Quando o pasto começa a secar, o pecuarista precisa ter a estratégia já traçada para driblar o baixo ganho de peso do gado e, em alguns casos mais críticos, até a perda de peso. Na seca, a pastagem tem pouca massa, sua proteína bruta fica próxima a 5% e a quantidade de fibras de baixa qualidade aumenta. Com a digestibilidade baixa, o consumo também fica limitado.
Segundo João Benatti, gerente de produtos Ruminantes da Trouw Nutrition, o corpo do bovino começa a se preparar para a escassez de alimentos. “Devido a essa condição, todos os órgãos do animal se adequam para economia de energia. O fígado, por exemplo, um dos principais órgãos responsáveis pela transformação dos produtos da digestão, reduz de tamanho. Nesse cenário, o confinamento surge como uma alternativa eficiente para garantir maior disponibilidade de alimentos com alto valor nutricional”, explica o especialista.
No entanto, a mudança de ambiente (do pasto para o confinamento) deve ser acompanhada de perto, já que os animais estarão em um lugar que não conhecem, e em espaço muito menor do que foram acostumados. A comida também não é a habitual e brigas por liderança podem acontecer.
“A energia da nova nutrição oferecida no confinamento é diferente da obtida no pasto. Agora, ela fermenta rapidamente. O rúmem produz mais ácidos e, se o pH ficar baixo por algumas horas, acontece o que chamamos de acidose ruminal. Subclínica ou clínica, esta doença traz muitos prejuízos, pois os animais passam a consumir menos e seu ganho esperado cai, podendo causar até refugo de cocho”, alerta.
Ele cita outro desafio nesse período inicial do confinamento: a sobrecarga do fígado, que não está adaptado para metabolizar tudo o que precisa. O consumo também é menor devido à acidose metabólica, que não apresenta sinais clínicos, mas leva o animal a ganhar menos peso. “O boi, que anteriormente consumia em torno de 1,8% do seu peso corporal, com dieta com 5% de proteína bruta e pouca energia, passa a consumir por volta de 2,3% do seu peso corporal, com dieta com até 14% de proteína e alta quantidade de energia. A energia é diferente da que está acostumado”.
Para ajudar os bovinos a superar esse desafio, é necessário adicionar aditivos à dieta, como monensina e tamponantes. “Precisamos entender que o confinamento é estressante para o animal. O estresse reduz a imunidade e pode aumentar os quadros de doenças”, explica.
A estratégia de alimentação em confinamento deve focar em aumentar o consumo de matéria seca de animais, evitando problemas metabólicos, fortalecendo o sistema imunológico e proporcionando maior ganho de peso. “Algumas vitaminas do Complexo B são importantes cofatores enzimáticos, pois auxiliam o metabolismo do fígado, acelerando as reações que ocorrem nesse órgão. Com isso, ajudam a reduzir o quadro de acidose metabólica. É importante reforçar o desafio do confinamento para os bovinos. Assim, eles precisam de ingredientes para superar as adversidades nutricionais e de manejo para oferecer o que os pecuaristas desejam: rápido ganho de peso”, complementa Benatti.