A população do psilídeo, inseto transmissor do greening, está alta em todas as regiões do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. Por meio de mais de 30 mil armadilhas espalhadas pelo parque, o Fundecitrus monitora a flutuação populacional do inseto e verificou crescimento de 204% em julho e de 337% em agosto em comparação com os mesmos meses no ano passado, os mais altos índices verificados para o período desde o início da série histórica, em 2014.
O segundo semestre é, tradicionalmente, o período de picos populacionais do psilídeo e quando cerca de 65% dos insetos são capturados. Isso ocorre pela combinação de condições climáticas favoráveis: a chegada das chuvas estimula o surgimento de brotações, que atraem os psilídeos para alimentação e reprodução por serem tecidos mais macios. Além disso, as altas temperaturas observadas nessa época do ano também favorecem o desenvolvimento do inseto e o tempo seco associado ao vento ajuda em sua dispersão.
De acordo com o pesquisador do Fundecitrus Marcelo Miranda, mudanças no comportamento do clima em 2020 anteciparam a alta população do psilídeo. “Os picos populacionais geralmente ocorrem em agosto, setembro e outubro, mas estamos observando alta população do inseto desde junho porque o mês teve volume de chuvas bem acima da média registrada em junho de 2019 [+155%] e temperaturas elevadas, o que provocou a antecipação das brotações”, explica.
A recomendação é que os citricultores fiquem atentos ao surgimento de brotações para que, nesses momentos, intensifiquem o controle do psilídeo, independente da época do ano, adaptando, sempre que necessário, o calendário pré-estabelecido de aplicações a esses períodos críticos.
“É fundamental manter o controle rigoroso para proteção dos pomares mesmo durante a pandemia, para evitar que os insetos contaminem novas plantas, o que poderia resultar em um aumento do greening no próximo ano”, diz o engenheiro agrônomo do Fundecitrus Ivaldo Sala.
Segundo levantamento do Fundecitrus, o greening atinge 20,87% das laranjeiras do cinturão citrícola. A doença é considerada a mais destrutiva da citricultura mundial e não tem cura, porém desde que foi identificada no Brasil, há 16 anos, o manejo foi aprimorado e muitas informações e mecanismos estão disponíveis para aumentar a efetividade do controle.
Um desses mecanismos é o Alerta Fitossanitário do Fundecitrus, do qual fazem parte as armadilhas que monitoram a presença do psilídeo. A ferramenta, gratuita, identifica o aumento populacional do inseto e também a presença de brotações e emite alertas aos produtores para que realizem a proteção conjunta dos pomares de uma mesma região, aumentando a efetividade. Ainda dentro das fazendas, pesquisas da instituição mostraram que a maior parte dos psilídeos é capturada nos primeiros 100 metros a partir da divisa, locais onde o controle deve ser mais frequente.
Como a maioria dos psilídeos chega aos pomares comerciais vindos de fora das
fazendas, o controle externo é importante e, em propriedades que o associaram ao controle interno rigoroso, é possível verificar diminuição da captura de insetos e redução da incidência de greening. A estratégia consiste em substituir as plantas de citros e também murtas no entorno das propriedades, em locais como quintais e chácaras, por outras espécies frutíferas e ornamentais, que não são atrativas ao psilídeo.