O bem-estar dos suíno em crescimento é um dos pontos-chave a ser levado em consideração na granja quando o assunto é redução do uso de antibióticos. Antoni Dalmau Bueno, responsável por estudos de bem-estar e comportamento animal no Instituto de Pesquisa e Tecnologia em Agroalimentação e Pesquisa em Ciência Animal (IRTA), na Espanha, disse que “a única maneira de reduzir os antibióticos no plantel é combater os fatores que prejudicam o sistema imunológico dos suínos – entre os quais a resposta ao estresse é o principal. Isso acontece porque as condições de estresse exigem muita energia do animal em crescimento, ficando assim com menor disponibilidade para outras funções importantes, como o bom funcionamento da imunidade”.
A discussão sobre a retirada de antibióticos precisa ser abrangente e levar em consideração a biologia da espécie suína e a forma como os mesmos se comportam, incluindo a competição entre os animais e até a organização das instalações. “No caso de suínos, a estratégia precisa incluir ações antipredatórias entre os animais, que resultam em graves lesões. A densidade da granja precisa ser levada em consideração para que não haja competição por recursos, como alimento e água, que também devem estar sempre disponíveis. Os suínos não podem ser mantidos isolados, pois uma de suas características inatas é a necessidade de interação”, detalha o especialista.
A curto prazo, o estresse provoca vários sintomas, como frequência cardíaca elevada, respiração acelerada e tensão muscular. Dalmau destaca que quando não tratados corretamente os danos podem ser permanentes, levando a problemas cardíacos como a hipertensão, úlceras gástricas, imunossupressão e falhas reprodutivas.
Segundo ele, acertar o conjunto de fatores que provocam estresse e tomar medidas para diminuir o seu impacto contribui de forma significativa para a produção de suínos com sucesso. “Uma oportunidade de melhoria que identificamos nas granjas é estimular o comportamento exploratório dos suínos. É importante que eles tenham uma área para atividade, assim como espaço para descansar, se alimentar e para necessidades fisiológicas. Quanto maior o bem-estar animal menos complexa e difícil será a redução de antimicrobianos na cadeia produtiva”, completa.