A busca por melhora reprodutiva é um tema importante a ser discutido dentro do sistema de operação de cria. Não se trata somente da técnica que será utilizada, mas também, a relação de outros fatores que contribuirão para que o resultado final seja alcançado: o desmame de um bezerro pesado e mais eficiente. Dentre estes fatores, podemos destacar a sanidade do rebanho e uma boa nutrição, garantindo que a fêmea entre em boa condição corporal na estação de parição e, essa boa condição se mantenha até a estação de monta.
“Com esses cuidados levados em conta, aspectos genéticos do rebanho são mais facilmente aproveitados, assim como nos permite a utilização de tecnologias para otimizar a eficiência reprodutiva do rebanho durante o manejo da IATF”, conta Bruno Cappellozza, Gerente de P&D da Nutricorp. Partindo do princípio de que animais que emprenham mais cedo tem o parto antecipado na estação de parição e, por consequência, impactarão positivamente o sistema. “O resultado disso são bezerros mais pesados e, consequentemente, um retorno financeiro maior para a operação de cria”, explica.
E, para que a prenhez seja otimizada, alguns estudos demonstraram que animais que parem com um melhor escore de condição corporal (ECC; 1 a 5, sendo 1 = excessivamente magra e 5 = excessivamente obesa) apresentam melhores desempenhos reprodutivos na estação de monta subsequente. Mas, é importante salientar que apesar do ECC ser uma avaliação subjetiva, é uma métrica utilizada por grande parte das fazendas no Brasil e que se correlaciona com a função reprodutiva do rebanho, independentemente da categoria animal.
Um segundo ponto interessante de ser observado é também em relação ao que acontece com o ECC no intervalo entre a parição e a estação de monta. “Em um recente trabalho conduzido por Carvalho, foi demonstrado que vacas, independentemente da categoria, que apresentam um ECC ≥ 3,0 ao parto tiveram uma maior taxa de prenhez à IATF vs. animais com ECC ≤ 2,75 ao parto. Além disso, dentro das categorias de parição, foi avaliada a mudança de ECC entre o parto e o início da estação.
Primíparas e secundíparas que pariram com ECC ≥ 3,0 e pelo menos mantiveram esse ECC apresentaram maiores taxas de prenhez à IATF vs. animais que pariram com ECC ≥ 3,0 e perderam ECC entre a parição e o início da estação de monta (55,8 vs. 39,3% para primíparas e 68,4 vs. 55,4% para secundíparas), demonstrando a sensibilidade dessas categorias em quaisquer alterações nutricionais e o subsequente efeito na função reprodutiva do rebanho”, explica Bruno. Dessa forma, entende-se que para a obtenção de um maior sucesso na EM, o setor de cria deve se preocupar em ter animais que vão parir com um ECC ≥ 3,0 e, garantir que elas entrem na próxima EM com o mesmo ECC do parto.
“É importante lembrarmos que animais que passam fome durante a prenhez e/ou no pós-parto não apresentarão um desempenho reprodutivo adequado. Por isso, o ‘arroz com feijão’ no plano nutricional deve ser feito para garantir um bom resultado do rebanho”, orienta Cappellozza. A partir do momento em que o “arroz com feijão” está feito, existem tecnologias que podem ajudar o produtor a melhorar os seus índices reprodutivos, tais como a suplementação com ácidos graxos essenciais (AGE). “Ácidos graxos essenciais são compostos que o organismo do animal não é capaz de produzir e, por isso, o único jeito de fazer com que os animais os obtenham é através do fornecimento na dieta. Esses compostos são extremamente importantes para diversas sistemas, tais como imunidade, reprodução e função celular”, explica Bruno.
“Mais especificamente no ciclo reprodutivo de fêmeas bovinas de corte, diversos estudos na literatura demonstraram que a suplementação com AGE protegidos da degradação ruminal (sais cálcicos de ácidos graxos de óleo de soja; SCAG) na dose de 100 gr/cabeça dia do início do protocolo de IATF até o diagnóstico de gestação resultou em aumentos expressivos nas taxas de prenhez do rebanho”.
Segundo Bruno, em estudos subsequentes, os pesquisadores acabaram fornecendo suplementos com o mesmo teor energético, mas de uma outra fonte, a de AG saturados (AGS; SCAG de óleo de palma), sendo o diferencial apenas o perfil de AG dos suplementos (saturado na palma vs. poli-insaturados no SCAG de óleo de soja). Nestes estudos (Lopes et al., 2009; 2011; Brandão et al., 2018), a melhoria no desempenho reprodutivo com a suplementação de SCAG de óleo de soja se manteve, demonstrando que o perfil do AG é o fator benéfico para o desempenho reprodutivo do rebanho.