É cada vez mais comum que os suinocultores – e os demais criadores em geral – se preocupem com a adequação de suas granjas para se tornar cada vez mais sustentáveis, além de gerar cada vez menos impacto ao meio ambiente. De acordo com a médica veterinária Patrícia Mendes, gerente de marketing da Auster Nutrição Animal, essas granjas são caracterizadas pela geração da energia utilizada na fabricação da ração e para uso em toda a propriedade, como iluminação de galpões e sistemas automatizados de comedores.
Patrícia explica que um dos recursos autossustentáveis para a geração de energia se dá pela utilização dos dejetos de suínos. “Os resíduos dos animais são direcionadas a uma lagoa coberta (biodigestor). Ali ocorre o processo de fermentação anaeróbica, gerando gás com 50% a 70% de metano. Esse gás é direcionado a motogeradores, que realizam a queima e transformam essa energia química em energia mecânica e, posteriormente, em energia elétrica, que pode ser utilizada em todos os processos”, explica. Além de gerar a energia necessária, esse processo ajuda na redução de emissão de metano na atmosfera.
Patrícia comenta que os dejetos de uma granja autossustentável podem ter duas destinações: eles podem ser encaminhados em sua totalidade depois de tratados para que sejam utilizados as etapas de fertirrigação, conforme as devidas recomendações agronômicas, ou podem ser realizadas outras etapas de tratamento para que tais dejetos sejam reutilizados em processos que necessitem de tais demandas, seguindo as recomendações técnicas.
“Para iniciar esse tipo de processo em uma granja, é necessário analisar de maneira técnico-financeira todo esse processo. Para iniciar uma granja pequena, com 200 matrizes, por exemplo, é necessário começar com a geração da própria energia e, assim, evoluir para os demais processos. O investimento médio para a implantação de um biodigestor e o sistema de motogeradores pode ficar em torno de R$ 900 mil”. Ela afirma, ainda, que o investimento traz, entre os benefícios, a redução de custos na propriedade, maior competitividade, maior retorno financeiro e destaque na imagem da granja perante órgãos ambientais, instituições que fazem a utilização de carne suína, grandes empresas e socialmente.
A gerente de marketing da Auster ressalta que granjas que não se tornarem autossustentáveis não necessariamente geram maior ou menor impacto nos custos, porém deixam de se beneficiar dos resultados oferecidos por tais sistemas, incluindo a redução dos impactos ao meio ambiente. “A produção sustentável é uma exigência crescente do mercado e precisa fazer parte das prioridades dos suinocultores. Atualmente, o processo de transformação é voluntário, mas os benefícios são cada vez maiores. Além disso, em muito pouco tempo, se tornará uma necessidade”.