da produção será a intensidade do La Niña, especialmente na região Sul do Brasil. Contudo, Bruno Lucchi explicou que, mesmo com problemas climáticos, o País terá uma safra recorde de mais de 268 milhões de toneladas.
Outros pontos determinantes serão os investimentos na produção, que cresceram em 2020, além da relação entre câmbio e custos de produção, que devem subir no próximo ano, principalmente devido aos insumos como fertilizantes, que são precificados em dólar, e ao preço do milho, um dos principais componentes das rações utilizadas na pecuária.
“Teremos produção e exportação melhores, mas um custo de produção muito maior devido às questões climáticas que vão prejudicar algumas cadeias como café e laranja. Na produção de leite, o preço do milho vai influenciar a atividade e a China vai entrar fortemente na compra de milho”, ressaltou Lucchi. Já a demanda dependerá do crescimento da economia brasileira e mundial e a volta da normalidade social com a reabertura de bares e restaurantes ao redor do mundo.
Inflação
De acordo com a CNA, o aumento no preço dos alimentos foi impulsionado por um conjunto de fatores com impactos em toda a cadeia produtiva. Entre eles está o aumento no custo de produção, principalmente com insumos (fertilizantes, herbicidas, ração). Além disso, a alta nos preços internacionais dos alimentos de 10,9% de maio a outubro (dados da FAO) e a desvalorização da taxa de câmbio (46,5%) também favoreceram o aumento dos preços no Brasil.
No início da pandemia, o Sistema CNA focou no auxílio ao produtor rural para manter a produção de alimentos como atividade essencial. Também trabalhou junto ao governo para garantir o fluxo logístico de abastecimento em todo o País e criou, também, novos canais de comercialização para a manutenção da renda e redução dos custos do produtor.
Essas e outras ações garantiram o abastecimento da população brasileira. Outro fator que ajudou neste aspecto foi o auxílio emergencial, que possibilitou a recuperação da demanda interna e sustentou o poder de compra dos mais vulneráveis, como os trabalhadores informais, garantindo com que tivessem acesso aos alimentos mesmo com uma perda expressiva de renda.
Segundo o presidente da CNA, João Martins, a queda da economia brasileira foi menor em 2020 devido às ações do setor agropecuário, que agiu para que não faltasse alimento na mesa do brasileiro. “Agimos em diversas frentes para não deixar que a população brasileira sofresse qualquer desabastecimento e também conseguimos honrar nossos compromissos de exportação com vários países que tinham comprado parte da nossa safra”, afirmou.
Bruno Lucchi afirmou que “quando visualizamos o crescimento do PIB, das exportações, imaginamos que todo o setor vai bem. Na verdade, são cadeias pontuais que estão indo muito bem. Outras estão recuperando o que perderam em anos anteriores”.
Mercado internacional e exportações
No cenário externo, as perspectivas são de retomada do crescimento no comércio mundial em médio prazo. Nesse aspecto, a CNA também vai acompanhar atentamente as negociações de acordos comerciais envolvendo o Brasil e outros países para assegurar oportunidades para os produtos brasileiros.
Na avaliação da CNA, em 2021, a China deve abrir mais o mercado para o melão brasileiro e também será um dos principais demandantes por soja em grãos devido à recomposição do rebanho suíno do país asiático. A demanda do país asiático por carne bovina deve seguir firme também.
Segundo a superintendente de Relações Internacionais, Lígia Dutra, a CNA vai atuar para ampliar a participação do agro no continente asiático. “O ano de 2020 foi desafiador, mas trouxe vários resultados positivos para o setor. Crescemos muito, mas ainda temos espaço para crescer mais e a Ásia é um grande mercado para o agro brasileiro e uma oportunidade de favorecer os pequenos e médios produtores rurais com a ampliação da pauta de exportações”, afirmou.
Segundo estimativas da USDA, haverá crescimento de 3% nas exportações de carne de frango, ainda como reflexo do aumento do consumo chinês, e de 5% nas exportações de suínos, também para suprir a demanda chinesa, levando em consideração que a produção do país ainda não deve ser totalmente retomada.
As exportações brasileiras somaram US$ 85,5 bilhões até outubro deste ano, crescimento de 5,7% em relação a 2019. Os cinco principais destinos foram China, União Europeia, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Juntos, esses países representaram 63% das exportações do agro brasileiro em 2020.
Houve aumento nas exportações para China (19,4%), Indonésia (53,6%), Tailândia (43,9%), Turquia (41,8%) e Venezuela (190,3%). Alguns produtos que receberam destaques no mercado asiático foram ceras de abelha (Coreia do Sul), amendoim em grão (Vietnã), pimenta do reino (Bangladesh) e gelatinas (Índia).
O agro brasileiro conquistou a abertura de mercados para cem produtos em 30 países diferentes, com destaque para Guatemala (maçãs), Marrocos (material genético avícola), Egito (carne de aves e feijão), Catar (material genético bovino), Índia (gergelim), Coreia do Sul (camarão), Tailândia (carne bovina e lácteos) e Austrália (queijo).
Também este ano, o projeto Agro.Br da CNA, voltado à inserção de empresários rurais no mercado internacional, iniciou as operações dos escritórios regionais na Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Atualmente, a iniciativa tem mais de 600 empresários e empresas rurais inscritas.
Em 2021, a CNA ampliará o projeto na Ásia. Além da representação em Xangai, a Confederação trabalha para abrir o segundo escritório no continente, dessa vez, em Singapura.
Depois da Ásia, o Agro.BR também realizará ações de promoção focadas no Oriente Médio, Estados Unidos e Europa. As rodadas de negócios virtuais continuarão a compor o calendário do projeto. A primeira do ano será focada em produtos sustentáveis que serão apresentados a compradores europeus e norte-americanos.
Outra novidade dentro das ações do projeto será a realização de um concurso de cafés especiais, cujos vencedores participarão de rodada específica de negócios, em julho de 2021.
A CNA também realizou este ano cursos online, debates nas redes sociais, estudos setoriais e monitoramento de medidas comerciais dos governos estrangeiros no combate à pandemia da Covid-19 para promover a imagem e competitividade do agronegócio brasileiro no exterior.