Quando se fala de genética, os temas mais comuns dizem respeito ao aumento da produtividade – e, portanto, da rentabilidade – nos rebanhos de corte e de leite. E, realmente, esses benefícios são indiscutivelmente uma marca das tecnologias genéticas, e constituem um grande motivo para se investir em ferramentas como a inseminação artificial, por exemplo.
Porém, as vantagens da genética vão ainda mais além do expressivo aumento da capacidade produtiva. Com a eficiência trazida pelo melhoramento genético, o produtor também é capaz de obter uma importante redução de custos na propriedade. Essa economia pode se manifestar de diversas formas, dependendo do sistema produtivo e das tecnologias utilizadas, bem como as características que servem de base para a seleção dos touros.
“Entre os fatores que representam reduções significativas das despesas das fazendas, podemos salientar a longevidade das vacas, a eliminação de certos gastos relacionados às doenças enfrentadas pelo gado, como o uso menos frequente de medicamentos, bem como o aumento da precocidade dos animais, que permite, essencialmente, que um touro ou uma vaca comecem a contribuir mais cedo para a produção pecuária”, enfatiza o diretor geral da ABS Brasil, Marcio Nery.
Tanto a carne quanto o leite apresentam as suas próprias potencialidades para a redução de custos nos rebanhos. Em propriedades de corte, por exemplo, um dos principais elementos que viabiliza cortes nas despesas cotidianas é a eficiência alimentar.
A eficiência alimentar está diretamente ligada à redução do consumo de alimento, que impacta na economia de alimentação, em relação ao pasto e sistemas mais intensivos, como o semiconfinamento e o confinamento. Quando se utiliza uma genética que carrega esse potencial, as diferenças nos gastos são notáveis.
É simples: quanto menos alimento um touro precisar consumir para atingir o ganho de peso desejado, menos o produtor terá que gastar com esse alimento. Isso, sem levar em consideração que o animal que alcança essa meta mais cedo oferece um retorno mais rápido para a fazenda, reduzindo gastos referentes a cada dia que ele passaria na fase de engorda.
Para o leite, o princípio é o mesmo – a redução de custos com base na eficiência superior, decorrente do melhoramento genético. Graças à tecnologia e às informações validadas por meio da comprovação do genótipo e fenótipo, o produtor consegue construir uma genética que ‘salva dinheiro’, investindo, por exemplo, nas características de saúde disponíveis nas provas americanas. Somando isso ao manejo que os clientes praticam, o resultado é o aumento das receitas e a redução dos gastos com vacas em aberto e medicamentos e doenças como a mastite.
Quem aposta na genética já conhece esses benefícios de perto. É o caso do produtor Daniel José Bernardes, da Fazenda Olhos D’Água, localizada no município de Tiros (MG).
Desde 2014, Daniel desenvolve na sua propriedade, que abriga um rebanho Holandês, um projeto de planejamento pensado para a produção leiteira, focado, principalmente, na obtenção de vacas de ampla capacidade produtiva e longevidade. A estratégia baseia-se no uso da genômica para avaliar os animais, ajudando a decidir quais doadoras são multiplicadas e quais acasalamentos realizar.
“Além da produtividade leiteira, que é o foco principal da seleção, também fazemos questão de utilizar animais com excelente desempenho em saúde e ótimos resultados reprodutivos. Um animal que emprenha mais cedo e com mais facilidade significa a necessidade de menos doses de sêmen e um retorno mais rápido do investimento, o que resulta, na prática, em menores despesas”, avalia o produtor.