Acompanhado pelo Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), há cerca de uma década o pequeno produtor Manoel Neto começou a investir em novas culturas em sua propriedade no município de Águas Lindas de Goiás, na região do Entorno do Distrito Federal. Desde o ano passado, o agricultor tem utilizado parte da área para o cultivo de alho e, nesta safra, espera colher aproximadamente 12 toneladas da planta.
De acordo com Manoel, que também é presidente da Associação dos Produtores Rurais de Águas Lindas (Asppral), a atividade tem sido viável, registrando um ótimo custo-benefício. Em 2019, quando experimentou produzir alho pela primeira vez com o intuito de realizar um teste, os resultados foram tão positivos que o fizeram repetir a empreitada. “Depois de me falarem que minha terra era boa para alho, resolvi plantar 180 quilos de semente e colhi 2200 quilos de alho”, recorda. Neste ano, ampliou a produção, cultivando em uma extensão de 1,5 hectare, com expectativa de retirar, durante as próximas semanas, de oito a dez toneladas da planta por hectare.
A Emater, que já está presente na vida do agricultor há alguns anos prestando assistência técnica nos segmentos de bovinocultura de leite, piscicultura e cultivo de milho e mandioca, entra agora em cena para orientá-lo quanto às diretrizes específicas para essa novidade. Segundo o engenheiro agrônomo e técnico local da Agência, Daniel Pereira, já foi realizada visita para acompanhar a colheita e procedimentos como análise e preparo de solo, adubação adequada e formas de plantio apropriadas para melhorar o rendimento da produção.
“Eu propus para o produtor que para a próxima safra nós façamos uma análise de solo bem feita, para calcular a quantidade de calcário que será utilizada no cultivo do alho. Vamos acompanhar o cultivo, a adubação e o manejo”, explica o profissional. Além disso, a Emater está oferecendo assessoria para a elaboração de um projeto para acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para que seja financiada a aquisição de equipamentos como plantadeira, encanteirador e uma carreta agrícola. O objetivo é otimizar os rendimentos e simplificar a mão-de-obra.
Para Daniel, mesmo com a queda no preço, o alho é uma alternativa interessante para a agricultura familiar. “É outra fonte de renda. O agricultor familiar hoje se apega muito ao milho, feijão, criação de galinhas e criação de gado, em bovinocultura de leite ou de corte. Mas o alho não é uma cultura difícil. É preciso apenas se atentar à época certa de plantio, manejo e adubação correta, e sempre procurar o serviço de assistência técnica”, salienta.
“A assistência técnica da Emater é importante porque a gente pode produzir sabendo que não irá ter transtornos na lavoura. Na hora de fazer a análise de solo, por exemplo, o técnico coloca a quantidade exata de nutrientes na terra, para não sobrar, nem faltar, e se tiver pragas, ele orienta sobre como combatê-las”, acrescenta Manoel. O pequeno produtor, que vivencia a lida diária no campo desde os cinco anos de idade, não dispensa a ajuda de um profissional, apesar de sua experiência. “É importante termos o auxílio de um agrônomo, que estudou anos sobre aquilo, mesmo que a assistência não seja tão frequente quanto gostaríamos. Sei que Daniel se desdobra para nos atender o máximo possível, mas são muitos produtores para ele atender, sabemos dessa realidade.”
Goiás é destaque nacional
O Estado de Goiás é o segundo maior produtor de alho do país. A informação consta na Radiografia do Agro, publicada neste ano pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Conforme o levantamento, a produção em terras goianas está em 30.865 toneladas, em uma área plantada de 2.480 hectares. São 69 o número de estabelecimentos produtores, distribuídos em cinco municípios, sendo os três com maior volume produtivo Cristalina, Água Fria de Goiás e Campo Alegre de Goiás. Ainda de acordo com a publicação, as importações de alho goiano movimentaram mais de 225 mil dólares em 2019.
Base de tempero para muitos alimentos consumidos diariamente, o mercado para o alho é garantido. O agricultor familiar Manoel Neto já comercializou metade do volume obtido antes mesmo de finalizar a colheita. A primeira parte foi vendida in natura, a R$ 7 o quilo, para Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal. Já na segunda remessa o produtor pretende, com o auxílio da Emater, obter acesso aos programas públicos, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Com comércio certo, o alho é uma cultura lucrativa, principalmente para aqueles que tiverem mercado comprador assegurado na região. A planta se adapta a diferentes condições climáticas, dispondo de variedades para cultivo em diferentes regiões do Brasil. O custo de produção é baixo e o alho pode ser plantado em áreas pequenas, como sítios, chácaras, hortas comunitárias e até fundo de quintal, o que o torna uma alternativa acessível para agricultores de pequeno e médio porte.