As lesões nos cascos estão entre os principais fatores de descarte das vacas leiteiras de maneira prematura. O problema é maior do que se pensa: os variados tipos e graus de lesões apresentam incidência de 15% a 50% dos planteis. Estudo da UC Davis, nos Estados Unidos, mostra que os prejuízos superam US$ 300 por caso em produção, reprodução e longevidade dos animais. Rafael Cardenas, assistente técnico da Auster Nutrição Animal, relata que “as lesões podem variar entre úlcera de sola, hematoma de sola, doença da linha branca, abscesso de sola, erosão de talão, podridão de casco e laminite, tendo como as principais causas fatores mecânicos ou nutricionais”.
Cardenas explica que as lesões de causas mecânicas costumam ocorrer nas patas traseiras devido ao crescimento das pinças externas pelo próprio andar do gado leiteiro, “o que gera instabilidade na distribuição de peso e desenvolvimento excessivo e danos à sola dos cascos”. Nesses casos, ele diz, o casqueamento preventivo anual das vacas pode corrigir o problema. “Já as questões nutricionais ocasionam, principalmente, laminites. Isso ocorre quando as vacas são submetidas a longos períodos de acidose ruminal subclínica, ou seja, têm o seu pH diminuído por bastante tempo com consequente diminuição da digestibilidade de fibras, liberando substâncias que reduzem o suporte de nutrientes às células do casco, mitigando a produção normal do tecido”.
Segundo o técnico, as lesões podais são mais frequentes no período pós-parto, podendo “estar relacionadas às mudanças alimentares abruptas no período de transição, que passa de dieta com baixos teores de carboidratos fermentáveis e altos níveis de fibras, enquanto não lactante, para dieta com altos níveis de carboidratos fermentáveis e baixos níveis de fibras após o parto e o início da produção do leite”. A mudança alimentar súbita pode gerar distúrbios metabólicos, como a acidose ruminal, favorecendo o aparecimento de problemas mais graves e o consequente descarte desses animais.
Rafael Cardenas destaca que a ingestão de dieta rica em fibras ajuda a equilibrar o pH do rúmen, além de melhorar o metabolismo. “É importante também que a dieta do gado leiteiro seja rica em sódio e potássio, ajudando o tamponamento sanguíneo e melhorando a incidência das lesões podais. Para controlar o equilíbrio entre ácido-base do organismo desses animais, podem ser utilizados, ainda, algas, bicarbonato de sódio, carbonato de potássio, leveduras vivas e óxido de magnésio”, detalha.
Além disso, é importante que a alimentação do gado leiteiro tenha o correto balanceamento de vitaminas e minerais, de maneira a prevenir problemas nos cascos. Zinco, cobre e manganês são nutrientes comprovadamente importantes para a manutenção da integridade dos tecidos epiteliais e conjuntivos, bem como redução de incidência de lesões podais. A biotina, vitamina do complexo B, participa da formação de colágeno, e a proteína queratina também ajuda na composição dos cascos.